Marcos Valério muda versão e diz que PT de Sergipe não recebeu verba

O PT de Sergipe não recebeu dinheiro de Caixa 2. Pelo menos esta foi a afirmação feita pelo ex-empresário Marcos Valério, hoje pela manhã, em entrevista ao programa “Fala Sergipe”, da rádio Atalaia AM. Diante da polêmica causada por uma declaração que concedeu ao jornal Tribuna da Imprensa, onde ele dizia que mandou dinheiro dos empréstimos para Sergipe, Valério disse que pode ter se enganado.

“Eu acho que eu posso ter me equivocado, porque eu não conheço a pessoa. Uma outra pessoa já me informou ao vivo quem era, mas eu não sei, nem posso afirmar quem é essa pessoa. A única coisa que eu posso falar é o que está na lista (entregue à CPI dos Correios). O que está lá é a pura verdade. Eu coloquei PT e embaixo Nordeste, eu tenho que ser fiel à lista”, declarou Valério.

O apresentador do programa, vereador Fábio Henrique (PDT), chegou a questionar o ex-empresário se a pessoa a qual ele se referia era “Carlão”, dirigente do PT de Alagoas. Contudo, Valério não soube precisar o Estado e alegou que não estava com a lista em suas mãos para confirmar a informação. Sobre a confusão, ele disse mais uma vez que não saberia explicar porque ela ocorreu. “Foi uma confusão que eu ou o repórter pode ter feito. Então, ao vivo, eu falo que o que está na lista é a pura verdade e não existirá outras listas, é aquela lista”, disse o ex-empresário.

Questionado se conhecia Marcelo Déda ou José Eduardo Dutra e se alguma vez Delúbio Soares, ex-tesoureiro do PT, havia lhe dito que precisava repassar dinheiro para os dois, Valério foi categórico. “Não conheço Déda e também não conheço José Eduardo Dutra. Não foi-me pedido para passar dinheiro para eles. Tudo o que Delúbio me pediu para fazer está naquela lista”, esclareceu Valério.

DESABAFO – Marcos Valério aproveitou a oportunidade e desabafou. Disse que perdeu todos os seus contratos com empresas Federais e os com a iniciatica provada. “Fui empresário. Tive duas empresas uma com 25 e outra com 23 anos. Atravessei vários governos e partidos políticos fazendo propaganda e hoje sou um ex-empresário, por culpa única e exclusivamente minha. Tive uma posição errada ao tomar alguns empréstimos na iniciativa privada e emprestar a um partido político”, disse Valério.

Sobre a atual situação que tem vivido, o ex-empresário declarou que está enfrentado um momento difícil. “Primeiro, que eu vivo cercado de advogados e rodeados de pessoas para dar as devidas explicações e comprovações. A população me reconhece: algumas pessoas são grosseiras, outras são amáveis, faz parte do dia a dia da vida. Não posso viajar de avião, pois é muito desagradável você ser palco de todos os olhares e comentários. É realmente uma vida complicada. Hoje eu vivo da poupança que eu fiz e estou vendendo alguns bens para proceder a pagamentos de advogados”, contou o ex-empresário.

Em relação ao motivo da reação adversa de algumas pessoas, ele acredita que isto está acontecendo em função da forma como a imprensa vem colocando os fatos e da falta de informações a respeito de como as coisas realmente aconteceram. A respeito das conseqüências de todas essas denúncias, Valério declara que “no fim das contas quem vai ser punido depois disso tudo é o empresário. O empresário vai ter que pagar os bancos a partir de agora. E eu vou ter que cobrar do PT, num possesso judicial muito difícil, que eu já iniciei. Na verdade, a corda arrebenta do lado mais fraco e está estourando em Marcos Valério”, desabafou o ex-empresário.

CPI E MENSALÃO – Marcos Valério comentou ainda sobre a CPI e sobre as denúncias de que o dinheiro dos empréstimos teria sido usado para o pagamento de “mensalão”. “Eu não tenho nada a acrescentar do que eu já disse. Na primeira vez que me apresentei à CPI dos Correios, esperava que o PT se pronunciasse antes de eu ir depor porque os empréstimos eram dele”, comentou.

A respeito do envolvimento do presidente Luiz Inácio ‘Lula’ da Silva, Valério isentou-o de qualquer participação no esquema. “O presidente não sabia desses empréstimos. Quem sabia era a cúpula toda do PT e o Delúbio me avisou que o ministro José Dirceu. Eu acredito que o presidente não sabia, da mesma forma que não acredito que o dinheiro dos repasses nunca foi pro “mensalão”. E isso porque se você multiplicar o número de deputados das bancadas por R$ 30.000 vai dar um número alto para ser pago por mês”, explicou Valério.

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