Mesmo com ato em prol de Cristian Góes não houve acordo

Ato na frente dos Fóruns Integrados (Fotos: Portal Infonet)

Jornalistas, parlamentares, estudantes, trabalhadores e líderes sindicais participaram de um ato organizado pela Central Única dos Trabalhadores (CUT), manifestando apoio ao jornalista Cristian Góes, que foi processado pelo desembargador do Tribunal de Justiça de Sergipe, Édson Ulisses Melo, após a publicação de um texto de autoria do jornalista, em que o magistrado entendeu ter sido dirigido a sua pessoa.

Ao chegar aos Fóruns Integrados no Distrito Industrial de Aracaju (DIA) para uma audiência de conciliação, o jornalista falou da expectativa do resultado. “Ele vai perceber que o texto é em primeira pessoa, ficcional, sem citar nomes, sem citar lugar, tempo, características, função pública. Acho que ele foi mal orientado e acredito sinceramente que vai repensar e rever esse processo todo”, ressalta Cristian Goes referindo-se ao desembargador Édson Ulisses autor do processo por injúria e difamação.

Líderes sindicais afixando as faixas

Segundo o advogado do jornalista, Rodrigo Machado, o texto escrito por Cristian Goés é de ficção e não cita nomes. “O Cristian escreveu dentro do contexto de criação, não tem contexto histórico, territorial, não é direcionado nem ao desembargador. É um texto escrito apenas dentro da ficcção e criatividade do autor e do escritor”, entende.
“Hoje o nosso papel aqui nessa audiência preliminar é apenas explicitar isso e buscar uma conciliação para ver se o autor retira a ação judicial e a partir daí a gente segue garantindo a liberdade de expressão.

Processo

Jornalista é acolhido na chegada

O advogado disse ainda que trata-se de um processo criminal. “Dentro dessa audiência, vai ser feita uma análise se há alguma possibilidade de acordo, de uma composição civil, não sendo feito o acordo, ai o processo poderá ter seguimento ou não a depender do entendimento do Ministério Público”, informa.

“A transação penal não tem como a gente aceitar porque de fato fica verificado que não há qualquer possibilidade do acusado reconhecer qualquer prática ilícita que ele de fato não cometeu, pois é um texto fictício criado dentro de uma elaboração que não tem nenhum direcionamento a pessoa, lugar, governo”, adianta Rodrigo Machado.

“Parafraseado Monteiro Lobato, nunca uma bala vai conseguir matar uma ideia, se uma bala não consegue, uma ação judicial também não. Cristian vai continuar escrevendo e demonstrando a sensibilidade que ele tem para o mundo”, enfatiza.

Cut e Sindijor

Cristian Góes ao lado da presidente do Sindijor, Carol Rejane

E com a sindicalista Ivônia Ferreira

O presidente da Cut, Rubens Marques, lamentou que a liberdade de expressão esteja sendo afetada. “A solidariedade é ao jornalista Cristian Goes, mas se estende ao direito da liberdade de imprensa. A decisão do desembargador Édson Ulisses macula o Judiciário, que já não é bem visto, deveria estar mais perto do povo e agora tenta calar a boca da imprensa. Eu defendo que os desembargadores sejam escolhidos por concurso, por referendo popular, pois só a meritrocracia não resolve”, diz.

“Nós estamos nos solidarizando ao companheiro Cristian Goes, mas não só por ele, por todos os profissionais da área de Comunicação. A gente sabe que Cristian não foi a única vítima de um processo como esse, o diferencial é que ele não ficou calado. A liberdade de expressão precisa ser garantida. Esse tipo de processo é muito perigoso porque pode voltar à época da ditadura”, lamenta a presidente do Sindicato dos Jornalistas de Sergipe (Sindijor), Caroline Rejane Santos.

Sem acordo

Após a audiência, Cristian Góes lamentou a falta de bom senso. “O desembargador não quis a conciliação, disse que eu o chamei de jagunço e que chamei a esposa dele, que irmã do governador Marcelo Déda, de feia. Eu nunca citei isso nos meus textos. Depois ele começou a chorar e a juíza Brígida Declec pediu água para que se acalmasse. Meu advogado disse que eu podia publicar um texto citando que o anterior não se referia a Édson Ulisses, mas ele disse que não faria acordo em hipótese nenhuma e a juíza passou para a promotora Alana Costa que sugeriu que eu aceitasse a transação penal assumindo a culpa, o que resultaria na prestação de serviços e pagamento de multa, mas não vou assumir um crime que não cometi”, afirma.

Dudu Marques: "Em prol da liberdade de imprensa"

Édson Ulisses entrando nos Fóruns Integrados para a audiência

“Fiquei surpreso porque mesmo tendo um prazo para oferecer a denúncia, a promotora tirou já pronta da bolsa. Ele apresentou três testemunhas: o conselheiro do TCE, Clóvis Silveira, o juiz de Itaporanga D’Ajuda e o advogado Emmanuel Cacho e mais uma surpresa, os três são as mesmas testemunhas do MPE”, lamenta.

O Portal Infonet tentou ouvir o desembargador Édson Ulisses na chegada dos Fóruns Integrados, mas ele não quis falar e na Assessoria de Comunicação do Tribunal de Justiça, a informação é de que ele só vai se pronunciar em juízo. O Portal Infonet continua a disposição do desembargador para quaisquer esclarecimentos pelo telefone (79) 2106-8000 ou pelo e-mail jornalismo@infonet.com.br.

Por Aldaci de Souza

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