Moradores do 17 de Março promovem ato em frente à Câmara
Faixas e palavras de ordem chamaram a atenção dos presentes (Fotos: Portal Infonet)
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Cerca de 150 ocupantes do bairro 17 de Março se reuniram em frente à Câmara de Vereadores de Aracaju para solicitar à tribuna um espaço para exposição de suas reivindicações. Após pressão dos manifestantes, os parlamentares decidiram formar uma comissão para visitar o local antes do dia 21, data fixada para a reintegração de posse. Os moradores afirmam que darão continuidade aos protestos, e que permanecerão na área ocupada.
De acordo com a líder Cristiane Aparecida de Jesus, a Cida, os vereadores não concordaram com a participação de um representante do movimento na sessão. “Eles preferiram ir até lá para ver nossa situação de perto, mas nenhuma data foi acordada. Queremos conversar com os vereadores para deixá-los em alerta, por que não vamos sair do 17 de Março de jeito nenhum. É vitória ou vitória”, declara. Do lado de fora da Câmara, o protesto principiou um engarrafamento nos arredores da praça Olímpio Campos. Os manifestantes levantaram faixas e palavras de ordem para chamar a atenção dos parlamentares.
Cida lembra o ato que ocorreu na última quarta-feira, 13, onde os manifestantes protocolaram um documento na sede da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB/SE) para solicitar o cumprimento do artigo 6º da Constituição Federal. “Temos direito a moradia, saneamento básico, saúde, educação. E nossas ações são em defesa do bairro 17 de Março, para cobrar esses direitos, que são fundamentais”, relata.
Os moradores foram recebidos por Emanuel Nascimento (PT), que propôs a discussão na tribuna. Em conversa com os manifestantes, o Pastor Roberto (PR) se prontificou diante dos presentes a visitar o local na próxima sexta-feira, 14. Iran Barbosa (PT) destacou em sua fala que “a reivindicação é justa”, e que um espaço deveria ser aberto aos manifestantes. O vereador Valdir Santos (PT do B) propôs que a Prefeitura de Aracaju realizasse um cadastramento das famílias, inserindo-as em programas socias para que sejam contempladas com moradias.
Segundo Antônio Carlos, integrante do movimento, outras entidades estão em parceria com os moradores do 17 de Março. “Até o dia 21 será um período de luta, e não vamos desistir de defender nossas casas. O Não Pago, o [Movimento Organizado dos Trabalhadores Urbanos] Motu e o [Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra] MST já se mostraram solidários, e estão nos apoiando”, diz.
Segundo os manifestantes, a condição dos moradores tem se agravado com as constantes ameaças de desocupação. “Tenho um filho doente e trabalho como ambulante. Ele precisa tomar uma medicação todos os dias, que custa R$ 200. Ou pago o aluguel, ou compro o remédio. Por isso, não posso sair de lá do 17. Já tentei conseguir o medicamento de outra forma, pelo serviço público, mas até agora nada. Todo dia eu fico mais preocupada, por que se eu sair dessa casa perco tudo”, lamenta Mônica Azevedo, participante do ato.
Por Nayara Arêdes e Aisla Vasconcelos