“Musicalidade”, por Rubens Lisboa
L A N Ç A M E N T O Cantora: FERNANDA PORTO CD: “GIRAMUNDO” Gravadora: TRAMA É como eu costumo dizer: mais dia, menos dia, todo mundo termina mesmo é fazendo MPB (até rimou!!!). O fato é que a compositora e cantora Fernanda Porto, incensada pela crítica e bem recebida pelo público (quando surgiu, em 2002, munida de um CD do qual constavam os hits “Sambassim” e “Só Tinha De Ser Com Você”) como a diva da música eletrônica nacional e a rainha do drum’n’bass tupiniquim, já no seu segundo trabalho, o recém lançado “Giramundo”, quase que abandona totalmente o estilo que a alçou às paradas de sucesso e flerta escancaradamente com os nossos mais genuínos ritmos. Claro que faz isso revestindo as canções de programações moderninhas mas, esperta, sabendo que a continuação por aquele caminho já não seria mais novidade, abraça de vez uma forma menos poluída de mostrar o seu som. Fernanda é boa compositora, canta muito bem e é multi-instrumentista (além de realizar ela própria todas as programações de seu disco, ainda toca violão, guitarra, piano e sax). Embora haja ecos do trabalho que a baiana Daniela Mercury quer desenvolver a nível de carreira internacional, bem como da própria na voz de Fernanda, nada disso compromete um trabalho que conta, em algumas faixas, com a participação especial sempre bem-vinda de César Camargo Mariano nos teclados. A variação rítmica é a tona do CD, o que se constata através de músicas que envolvem reggae (“De Graça”), samba-funk (“Bola”) e pseudo-blues (“Outra Margem do Rio”). A única faixa do disco onde o drum’n’bass (que abundava no trabalho de estréia) predomina é a releitura do clássico “Roda Viva” que conta com Chico Buarque nos vocais. Foi uma escolha equivocada e o resultado soa pífio. Há boas parcerias com Arnaldo Antunes (“Pensamento 4”) e com Chacal (“Mundo Cane”), porém os melhores momentos do CD ficam com a calminha e reflexiva “Bicho do Mato”, com o rock “Assalto” e com o samba-frevo “Ninguém Manda”. Chegando a causar estranheza, uma vez que a gravadora Trama sempre costuma caprichar no visual da capa e dos encartes dos CDs que lança, o trabalho gráfico do disco de Fernanda é medonho: pouco criativo , óbvio e visualmente cansativo. No geral, todavia, vale a pena conhecer o novo trabalho da artista porque, se não é este uma obra-prima, denota claramente dois aspectos de fundamental importância: primeiro, o seu desejo de mudar (ou de ousar, se assim preferirem); segundo, que (incontestavelmente) ela possui talento e poderá vir a nos proporcionar, num futuro próximo, muitos bons momentos de música de qualidade! N O V I D A D E S Enquanto colhe os louros pela boa recepção do seu primeiro CD solo, à venda na CD Clube Locadora e na Casa do Artista, o compositor e cantor Alex Sant’anna já comemora também a inclusão de uma música de sua autoria no segundo CD que Marco Vilane atualmente grava e que deverá sair dentro em breve. A canção se intitula “O Sim” e certamente será um dos destaques do disco. Enfim, uma boa notícia para a cultura sergipana! O cantor e compositor Paulo Lobo assumiu, semana passada, a Coordenação de Difusão e Intercâmbio Cultural da Funcaju. É assim que tem de ser porque só quem realmente pode fazer cultura é quem dela entende. Tomara que o exemplo possa ser seguido por outros órgãos já que temos muitos nomes que podem ajudar a fomentar as artes em nosso Estado. “Musicalidade” deseja boa sorte ao novo coordenador e que ele possa desenvolver um trabalho à altura de seu talento e das necessidades e anseios de seus colegas! As dez faixas do CD “Adriana Partimpim”, no qual Adriana Calcanhotto mergulhou no universo infantil, sucesso de vendas no Brasil e, sobretudo, em Portugal, receberão animações em vídeo a fim de darem origem a um DVD a ser lançado em 2005 pela BMG. Em tempo: a cantora gaúcha já está compondo para o seu próximo disco de inéditas que já se faz aguardado com curiosidade! A sorte é que o cara tem um público considerável e fiel, mas embora não se discuta o fato de ser ele um bom compositor e dono de uma das melhores vozes masculinas da nossa música popular (embora comece a demonstrar os primeiros sinais de cansaço), já estão se tornando cansativos esses discos revisionistas lançados por Oswaldo Montenegro. Nas lojas, agora com o pretexto da suposta comemoração de seus 25 anos de carreira, o novo trabalho do brasiliense, o qual vem em formato de CD duplo. As canções são as mesmas de sempre e dentre as vinte e duas faixas apresentadas, as únicas novidades são os regravações de “Chão, Pó, Poeira” (de Gonzaguinha) e “Hoje Ainda é Dia de Rock” (de Zé Rodrix). Aconselhável somente para os fãs! Márcio Proença é autor de mais de 100 músicas gravadas, tendo entre os seus parceiros mais famosos Paulo César Pinheiro, Aldir Blanc, Nei Lopes, Sérgio Natureza e Gonzaguinha. Constam da relação dos intérpretes de suas canções artistas como Nana Caymmi, Simone, Lucinha Lins, Cauby Peixoto e o grupo MPB-4, entre outros. Pois bem, é esse cara que lançou recentemente pela Niterói Discos o CD de inéditas “Facho de Luz”. Trata-se de um trabalho sensacional, no qual ele é acompanhado por músicos “feras” como: Cristóvão Bastos (piano), Jorge Hélder (baixo), Dom Chacal e Ovídio Brito (percussão), Maurício Carrilho e João Lyra (violão) e Nicolas Krassik (violino). Todas as composições são do próprio Márcio em parceria com José Luiz Lopes. A maioria das faixas se concentra em valsas e sambas delicados, belíssimos, que (sem receio de estar exagerando) por vezes lembram os de Chico Buarque. Há participações especiais de Leila Pinheiro, Beth Carvalho e Simone Guimarães. Os melhores momentos ficam por conta de “Delírio”, “Um Pouco Mais Canção”, “É Bom, Mas É Ruim” e “Atitude”. Uma pena que um disco assim não seja comercializado em grande estilo por uma gravadora de peso… Á L B U M A T E M P O R A L Não há, nestas terras de Sergipe Del Rey, quem nunca tenha ouvido falar no cantor e compositor Chiko Queiroga. Carioca de nascença e sergipano de coração, o talentoso artista despontou para o nosso público no ano de 1984 quando conseguiu alcançar a 2ª colocação no Festival Estudantil “Novo Canto” com a composição “Fim de Primavera”, até hoje bastante executada pelas nossas rádios. Em seguida, entrou nos estúdios da Somax, em Recife (PE), e gravou aquele que seria o seu primeiro trabalho, registrado ainda em vinil, o disco intitulado “COR DE LARANJA”. Originalmente composto por oito faixas, o LP foi posteriormente relançado com o advento do formato CD e ganhou mais duas outras faixas, “Chuva de Verão” e “Trem do Destino”, ambas também remanescentes do Festival acima citado. Trata-se de um trabalho antológico, no qual Queiroga se encontra inteiro em criatividade e talento. Conhecido por sua famosa timidez, mas dono de uma voz privilegiada, o rapaz é um compositor de talento inquestionável e tem o raro dom de fazer músicas boas, inteligentes e radiofônicas ao mesmo tempo. Então no apogeu de sua forma vocal, Queiroga presenteou o seu público com canções que já fazem parte do cancioneiro sergipano. Além da faixa-título (que é um primor de simplicidade e beleza), constam desse trabalho a contagiante “Transbrasileiro”, a surpreendente “A Mestiça”, a gostosa “Desculpe o Modo” e a obra-prima “Rio em Cores de Cinema”. Chiko Queiroga lançou mais um outro ótimo disco sólo (“Pálpebras”) e, a partir daí, engatou dupla com o amigo-irmão Antônio Rogério. Juntos, já lançaram quatro bons CDs. A força genuína de “COR DE LARANJA”, todavia, o avaliza como o trabalho maior de um artista que faz da música a sua verdadeira história. Rubens Lisboa é cantor e compositor
A cantora Ithamara Koorax desistiu de dar o nome de “The Art of Romance” ao seu novo CD por conta da coincidência com o disco homônimo de Tony Bennet que acabou de ser lançado. O trabalho receberá, então, o título de “Autumn in New York” e já tem sua distribuição acertada no mercado asiático pela EMI.
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