“Musicalidade”, por Rubens Lisboa

Conforme o iniciado na semana passada, a seguir, mais dois lançamentos de CD’s de cantoras que povoam o mercado fonográfico nacional.

L A N Ç A M E N T O   1

Cantora: KARYME HASS

CD: “KARYME HASS”

Gravadora: EMI

A jovem bonita de nome exótico é uma curitibana que atualmente se encontra radicada em São Paulo e está lançando o terceiro álbum de sua carreira. Trata-se de Karyme Hass que traz um bom CD produzido por Nilo Romero e Dudinka, composto por 13 faixas, a maioria delas de autoria da própria artista que as divide com seus vários parceiros.

Há, todavia, também músicas de compositores conhecidos. É o caso da calminha “Junto ao Mar” (de Herbert Vianna), estourada nas rádios do eixo Rio – São Paulo, de “Luz Contra Luz” (de Dalto) e da bela e densa “Heavy Love” (de Frejat e Cazuza).

O som, que mescla MPB contemporânea com pop rock, percorre melodias simples e assimiláveis através de letras que trazem boas idéias e estão acima da média para as canções congêneres. A voz de Karyme é legal, embora seu timbre seja comum. Na verdade, uma audição mais apurada faz constatar que a garota é bem mais intérprete do que propriamente cantora.

Dentre as faixas mais bem resolvidas, os destaques ficam por conta de “Faces e Fases”(com sua pegada levemente reggae), “Teia” e “Flor Oculta”. Um trabalho que poderá lhe abrir de vez as portas do reconhecimento!

L A N Ç A M E N T O      2

Cantora: NALANDA

CD: “NO SAMBA”

Gravadora: EMI

A cantora Nalanda, revelada na primeira edição do programa “Fama”, levado ao ar pela Rede Globo, está lançando o seu primeiro CD, no qual reúne as mais diversas vertentes do samba nacional ao gravar canções de nomes conhecidos como, por exemplo, Nelson Rufino e Carlos Cachaça, além de novatos como Patrícia Mellodi e Juliano Cortuah.

A faixa de trabalho é o pagode romântico “Qual É” (de Umberto Tavares e Gustavo Lins), bem no estilo Alexandre Pires, que vem em duas versões: uma ao vivo e outra gravada em estúdio. Também deverá tocar bastante “Eu Quero Que a Razão Se Dane” (de Carlos Colla e Frank Daiello), uma daquelas canções que se amoldariam como uma luva ao repertório mais popular da cantora Alcione: refrão grudento e derramado numa letra recheada de lugares comuns. Nando Cordel e Dominguinhos comparecem com “A Emoção de Te Amar”, uma canção suave e bonita que serve como pausa, tornando-se o momento regional do disco.

Os maiores destaques do álbum ficam, contudo, com a regravação da obra-prima “As Rosas Não Falam” (de Cartola), que conta com a maravilhosa gaita de Rildo Hora (o produtor do CD), e com a inspirada “Samba de Dois-Dois” (de Roque Ferreira e Paulo César Pinheiro).

Nalanda canta bem, mas em alguns momentos soa over e em outros pouco original (em “Tá Fácil”, por exemplo, lembra Ivete Sangalo pra caramba!)… Todavia, embora ainda não dê para saber qual o verdadeiro rumo em que pretende enveredar, torna-se impossível negar o talento e o carisma da cantora.

N O V I D A D E S

·                     Zeca Baleiro está a mil por hora! Prestes a lançar um novo DVD, com o registro do show “Vô Imbolá” (é o quarto de sua carreira, junto com “Pet Shop Mundo Cão”, “Líricas” e o que dividiu com Fágner), retomou o projeto de um disco com dez poemas de amor de Hilda Hilst que ele musicou e que deverá estar nas lojas até o final de junho. O álbum de intitulará “Ode Descontínua e Remota Para Flauta e Oboé – de Ariana para Dionísio”. As canções são interpretadas por: Ângela RoRo, Ângela Maria, Jussara Silveira, Maria Bethânia, Mônica Salmaso, Ná Ozzetti, Olívia Byington, Rita Ribeiro, Verônica Sabino e Zélia Duncan. Do time inicial sonhado pelo próprio Zeca, somente Zizi Possi terminou não participando do disco. Outro projeto especial do artista maranhense é um CD intitulado “Cruel”, contendo canções inéditas do compositor capixaba Sérgio Sampaio, uma antiga referência musical sua. Para viabilizar o lançamento desses trabalhos, Zeca criou um selo próprio, o Saravá Discos. Afora tudo isso, ele também já está preparando o próximo disco de inéditas, o quinto de sua vitoriosa carreira, que tem lançamento previsto para o mês de julho e deverá levar o título de “Baladas do Asfalto”. Dele já estão confirmadas as faixas inéditas “Cachorro Doido” (parceria com Fernando Abreu) e  “Versos Perdidos” (com Nosly e Fausto Nilo), além das regravações de “Muzak” e de “Flores no Asfalto”. Este trabalho, porém, sairá pela gravadora MZA Music.

·                     “Vanusa Diferente” é o título da compilação que a Som Livre está colocando no mercado. Intérprete de sucessos populares, a cantora loira também gravou, durante sua longa carreira, compositores de ponta da nossa MPB e é isso que o recém-lançado CD tem como meta mostrar. Há Belchior (“Paralelas”), Luiz Melodia (“Congênito”), Chico Buarque (“Basta Um Dia”), Caetano Veloso (“Duas Manhãs”), Milton Nascimento (“Travessia”) e João Bosco (“Amigos Novos e Antigos”). Além destas, três curiosidades: a insuspeitada, única e bela parceria de Fágner com Antônio Marcos (“Coração Americano”), o primeiro registro de uma canção de Zé Ramalho (“Avôhai”) e a releitura de “Riacho do Navio”, de Luiz Gonzaga e Zé Dantas, num primoroso arranjo que remete a uma canção de ninar. Merece espaço na sua cedeteca!

·                     Enquanto vê, já agora em maio, a reedição de seus oito discos lançados, na década de oitenta, pela Universal (dentre eles, os ótimos “Olhos Felizes”, “Certos Acordes” e “Virgem”), a cantora Marina Lima prepara atualmente o seu próximo CD de inéditas, mesmo sem saber por qual gravadora o mesmo deverá sair. Estão confirmadas duas parcerias com o irmão-poeta Antônio Cícero (o tango “O Mundo e Seu Amor” e “Ana Bella”, uma homenagem à artista plástica Ana Bella Geiger), além de “Entre as Coisas”, esta de autoria somente da própria Marina.

·                     Em seu oitavo disco, em fase de gravações, Zélia Duncan incluirá quatro canções de Itamar Assumpção, duas delas inéditas. Com previsão de lançamento para junho pela Universal, o trabalho tem a produção assinada por Beto Villares, Bia Paes Leme e Christiann Oyens e nele Zélia inaugurará parceria com Lulu Santos (no samba “Quisera”) e gravará duas parcerias suas feitas com Moska.

·                     O cineasta Toni Venturi escolheu a cantora e compositora Fernanda Porto para ser a responsável pela trilha sonora de seu premiado filme “Cabra-Cega”.  O que na realidade Fernanda criou foram os temas instrumentais. Quanto às canções cantadas, ela optou por pinçá-las dentre algumas já bastante conhecidas, regravando-as com arranjos que julgou mais apropriados à película. Assim, “Teletema” ganhou delicada versão na voz de Ná Ozzetti e a própria Fernanda pôs voz em três antológicas canções de Chico Buarque (“Rosa dos Ventos”, “Construção” e “Roda Viva”, esta última contando com a participação especial do compositor) e na belíssima “Sinal Fechado”, criação de Paulinho da Viola, em que divide os vocais com Toni Garrido, vocalista da banda Cidade Negra.

·                     Alguns dos melhores momentos dos 10 Anos do Projeto “Lonas Culturais” (desenvolvido pela Prefeitura do Rio de Janeiro, objetivando levar a produção musical de boa qualidade, de forma praticamente gratuita, para o público da periferia) acabam de ser registrados no CD intitulado “Lonas Acústico”, já nas lojas através da gravadora Trilhos Arte. São encontros memoráveis entre grandes nomes da MPB. Alguns são mais previsíveis, como Leila Pinheiro com Guilherme Arantes em “Coisas do Brasil” e Lenine com Zélia Duncan em “Certas Coisas”. Mas há outros surpreendentes, como Sandra de Sá com Fafá de Belém em “Olhos Coloridos” e Oswaldo Montenegro com Belchior em “Intuição”. Os maiores destaques do disco, todavia, ficam por conta de Luiz Melodia com Luciana Mello em “Magrelinha” e de Geraldo Azevedo com Rita Ribeiro e Zé Renato em “Caravana”. Uma excelente iniciativa! E que venham outros volumes…  

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