Nada a declarar

Até o momento a Polícia não tem nada a declarar em relação ao assassinato do deputado estadual Joaldo Barbosa. Deve estar confirmando pistas e chegando a conclusões que, geralmente, circula entre o pessoal da investigação. A Polícia Federal é de difícil acesso. Os seus agentes se fecham em sete chaves e trabalham com mais cautela, até porque tem menos gente e pouca concorrência entre seus membros. O bom será que as duas estejam no mesmo caminho para chegar ao criminoso, mas já circula informação de um certo desencontro, que pode tumultuar o processo de investigação. Neste momento, o que setores da imprensa estão deixando transparecer é que se trata de um crime político, que tem como direção a cidade de Boquim. E a razão poderia ser a eleição para a Prefeitura daquela cidade. No entendimento de alguns setores mais experientes da política sergipana, quem articulou a morte de Joaldo Barbosa pode ter atingido os seus objetivos, que é transferir a responsabilidade para os seus inimigos históricos, os Fonseca. Mas existem vertentes que fogem dessa possibilidade e as políticos mais experientes consideram que um inimigo reconhecido, jamais se exporia de forma tão infantil. Embora as eleições sejam daqui a dois anos, o assassinato de Joaldo Barbosa já fez uma candidata à sucessão de Luiz Fonseca na Prefeitura de Boquim, a esposa do ex-deputado, Edla Amaral, que automaticamente se transformou na sucessora natural do marido. É bom lembrar que Edla é uma médica inteligente e também exerce atividade política, como vice-prefeita de Salgado. Desde quando viu o marido prostrado no chão, crivado por seis balaços de pistola 380, uma cena terrível para uma esposa frágil, que Edla se mantém forte e firme. De poucas lágrimas e reação segura, ela já disse que vai se candidatar à Prefeitura de Boquim e, de lá, conseqüentemente, pode chegar à Assembléia Legislativa ou até deputada federal, sempre trazendo nas costas o eleitorado que Joaldo conquistou e a comoção de uma legião de pessoas ressentida com a morte estúpida do seu marido. Naturalmente, pelo frescor dos acontecimentos, ainda não era hora de se tratar do assunto, porque primeiro é necessário se encontrar o verdadeiro autor do crime, para que ele indique o mandante. Nota-se que está havendo uma necessidade muito grande de transferir o crime para os inimigos de Joaldo e isso é uma coisa que começa a chamar a atenção de segmentos mais experientes da Polícia. Na realidade a Polícia não tem mostrado muita eficiência nos últimos dias e peca exatamente nos crimes de pistolagem, mas também não se trata de profissionais tão indiferentes aos meios utilizados para se conseguir um fim através do crime. Há quem considere que a Polícia foi incompetente ao não saber onde estava o Uno branco e em que desmanche ele se meteu. Isso é coisa de amador. Primeiro porque a placa do Uno era fria e, segundo, um carro desse, cor branca, é o que mais circula em Aracaju e outras cidades do Estado. Uma simples troca de placa, pronto, põe no chão todas as pistas. Há informações bem concretas, captadas por um repórter qualificado, de que no domingo que antecedeu ao crime, o Uno teria sido visto ao lado de uma Pajero, estacionados em frente a um restaurante no Siqueira Campos. E por mais que alguns aliados do deputado assassinado tentem convencer que “agiota não mata, mas é morto”, depende muito das circunstância da dívida e da forma que o agiota pode recebe-la. Todas as hipóteses levantadas nesta coluna, foram revistas e levadas em consideração, apenas uma que vem sendo revelada nas entrelinhas, até para evitar constrangimento. Parece que o pessoal ainda não pegou. Mas deixando a parte mais envolvente do comentário de lado, até para evitar um aprofundamento que pode ser injusto, é preciso lembrar que ontem foi rezada a missa de sétimo dia do assassinato do deputado, sem que muita coisa de concreto fosse anunciado, a não ser um retrato falado, transcrito por uma pessoa que não viu tão bem o assassino, quanto outra que esteve em sua frente quando ele abriu a porta do Uno e fugiu. De todas as maneiras, o governador João Alves Filho tem que cobrar ação da Polícia, porque a sua mais contundente promessa de campanha foi reduzir a violência e acabar com a pistolagem. Foi exatamente em sua Administração, talvez até como forma de desafio, que os pistoleiros ousaram mais, ao eliminar um parlamentar, em sua residência, com tranqüilidade impressionante, e fugir num carro como o Uno, que não tem motor de grande potência. Realmente esse crime não pode ficar assim, não pode se transformar em demonstração da fragilidade de uma Segurança que se prometia diferente e eficiente. Desvendar o crime de Joaldo é uma questão de honra. Se isso não acontecer é preciso reestruturar a força policial, quebrar seus vínculos, curar seus vícios e colocar lá alguém que conheça, com mais profundidade, o caminho difícil das pedras… Por Diógenes Brayner

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