Pantanal: o assistencialismo do tráfico

No Pantanal as ruas estreitas dificultam a ação da polícia
“Os traficantes são pessoas como qualquer outra, eles também têm família e filhos. Não sou contra ninguém e principalmente porque aqui no Pantanal eles ajudaram a muita gente”. Esse depoimento é de uma dona de casa, mãe de dois filhos menores de idade, moradora da invasão do Pantanal que fica localizada no Bairro Inácio Barbosa, zona sul de Aracaju.

A dona de casa P.S.S. é moradora da invasão há dez anos e acompanhou o crescimento de uma comunidade que convive com traficantes que intimidam as pessoas da localidade. “Quando me mudei para o Pantanal a invasão era pequena, as casas eram de taipas, não tinha nenhuma estrutura aqui. Tudo por aqui era lama e o mau cheiro tomava conta de tudo. Acompanhei o sofrimento de muita gente por isso sei que nós merecemos respeito. Cada morador aqui seja lá ele quem for contribuiu para que tudo ficasse melhor”, diz a dona de casa que pediu para não se identificar.

No local existe um verdadeiro canteiro de obras
“Sou uma pessoa de bem e sei que é difícil conviver com tanta gente aqui, mas não posso negar que a vida de muita gente mudou após o dinheiro do tráfico. Muitas casas foram construídas com a ajuda desse dinheiro, as famílias que antes passavam necessidade recebem cesta básica e até crianças passaram a estudar porque para receber a ajuda a mãe é obrigada a colocar o filho na escola”, relata P.S.S.

De acordo com o Capitão Vitor Anderson, da Companhia de Radiopatrulha a população é refém do assistencialismo imposto pelos traficantes que se mudaram para o local nos últimos meses. “De três meses para cá ninguém ouvia falar no Pantanal, as pessoas passaram a conhecer a comunidade a partir das apreensões que foram feitas. O problema naquela área é muito grave recebemos denuncias anônimas que as pessoas estavam sendo extorquidas, revistadas e até funcionários de empresas de abastecimento de água e energia estavam sendo impedidos de realizar os serviços”, afirma o Capitão ressaltando que os moradores eram intimidados.

O Capitão Vitor Anderson da Rádio Patrulha
“Existia uma ordem que o morador só poderia entrar sem capacete com o farol desligado e mesmo assim era abordado por elementos portando armas de grosso calibre. O direito de ir e vim era impedido. Mas quero destacar que a partir da entrada da polícia várias apreensões foram feitas e a população colaborou bastante para que o tráfico diminuísse”, diz o Vitor Anderson.

O pedreiro W.S dia que construiu muitas casas a pedido dos traficantes. “Aqui muitas casas são construídas com dinheiro do tráfico. Infelizmente a gente ver algumas pessoas escondendo traficantes em casa ou ainda escondendo drogas. Em troca dessa situação algumas pessoas têm as casas reformadas ou até mesmo construídas”, relata o pedreiro.

“A maioria das pessoa

A invasão em nada lembra os antigos barracos
s do Pantanal são do bem e não têm envolvimento com o tráfico. Mas realmente algumas casas foram construídas pelos traficantes, a assistência que deveria ser dada pelo estado foi dada pelo traficante. Por esse motivo algumas pessoas não confiam no estado e querem continuar confiando na presença do traficante. Só que essas mesmas pessoas sofrem violência, porque o traficante não tem comprometimento nenhum para com a lei”, explica o Capitão.

“Já escutei relatos de pessoas que se o traficante achar uma mulher bonita, ele vai lá e toma, sendo esposa ou filha de alguém. Se ele tiver interesse em uma determinada casa ele vai se achar no direito de colocar a pessoa para fora e utilizar a residência como depósito de drogas ou como ponto estratégico para os guardas do tráfico”, conta o Capitão da RP, Vitor Anderson.

Por Kátia Susanna

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