Pelotão de Choque destrói barracos no Santa Maria

Momento em que PM lançam spray de pimenta contra ocupantes (Fotos: Cássia Santana/Portal Infonet)

Os apelos, o cordão humano e nem mesmo a presença de crianças no local foram suficientes para impedir a destruição dos barracos construídos em um terreno na avenida A, no bairro Santa Maria, em área na região do Loteamento Marivan, por famílias sem teto. Desde às 5h30 da manhã desta quarta-feira, 12, policiais militares estão na região para cumprir determinação judicial pela reintegração de posse emitida pelo juízo da 9ª Vara Cível em favor de uma construtora que se intitula proprietária da área, estimada em mais de 99,6 mil metros quadrados.

As famílias que ocuparam a área desde o início deste ano tentaram impedir a destruição das casas de alvenaria já erguidas no local, fizeram uma espécie de cordão humano, mas os policiais do Pelotão de Choque reagiram, invadiram imóveis onde os moradores permaneciam trancafiados e lançaram spray de pimenta contra aqueles que tentaram impedir a entrada das máquinas preparadas para fazer a demolição. O clima é tenso.

“Fui roubada duas vezes, fiquei na mira de dois vagabundos com arma apontada para a minha cara e quando fui na Delegacia não tinha um policial sequer. Mas no momento desse, onde só tem pai e mãe de família, com os filhos, se observa toda a Choque, a Cavalaria, as viaturas… tudo… gente, isso é revoltante”, desabafou Acilene Silva, 30, auxiliar administrativa de uma empresa privada, que chegou a se ajoelhar em frente ao Pelotão de Choque para pedir a compreensão e evitar a ação para destruir os barracos. “Minha irmã está aí, com o marido e os dois filhos”, disse.

Acilene ajoelha-se em frente à tropa: gesto para salvar os barracos

Um dos ocupantes, identificado como Ideval Conceição de Souza, 33, conhecido como Bahia, se trancou na casa e informou aos amigos que não sairia do interior do imóvel. A esposa, Aliane Silva dos Anjos, 31, acompanhou os desdobramentos do lado de fora com os dois filhos. “Ele está aí dentro e disse que não sai”, gritava, ao observar a aproximação das máquinas. Os policiais ouviram, reagiram e tentaram arrombar a porta para retirá-lo.

Ação judicial

A tenente Belisa França, coordenadora do Grupo de Gestão de Crises e Conflitos da Polícia Militar (GGCC), informou que a Polícia Militar vem intermediando entendimentos desde o mês de março para cumprimento da decisão judicial e que três reuniões foram realizadas com os representantes dos ocupantes. “Tivemos negociação com o movimento social, eles tiveram prazo até o dia 19 de maio para sair, para desmontar os barracos, mas este prazo não foi cumprido”, justificou a tenente.

A coordenadora do Grupo de Gestão de Crises e Conflitos da Polícia Militar justificou a ação dos policiais militar, dizendo que o uso da força teria sido necessário diante das informações que recebeu de que os ocupantes estariam preparando material inflamável para lançar contra os policiais. Ela revelou que os policiais apreenderam três botijões de gás e um galão de gasolina que, segundo enfatizou, seriam utilizados contra a equipe da PM. “A atuação policial aconteceu após a iniciativa delituosa por parte dos ocupantes. Passou de uma resistência passiva para uma resistência ativa”, explicou a tenente.

Comunidade cruza os braços durante o despejo

Máquinas e tropa de Choque para expulsar os ocupantes

Tenente Belisa defende a ação dos policiais 

Mas os ocupantes garantem que não reagiram com agressões. “A gente já acordou com eles aqui, dando tiro de borracha pra cima, derrubando os barracos, nem respeitaram as crianças”, observou a dona de casa Fabiana Nunes, 30. “Eles só disseram que estavam cumprindo decisão judicial, mas não mostraram nenhum papel”, informou Maria Betânia do Nascimento, 44, também dona de casa.

Por Cássia Santana

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