Os motoristas e cobradores do Grupo Progresso mantém a paralisação das atividades nesta sexta-feira, 28. Cerca de 43 linhas e 146 ônibus do transporte público estão parados. De acordo com a categoria, enquanto a empresa não pagar o salário em atraso do mês de abril, eles não retomam as atividades.
O representante dos rodoviários, Júlio Aquino, explica que a situação do atraso salarial se arrasta há cerca de oito anos e não foi provocada por conta da pandemia. “Essa é uma situação corriqueira. Há oito anos a empresa vem atrasando salário e de um tempo para cá vem pagando a gente em porcentagens ao longo do mês. Estamos no dia 28 de maio e até agora só recebemos 32% do salário de abril. Não existe pandemia no transporte público, todo dia entra dinheiro, os ônibus estão cheios e os rodoviários sem receber. Tem gente passando fome. Como você trabalha e não recebe seu salário?”, questiona.
Júlio explica que além do atraso salarial, os rodoviários que trabalham no grupo estão há anos sem depósito do FGTS. “Tem funcionários com 15 anos de empresa que não tem R$ 1 real depositado na conta do FGTS. Então, o problema não é pandemia. A empresa também está querendo vender algumas linhas que opera para outras empresas do transporte público, e com isso aumenta ainda mais a nossa instabilidade”, conta.
Vacinação
Outro ponto de reivindicação da categoria é a vacinação. De acordo com a Associação dos Rodoviários do Estado de Sergipe, muitos motoristas e cobradores não estão conseguindo fazer a imunização.
“Os rodoviários fazem o cadastro em Aracaju e não recebem o código e com isso não podem se vacinar. Os rodoviários estão em contato direto com a população, são mais de 500 pessoas sendo transportada por dia por cada um e nada de vacina”, reclama Aloízio Almeida, presidente da Associação.
Júlio é um desses rodoviários que não conseguiu o código para fazer a imunização. Ele conta que desde domingo aguarda a conclusão do seu cadastro que está em análise. “Eu tenho 44 anos, podia me vacinar desde ontem, pelo cronograma da Prefeitura, mas desde domingo que espero meu código e até agora nada. Tenho direito, tem vacina, mas não tenho código para me vacinar”, aponta.
O rodoviário também conta que as empresas de ônibus não fornecem os equipamentos de segurança para os trabalhadores que atuam no transporte público. “Não recebemos máscaras e nem álcool em gel, nós que levamos. E os rodoviários estão morrendo com covid-19, pelo menos 10 já morreram, estavam trabalhando, e temos que paralisar as atividades para poder receber nosso salário. É por isso que não vamos voltar ao trabalho enquanto não tiver o salário de abril na conta”, conclui.
SMTT
Em nota a Superintendência Municipal de Transportes e Trânsito (SMTT) de Aracaju informa que está acompanhando as negociações entre o grupo Progresso e os seus funcionários, já que se trata, exclusivamente, de uma paralisação por questões trabalhistas, e para minimizar os prejuízos aos usuários do transporte coletivo, a SMTT entrou em contato com as demais empresas que fazem parte do sistema, e linhas de ônibus estão operando com intervalo menores para reduzir o máximo possível o tempo de espera dos passageiros.
Em relação à vacinação, a SMTT esclarece que motoristas e cobradores estão sendo vacinados diariamente, seguindo cronograma determinado pela Prefeitura de Aracaju. Segundo dados obtidos com a Saúde, 50% dos motoristas e cobradores com mais de 40 anos se cadastraram para receber a vacina e destes, 80% estão com o código validado. Os cadastros que ainda estiverem em análise serão liberados gradativamente. A SMTT reforça que todos os motoristas e cobradores que estão dentro do cronograma serão vacinados.
Progresso
Em nota a Viação Progresso informou que informa que os saldos dos salários dos seus colaboradores serão quitados nesta sexta-feira, 28, e já solicitou que todos voltem aos seus postos de trabalho. “A reivindicação é legítima, mas a consequência da paralisação é ruim, pois além de prejudicar os usuários do sistema não ajuda na busca das receitas para fins de regularização dos pagamentos. O momento de crise é inegável, o transporte de passageiros enfrenta essa crise sozinho, mantendo os empregos, operando com 100% de sua frota com uma demanda de reduzida na ordem de 45%, sofrendo com o aumento de insumos, todavia, mesmo diante disso, vêm se desdobrando para honrar com seus compromissos, cabendo dizer que o colapso do sistema não é fato isolado e as autoridades precisam se empenhar em ajudar as empresas na continuidade desse serviço público essencial á sociedade”, diz a nota.
Por Karla Pinheiro
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