O Brasil registrou o vazamento massivo de dados pessoais de cerca de 223 milhões de brasileiros. O imenso número de informações divulgadas, inclusive na deep web – em tradução literal do inglês, a internet profunda, que não pode ser acessada por navegadores comuns e é o ambiente onde ocorrem diversas práticas ilegais -, afetou tanto pessoas vivas, quanto as já falecidas. Como resultado das investigações, na sexta-feira, 19 de março, a Polícia Federal prendeu o hacker Marcos Roberto Correia da Silva, 24. A prisão ocorreu em Uberlândia (MG). Ele é apontado como um dos responsáveis pelo maior vazamento de dados pessoais no país.
Dentre os dados vazados, conforme apurou o laboratório de cibersegurança DFNDR Lab, estão CPF, nome, sexo, endereço, telefones, fotos de rosto, dados financeiros, data de nascimento, estado civil, relações familiares, dados de veículos – placa e número de chassi -, CNPJs – razão social, nome fantasia e data de fundação -, detalhes sobre declarações de imposto de renda, benefícios do INSS, registros de servidores públicos, escolaridade e cadastros do LinkedIn – rede social com foco em atividades e relações profissionais.
Assim, o Departamento de Crimes Contra o Patrimônio (Depatri), da Polícia Civil, traz orientações para evitar ser vítima de golpes praticados com dados pessoais. A disseminação das informações pessoais pode ser utilizada pelos cibercriminosos de forma prática, fora do ambiente virtual. Os golpistas podem utilizar esses dados em práticas criminosas como a abertura de contas em bancos e a aquisição de cartões de crédito, obtenção de benefícios sociais, compra e venda de bens das vítimas, além de uso de falsa identidade para aplicação de golpes por telefone ou por meio do WhatsApp.
A diretora do Depatri, delegada Viviane Pessoa, destacou que, dentre os principais golpes, estão os que são praticados por meio de e-mails e SMS. “Se você recebe um email com conteúdo estranho e que chama atenção, faz com que você fique curioso para abrir, essa mensagem pode ser um caminho para infectar sua máquina, seu celular. Da mesma forma o SMS. Não é um canal utilizado, corriqueiramente, por uma instituição financeira. Então, se a pessoa o responde, pode abrir espaço para que o golpista consiga dados de telefone e outros que estão no aparelho”, ressaltou.
Viviane Pessoa detalhou que é fundamental a verificação das movimentações financeiras das contas bancárias por meio dos canais oficiais – como os aplicativos – a fim de identificar transações que não sejam reconhecidas. Além disso, nos casos em que as pessoas se tornam vítimas dos cibercriminosos, é necessário a formalização da comunicação do golpe à Polícia Civil, por meio do registro de boletim de ocorrência, que possibilita as investigações e a localização dos autores dos crimes.
“São várias situações nas quais pode redobrar o alerta. O cidadão precisa ter o hábito de sempre estar acompanhando sua conta bancária e extratos de cartões de crédito. Assim, há várias ações que as pessoas podem fazer para se proteger. Se a pessoa constatar que houve um golpe, um crime, utilizando seus dados ou que lhe afetou, a primeira providência é registrar o boletim de ocorrência. Recomendamos, também, que seja feita a verificação em duas etapas das redes sociais. Os criminosos sempre buscam caminhos para enganar a vítima, para que ela se confunda e acredite que é real. O importante é estar sempre em alerta”, enfatizou.
A diretora do Depatri concluiu mencionando que também é importante o aviso aos familiares e parentes, nos casos em que seja identificada a clonagem ou criação de um falso perfil. Esse mecanismo é utilizado pelos golpistas para obter a transferência de altos valores dos contatos das vítimas. “Os parentes acabam transferindo valores. É um caso recorrente. Pedido de dinheiro pelo WhatsApp, pode ser um perfil clonado ou falso”, pontuou Viviane Pessoa. A Polícia Civil também relembra que informações e denúncias sobre práticas criminosas podem ser repassadas pelo Disque-Denúncia (181).
Fonte: SSP
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