Violência contra mulher cresce em Aracaju

Delegada Érika Farias Magalhães
De acordo com dados de pesquisa da Fundação Perseu Abramo, divulgada no portal da Secretaria Especial de Política para as Mulheres, 11% das brasileiras com 15 anos ou mais já foram vítimas de espancamento, sendo o marido ou companheiro responsável por 56% desses casos. O levantamento aponta que uma em cada cinco mulheres foram agredidas, pelo menos uma vez, e mais da metade das vítimas não procura ajuda.

Sergipe

Em Aracaju os números não são diferentes e apontam para a mesma estatística, de acordo com a Delegada da Mulher do Departamento de Atenção aos Grupos Vulneráveis, Érika Farias Magalhães. “Na maioria dos casos os companheiros são os principais agressores e o que chama a atenção é que muitas das mulheres não desejam que o marido fique preso”, explica.

Edvane Francisca foi morta a pauladas pelo marido
Para a delegada um dos principais fatores que impedem a denúncia da vítima é a dependência financeira. “Muitas acham que “ruim com eles, pior sem eles” e aguentam caladas as agressões e humilhações”, acrescenta.

Outro agravante é a dependência emocional, que muitas vezes gera o arrependimento pela denúncia. “Algumas chegam aqui e pedem que a gente converse com o marido, apenas na tentativa de salvar o casamento e não com a intenção de deixá-lo preso, pois são apaixonadas”, salienta Érika Farias.

Lei Maria da Penha

Aprovada por unanimidade em 22 de setembro de 2006, a Lei 11340/06, mais conhecida como “Lei Maria da Penha”, foi criada com a finalidade de coibir a violência doméstica contra a mulher e contém ainda propostas de medidas de prevenção, assistência e proteção às mulheres. 

Sandra Costa Ferreira levou quatro facadas do ex-marido
A delegada destaca que a lei propõe procedimentos específicos para lidar com o tema. Além disso, prevê o encaminhamento de mulheres em situação de violência e seus dependentes a programas e serviços de proteção, garantindo os diretos à guarda dos filhos e a seus bens. “Hoje é um direito a medida protetiva. Se ela exigir tem que ser feito, por exemplo, o processo da volta para o lar, ou seja, a recondução da mulher a sua residência depois do afastamento do agressor”, explica.

Mesmo com toda a mudança na lei e com as medidas protetivas, o Portal Infonet noticiou durante esse quatro anos de existência da lei Maria da Penha, diversos casos de violência contra a mulher cometidas por maridos e ex-maridos e companheiros.

O caso mais recente foi o assassinato de Edvane Francisca Soares dos Santos, 34 anos, que foi espancada até a morte pelo marido.

Ainda tendo como base os quatro anos de existência da Lei Maria da Penha, os números de registros de agressãoes contra a mulher, na capital sergipana, foram aumentando ano a ano. Em 2006 foram registrados 1.923 boletins de ocorrências; já em 2007 esse número foi para 2006 casos, o que representa um aumento de 4,3%. De 2007 para 2008 o aumento foi de 18,49%%. Em 2009 também existiu um aumento, sendo registrados 2.548 Boletins, 171 a mais que o ano anterior. Até as duas primeiras semenas deste mês, a delegacia da mulher já registrou 1.863 agressões.

Para a Delegada Érika Farias o aumento dos números não é necessariamente uma coisa negativa. “O ideal é que esse tipo de crime não exista, mas é interessante notar que hoje as mulheres estão mais encorajadas, procuram mais a delegacia. A violência já existia antes, mas hoje com a mídia e a divulgação da Lei Maria da Penha o quadro está sendo outro”, ressalta.

Tipos de violência

Delegada diz que as mulheres precisam denunciar
Segundo Érika, dos principais relatos de violência, os mais registrados na delegacia correspondem à lesão corporal, ameaça e injúria. A maioria das mulheres que procuram a delegacia estão entre os 18 e 59 anos.

Quando questionada a respeito do perfil do agressor, a delegada foi taxativa em dizer que “todo homem é um agressor em potencial”. Segundo a Érika, mesmo os mais calmos podem cometer algum tipo de agressão. “Já tive casos aqui de homens que eram vistos no trabalho ou até mesmo dentro de casa pela família como uma pessoas tranquila, boa, calma e que acabava agredindo a mulher com injúrias, ameaças e agressões pscicológicas”, relata.

Ações

A delegada Érika farias Magalhães ainda pontuou a importancia do trabalho de orientação que é desenvolvido pelo DAGV, ressaltando que a polícia só pode atuar com a prática da denúncia.” Realizamos palestras de orientação em escolas assossiações, mas a gente entende que só é possível ajudar quando elas denunciam, quando se encorajam e partem para a mudança de comportamento”, finaliza.

Por Alcione Martins e Raquel Almeida

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