Vítima de soterramento retirava areia de terreno para vender

Local onde o carroceiro morreu (Fotos: Portal Infonet)

O auxiliar de pedreiro Hamilton da Silva Santos, 30, que morreu soterrado no bairro Capucho, nesta sexta-feira, 30, em Aracaju, comprou uma carroça recentemente para aumentar a renda e conseguir concluir as obras da residência da família, que está sendo erguida no Jardim Universitário, no bairro Barreiro, no município de São Cristovão. Em local bem próximo ao terreno onde ocorreu a tragédia.

Momento em que o IML remove o corpo

Para os carroceiros que residem no bairro, tornou-se prática comum a extração de material arenoso em diferentes áreas daquela região para comercialização e seria uma ação caracterizada como um meio de sobrevivência daquelas famílias. Os carroceiros não falam sobre irregularidades na atividades e lamentam a morte do comandante Hamilton, como a vítima era conhecida entre os amigos de profissão do bairro.

A esposa dele, Maria Vilma de Jesus Santos, estava trabalhando pela manhã quando foi surpreendida por um telefonema de um dos amigos da família, pedindo para que ela retornasse para casa. “Mas eles não me disseram o que estava acontecendo. Telefonei de volta e pedi para que me dissessem”, comentou a viúva. “Então, me disseram: Hamilton sofreu um acidente, foi soterrado em um barranco”, lembra dona Vilma.

Homem dedicado

Transportar areia na região é prática comum como meio de sobrevivência

Ela informou que Hamilton era um companheiro dedicado, trabalhador e que recentemente tinha adquirido a carroça para “não ficar parado”, com o objetivo de concluir a casa do casal, que está em construção. Comandante Hamilton deixa dois filhos: o mais velho, enteado, fruto do primeiro casamento de Vilma, e o segundo, biológico fruto dos dez anos de convivência com Vilma. “Era um bom pai, trabalhador, tudo para mim. E ia terminar a nossa casa. Agora… aconteceu essa desgraça”, comentou Vilma, entre lágrimas.

A viúva conta que ficou informada, pela manhã, que o marido retirava a areia quando um barranco desabou por cima do corpo dele. Os amigos da vítima, que se encontravam no local, não quiseram ser identificados. Mas confirmaram a versão da viúva. “Ele tava aqui, não imaginou que o barranco ia desmoronar”, comentou um carroceiro. Eles justifica a iniciativa de buscar areia para comercializar. “É nosso ganha pão. Tem uma vereadora de Aracaju que quer proibir, mas como vai ficar nossas famílias que não têm trabalho?”, questiona.

O carroceiro Sidney Silva estava a caminho da residência de Hamilton quando foi surpreendido pela triste notícia. “Êta, eu ia na casa dele agora para a gente fazer um pagamento”, reagiu Sidney Silva, ao ser interrompido pela reportagem do Portal Infonet, que tentava localizar a residência da família da vítima. “Meu Deus. Ele tava desempregado e comprou a carroça tem umas duas semanas e tava tirando arenoso, imagine que fatalidade”,

Há suspeita que a retirada de areia do local é irregular. O terreno fica próximo a uma estação da Companhia de Saneamento de Sergipe (Deso), no bairro Capucho, próximo ao limite com o município de São Cristóvão. Os carroceiros acreditam que o terreno é de propriedade da Deso, mas esta versão não é sustentada pela assessoria de imprensa da Companhia de Saneamento. Segundo a assessoria, a área da Deso não foi afetada pela retirada da areia e a Companhia desconhece o proprietário do terreno.

Por Cassia Santana

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