Alberto Santos Dumont, a flor do Ipê, um verdadeiro sinônimo de superação

No dia 20 de julho do ano de 1873, uma agitação na abóbada celeste podia ser percebida, parecia que as divindades aerópagas se mobilizavam para um grande evento.   A imensidão celeste revestiu-se de um azul risonho, os ventos lisonjeiros sopraram suaves, as nuvens prenhes de auriquilate surpresa emolduraram a emoção da chegada a Terra de um menino sonhador, que veio, em berço de ouro, para instaurar esperança e progresso na mente dos homens. Alberto Santos Dumont, filho de Henrique Dumont e Francisca de Paula Santos, nascera na pacata cidade mineira de Cabangu, Estação de Rocha Dias, Distrito de João Ayres, próximo à cidade de Santa Luzia do Rio das Velhas, hoje cidade de Santos-Dumont, depois de ter sido denominada cidade de Palmira por alargados anos, onde seu pai, Henrique, um engenheiro, filho de franceses, se instalara com a finalidade de construir um trecho da Estrada de Ferro D. Pedro II, atualmente conhecida como Central do Brasil.

Revelou precocemente suas aptidões. Ele se comprazia em dirigir as locomotivas Baldwin, que o seu pai encomendara na Europa para a construção da estrada de ferro, empenhava-se também em consertar a maquinaria das usinas de café de seu pai, quando quebradas, fora fascinado por Júlio Verne, seu escritor, segundo ele, predileto, possuidor de uma imaginação sadia e de concepções audaciosas.

Certa feita, um vento gélido e surpreendente rodopiou por sobre o céu brasileiro e levou à Europa a família de Alberto Santos Dumont, que imigrou em busca de tratamentos termais para o seu pai que havia ficado hemiplégico num acidente de charrete.  Uma das mais preciosas flores do Ipê foi entregue à França, que distraída a recebeu no ano de 1981.

Santos Dumont fora um ilustre brasileiro, estudioso, que em seu aspecto garboso e circunspecto, disfarçava toda a genialidade do seu ser. Genialidade esta, que desabrochou e deu vida ao que um dia foram só especulações e projetos; – criar algo capaz de alçar vôo –  um grande sonho da humanidade: voar feito um pássaro liberto pelos ares do mundo. 

Em 1897, empenhou-se em colocar em prática seu aprendizado e se dedicou a construir uma máquina que voasse de modo controlado. Ele não estava só no intuito de realizar tal façanha. Engenheiros, inventores, cientistas de   todas as partes do mundo mobilizaram-se a fim de conseguir desenvolver tal proeza. 

No dia 19 de outubro de 1901, este genial e arguto inventor brasileiro provou a humanidade que dirigir um aparelho mais leve que o ar era possível. Após, apenas, três anos de iniciados os seus experimentos aeronáuticos, conseguiu construir e alçar vôo em seu dirigível N-6. Esta conquista serviu de estímulo para que pudesse construir o seu mais arrojado projeto: um aparelho que voasse apesar de ser considerado mais pesado que o ar.

Dumont pôs-se a estudar por cinco anos, pesquisando meios e maneiras de concretizar as suas idéias, fazendo projeções, protótipos e experimentos das suas engenhocas. Vários foram os vôos mal sucedidos com as suas primeiras experiências aeronáuticas. Ao adquirir mais conhecimentos e aprimorar as suas invenções, o inventor chega, enfim, ao 14-bis; engenhoca que recebe este nome por ter sido acoplada ao balão nº 14 com o objetivo de avaliar se o aparelho inventado teria equilíbrio para alçar vôo, depois de muitos experimentos e quando se sentiu capaz de controlar as manobras do aeroplano, o inventor se desfez do balão para efetuar vôo. O gênio da aviação havia dado vida a um dos seus mais audaciosos projetos, usando um conjunto de pipas-caixas ativadas por suas próprias forças com o auxílio do vento, possuindo 11,5m de envergadura, 10m de comprimento e 4,81m de altura, apresentando, inicialmente, trem de pouso com três rodas, posteriormente, ficando com duas; não passavam de rodas de bicicleta, com uma distância média de 70 cm entre elas.

O invento fora apelidado pelos franceses de “oiseau de proie” (ave de rapina) ou “canard” tamanha era a sua semelhança com um pato, já os ingleses cognominaram-no de “bird of prey” (pássaro de caça). 

Logo, Santos Dumont realizou seu primeiro vôo. Plainou, no dia 23 de outubro de 1906, sobre o campo de Bagatelle, a dois metros de altura, com uma velocidade média de 41 km/h. Por realizar tal feito fora considerado “o pai da aviação”.    

O céu de Paris se riu. A humanidade voltou-se para tal fato. Na pele do ar parisiense pairou buliçoso um átomo de progresso. Seu aeroplano audacioso farejou o horizonte, o vôo excelso deslizou por entre os francos ares, cujo engenho tinha os estalos da bandeira brasileira e os aplausos da multidão entusiasta de franceses, que deslumbrados observavam a invenção tomar as alturas.

Este vôo mecânico pioneiro cumprira todas as exigências da Federação Aeronáutica Internacional (FAI) e do Aeroclube da França, fazendo com que Santos Dumont arrebatasse além do título de “pai da aviação” mais 3.000 francos do prêmio Archdeacon, instituído em julho de 1906 pelo norte-americano Ernest Archdeacon, com a finalidade de laurear o primeiro aeronauta que obtivesse vôo acima de 25 metros num vôo nivelado.

Em determinado momento, mais precisamente no ano de 1908, o vôo fora contestado pelos irmãos norte-americanos Wilbur e Orville Wright, que afirmavam ser eles os responsáveis pelo primeiro vôo motorizado da história, no ano de 1903, na cidade de Kitty Hawk, na Carolina do Norte (EUA). No entanto é sabido que os irmãos não cumpriram as normas da FAI e do Aeroclube francês, nada foi registrado. Enquanto o vôo de Santos Dumont abordo do 14-bis fora noticiado pelos mais importantes jornais do mundo, além de ter sido registrado em ata oficial pelo Aeroclube francês, de ter sido filmado pela Companhia cinematográfica Pathé e fotografado todos os momentos preparatórios do vôo que lançaria o inventor brasileiro aos ares e agraciá-lo-ia com os louros da vitória.

Assim, esta flor do Ipê, Alberto Santos Dumont, metamorfoseia-se em pássaro e alça vôo liberto pelos ares do tempo, livrando-se dos grilhões que precedem toda e qualquer sublime invenção, imprimindo na História a sua marca, firmando-se como um verdadeiro exemplo de persistência, engenho e gênio.

Por Gustavo Aragão

 

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Referências das fontes utilizadas para a elaboração do texto:

https://.cabangu.com.br/pai_da_aviacao/0-roteiro/pg00.htm

https://.vidaslusofonas.pt/santos_dumont.htm

http://jbonline.terra.com.br/destaques/santosdumont/dumont6.html
https://.cabangu.com.br/pai_da_aviacao/
 
https://.cavok.net/aviacao/historia/dumont/polemica.html
https://.cavok.net/aviacao/historia/dumont/infancia.html
https://.firstflight.org/shrine/santos_dumont.html
https://.biblio.com.br/Templates/santosdumont/oqueeuvi.htm

http://inventabrasilnet.t5.com.br/aviao.htm

Texto extraído do livro Alberto Santos-Dumont – Eu naveguei pelo ar dos autores João Luiz Musa, Marcelo Breda Mourão e Ricardo Tilkian, editado em português no ano de 2001.

https://.ponteiro.com.br

 

 


 
 

 


 

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