Arte e Vida de José Fernandes

Acaba de sair o livro Arte e Vida de José Fernandes, com o apoio da Lei Municipal de Incentivo à Cultura. O lançamento oficial ainda não tem data marcada, mas será juntamente com a abertura da exposição que o artista está preparando, com uma temática voltada para a abstração. O livro , escrito pelo jornalista e escritor Ailton Cardoso, tem fotos de Dinho Duarte, que também é o idealizador e coordenador do projeto, que já lançou livros de vários artistas, a exemplo de Melcídades, Pythiu e Zeus. A apresentação é de Carmem Elizabeth Pousada, coordenadora do Museu de Arte Moderna de Higienópolis, São Paulo, que já assegurou presença no lançamento. Sergipano, de Lagarto, José Fernandes fala de sua infância, os primeiros desenhos, sua arte, seu engajamento político e projetos que anseia desenvolver. O PRIMEIRO DESENHO SIGNIFICANTE Eu estava no Minigolf, quando vi um senhor. Parecia ser um mendigo, ou alguém muito triste e cansado. O desenhei e resolvi passar para uma tela de estopa, que eu mesmo preparei. Quando terminei, descobri o que eu queria fazer na vida. Foi como se um fulgor, um clarão, tomasse a minha mente. E naquele instante percebi como seria minha trilha. Aos nove anos de idade descobri, fascinado, que começava a entrar em um mundo novo, de cores e emoções. OUTRAS ATIVIDADES Antes de se tornar um artista plástico profissional, José Fernandes tentou outras atividades. Trabalhou como desenhista em uma fábrica de tecidos, foi operador de telex na Agência Nacional de Notícias (atualmente Empresa Brasileira de Notícias) e auxiliar de restauração do Museu de Arte Sacra. Mas o chamamento para a sua arte foi mais forte. Eu tinha que decidir se queria um emprego fixo ou me dedicar ao dom que Deus me deu. Pensei muito e optei pela arte. Percebi, com uma sensação nova, que nenhum salário seria capaz de superar a felicidade de poder pintar, que nenhum salário poderia ser melhor do que o momento impetuoso da criação de um mundo de cores e sentimentos. A POMBA É comum associar-se o trabalho de José Fernandes às pombas, que são o símbolo universal da paz, do amor, da harmonia e da fraternidade. E foi a mão do destino, no suspiro do vento de uma manhã fria, que levou uma pomba até ele. Eu costumava acordar cedo para pintar, e sempre uma pomba branca pousava e ficava no muro do ateliê, todos os dias, na mesma hora. Ela ficava ali, muito tempo, como se quisesse me dizer alguma coisa, como se quisesse fazer parte de mim, como se quisesse pedir para entrar na tela. Então comecei a colocá-la nos trabalhos, e o resultado foi fenomenal. SUA ARTE Muitos críticos, artistas e admiradores, já tentaram definir a arte de José Fernandes, o que não é uma tarefa fácil, porque a cada quadro novos traços são criados e novas internalizações de cores são visualizadas nas diversas temáticas. Ele diz que tem tendência expressionista, mas não gosta de rótulos. E acha que a sua arte tende para o abstrato, que é uma arte abstraída. Hoje a minha arte caminha para o abstrato. Pode-se dizer que é uma arte abstraída, em um trabalho de abstração. E cada vez mais uso pinceladas soltas e rápidas; não fico me descabelando em frente à tela. O ARTISTA E A POLÍTICA Quando José Fernandes decidiu se envolver com a política partidária muitas pessoas estranharam. Mas ele sempre teve uma atuação política, sempre usou o seu trabalho para externar o sentimento do povo. E crê que a realização de grandes projetos culturais só será possível com um engajamento político. Ele sonha com galerias de arte e teatros em bairros, conjuntos habitacionais e na orla marítima, para aproveitar o fluxo turístico, interno e externo. Sonha também com a realização de Encontros Culturais, a exemplo do que coordena no Bairro Inácio Barbosa. Antes de tudo, é necessário uma política social séria e contínua, pois a sua falta atinge diretamente a cultura, porque é quase impossível uma criança se preocupar, por exemplo, com pintura, música, literatura, se está com fome, se não tem moradia digna, se o pai está desempregado, se não tem uma escola, se não tem saúde. Conhecido nacionalmente e internacionalmente, José Fernandes já ganhou vários prêmios, sempre divulgando o nome de Sergipe e recebendo elogios da crítica especializada e da mídia. Sobre ele, o Jornal Zero Hora, de Porto Alegre/RS, assim se expressou: “A brasilidade, o lado onírico na pintura, está no trabalho do sergipano José Fernandes”.

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