Cantinho Doce (O dom da vida)

É num calmo e belíssimo interior do Estado de Sergipe, que está situada a fazenda Cantinho Doce, é linda, cercada de muito verde, muitas vidas…A natureza se torna ainda mais bela neste lugar, e dalí é possível sentí-la bem de perto. Nesta fazenda mora um casal de velhinhos, D. Maricota e Vô Martins, são duas pessoas maravilhosas, amáveis, solidárias, e estes escondem …muitos segredos. Seus três netinhos, Dário, Anjinho e Vitória, no período das férias de final e meio de ano vão para lá. È uma festa, D.Maricota e Vô Martins se realizam ao encontrar os netinhos. A vovó Maricota é uma mulher super prendada, faz de tudo um pouco, crochês, bordados, tricôs, mas ela é especialista mesmo é no preparo de doces, …hum seus doces fazem um maior sucesso por toda região. É uma cozinheira de mão cheia, sempre muito amável, simpática, não tem distinção de nada nem de ninguém. Vive a sorrir, as vezes chama atenção dos netinhos quando nota que algo há de errado, mas faz isso para o bem deles, ama os netos e dar a eles muito amor, carinho e atenção, tudo que uma criança necessita. Já Vô Martins é um homem muito trabalhador e brincalhão, adora contar histórias para os netos. Ele é marceneiro e vive dentro de seu quartinho, onde ele cria muitos brinquedos, móveis e tudo que a imaginação dele permiti, tudo é feito de madeira ou de materiais recicláveis.

OS NETINHOS CHEGARAM!!!

Numa bela manhã de sexta-feira, os passarinhos cantavam belissimamente, pareciam anunciar a chegada de uma grande felicidade. D. Maricota estava na cozinha fazendo seus doces, doces estes que foram encomendados por um senhor da capital. Ela fazia-os com muito carinho e cantava baixinho uma de suas músicas, quando de repente escutou o barulho de um carro se aproximando. Então, de ponta de pé espiou pelo basculante da cozinha para ver quem estava chegando. Eram seus netinhos. Estavam chegando para passar as férias.

– Maricota! Vem ver. Nossos netinhos chegaram!!! –  Vô Martins gritava de  alegria.

Ela largou tudo na cozinha e foi até a porta recebê-los. Os dois sorriam e pareciam duas crianças depois de ganhar um presente. Irradiavam alegria. Os netinhos ao descerem do carro, cheios de malas, logo correram para abraçar seus avós. Todos se cumprimentaram com beijos e abraços,  vô Martins de imediato os chamou para entrar. D.Maricota e os meninos entraram, enquanto isso, seu Martins pagou o táxi, agradeceu ao motorista e entrou todo feliz. Ao chegarem lá dentro, vovó Maricota os acomodou em seus quartos. As crianças, como sempre muito curiosas foram até o quartinho, onde ficava instalada a marcenaria. Olhavam impressionadas todos aqueles brinquedos feitos pelo vovô. Eram lindos, coloridos, todos feitos de madeira. Então, não pensaram muito, até pedir uns daqueles para que pudessem brincar. Seu Martins, como sempre muito bondoso, deu a cada um de seu netinhos, um brinquedo. Dário ganhou um belo caminhão, Anjinho ganhou uma linda bonequinha e Vitória também ganhou uma boneca, mas esta era um pouco diferente da bonequinha de Anjinho. Todos felizes foram brincar perto de um lago que ficava no quintal da fazenda, onde seus avós criam alguns patos. Num determinado instante, Dário disse:

– Vamos ler os livros de historinhas da vovó? Já estou cansado de brincar com este caminhão.

– Ótima idéia! Vamos pedir para que o vovô leia pra gente? – disse Anjinho aceitando a idéia.

– …Ah não. Logo agora quando a brincadeira estava ficando boa – reclamou Vitória.

– Vamos. Vai ser bom! O vovô conta histórias muito bem, quando ele conta até pareço está dentro da história. Vamos? – disse Anjinho insistindo.

– Está bom. Vocês venceram. Vamos…– Vitória saiu ainda inconformada.

Eles saíram correndo e gritando, chamando Vô Martins para contar-lhes estórias. Foram em direção a instante da sala e procuraram algum livro para que Vô Martins pudesse ler e contar a estorinha pra eles. Enquanto procuravam encontraram dentro de um daqueles inúmeros livros, um papel meio amarelado, parecia ser algo antigo. Então, Dário por ser o mais velho da turminha e por saber ler um pouco mais que suas irmãs pegou o papel e se afastou um pouco para ler reservadamente. Ele desdobrou o papel e começou a lê-lo. Surpreso com o que estava escrito chamou suas irmãzinhas para que pudessem saber o que estava dizendo aquela carta.

– Anjinho, Vitória! Vejam! Vou ler o que está escrito neste papel. Prestem atenção.

Maricota,

Tem uma coisa que preciso lhe contar. É um segredo que guardei por toda minha vida, mas não posso morrer sem antes contar pra alguém este segredo. Estou velha, sinto que não tenho muito tempo de vida, então, resolvi passar pra você, minha filha, que és minha herdeira. Minha mãe, antes de ir dormi lá no céu me passou este segredo. Disse ela que isto vem passando de geração para geração. Eu me sinto na obrigação de continuar com esta tradição da nossa família. Passo a você através desta carta a receita de uma porção mágica, que poderá dar a vida a qualquer coisa que você quiser, a um objeto, a uma flor, a qualquer coisa. Basta seguir a receita passo a passo que não tem erro… 
 

– Dário lia a carta até o momento que fora surpreendido por sua avó.

– Menino, o que é isto?! Que papel é este? – perguntou D.Maricota ao ver de longe.

– Não é nada vovó – disse Dário disfarçando e guardando o papel em um dos livros.

– É que nós estamos procurando uma estorinha para o Vô contar pra gente – disse Vitória meio sem graça.

– Está bom crianças – sorri – Preciso acabar meus doces. Qualquer coisa é só me chamar – diz D. Maricota se dirigindo a cozinha – Essas crianças, hum… – falando em voz baixa.

– Essa foi por pouco. Quase que ela nos pega vendo seu segredo. Mas continua lendo Dário… – falou Anjinho aliviada e ainda muito curiosa pra saber mais sobre o que estava escrito naquela carta.

– E agora? Eu não sei onde eu coloquei a carta. Tem tantos livros aqui – meio confuso. 

Começaram a procurar o papel, passavam folha por folha de cada livro. Depois de um instante foram surpreendidos novamente por um chamado da vovó Maricota.

– Crianças! Venham aqui na cozinha. Tenho um presentinho pra vocês – gritou D.Maricota.

Ao escutarem o chamado da avó saíram correndo e foram até a cozinha. Ao chegarem lá, D. Maricota perguntou:

– Quem quer comer? Vocês aceitam provar os meus doces? Estão uma delícia. Tem doce de coco, de banana, goiaba e muitos outros. Vocês querem?

– Eu quero de coco – disse Anjinho de imediato.

– Eu quero de banana – falou Vitória logo em seguida.       

– Vovó que doce é este? – perguntou Dário mostrando um dos potes.

– Esse é de chocolate. Você quer? – perguntou D.Maricota.

– Claro …hum deve estar uma delícia – falou Dário lambendo os lábios.

– Se querem doces vão ter que ir buscar as colherinhas e os pires lá no armário – falou a vovó.

Todos obedecendo-a foram correndo até o armário e pegaram os pires e as colherinhas. Vitória foi a última a pegar a colher e o pires, mas na grande vontade de comer o doce foi para mesa as pressas e deixou a porta do armário aberta. D. Maricota ao notar que a porta do armário estava aberta, disse:

– Vitória, vá fechar a porta do armário, pois ela está aberta. Se ela ficar aberta pode entrar alguma barata ou algum bichinho.

-Já vou vovó – disse Vitória indo fechar o armário.

Quando começou a fechá-lo, Vitória notou um frasquinho preto no canto direito de lá do fundo do armário e curiosa pegou o frasco e perguntou:

– Vovó, o que é isto? 

– Não pegue nisto, Vitória. É um remédio – meio sem jeito e confusa.

– Hum… Por favor vovó, nos diga. Por que tanto mistério? – disse Anjinho, curiosa.

– Por que os mais velhos sempre pensam que nos engana? Somos crianças, mas também somos sabidos o bastante para saber quando um adulto nos engana – disse Dário com ar de brincadeira.

– Está bem crianças – rendendo-se a tantas perguntas – Esta é uma porção mágica, que a minha mãe me deu antes de ir dormir lá no céu. Satisfeitos? – disse D. Maricota revelando o segredo.

Todos juntos disseram, sorridentes:      

– Satisfeitos!!!

– Mas lembrem-se crianças, estão proibidos de pegar neste frasco. Pois esta é uma porção muito perigosa. Combinado? – disse D. Maricota pegando o frasco da mão de Vitória e colocando-o em cima do armário da cozinha.

– Combinado! – disseram as crianças meio tristes por não poderem pegar no frasco da porção.

Logo depois, vovó Maricota colocou o doce nos pires e as crianças comeram todo o doce até rasparam os pires e lamberam os lábios.

– …Hum. Estão deliciosos, Vovó! – disse Anjinho ainda saboreando.

– Muito obrigada, Anjinho – Maricota, sorri satisfeita – que bom que gostaram. Agora vão brincar. Preciso terminar a minha encomenda. Quando eu terminar lerei uma estorinha pra vocês. 

– Oba!!! – as crianças saíram da cozinha gritando de felicidade.

– Estas crianças são mais espertas do que pensamos – D. Maricota falava baixinho, sorrindo.

Enquanto vovó Maricota terminava a sua encomenda e Vô Martins trabalhava em sua marcenaria, as crianças brincavam de esconde-esconde no quintal da fazenda. Quando de repente, Vitória disse:

– Ei. Anjinho, Dário. Esperem um pouco. Venham cá – chamando-os.

– O que foi agora, Vitória? Estava tão bom. Encontrei um esconderijo maravilhoso! – dizia Dário meio cansado e ainda no ritmo da brincadeira.

– Diz logo Vitória – disse Anjinho com sua voz cansada e meiga, como sempre.

– A vovó nos disse que naquele frasco tem uma porção mágica. E vocês se lembram o que ela pode fazer com esta porção? – disse Vitória.

– Não. – falaram Anjinho e Dário ao mesmo tempo.

– Vocês não lembram? – retrucou Vitória.

– Não. – repetiram.

– A carta dizia que aquela porção mágica poderá dar vida a um objeto, a uma flor, entre outras coisas mais.

– Sim e daí? – disse Dário.

– Por que a gente não pega pra brincar. Deve ser legal. Dar a vida a uma flor. Como deve ser uma flor falante? – disse Vitória entusiasmada.

– Vitória, a vovó disse que é perigoso. E que a gente está proibido de pegar o frasco. Não vou desobedecer a vovó. É feio – disse Anjinho com medo do que poderia acontecer.

– É feio. É feio – Vitória falava, imitando Anjinho debochando – Você é muito medrosa. Pois eu vou pegar aquele frasco e vou dar a vida a minha bonequinha, e depois não venha me pedir emprestada, viu? – disse Vitória, teimando.

– A vovó pode brigar. E como é que você vai pegar o frasco? – perguntou Dário.

– Não vou dizer. Vocês não querem ir comigo? – disse Vitória com raiva.

– Vitória, se você abrir o frasquinho preto da porção da vovó. Vai sair um mágico de lá de dentro e vai lhe pegar, vai soltar um jato de estrelas nos seus olhos e você vai dormir …profundamente. E ele vai levar você pra dentro do frasco. Depois que você acordar não vai conseguir sair de lá… uuuu… – falou Dário com uma voz de fantasma, tentando assustar Vitória para que ela não fosse pegar o frasco da porção mágica.  

– Hum, não tenho medo de fantasma mesmo – falou Vitória com muito medo, mas se fazendo de corajosa.

– Então vá, mas depois não diga que a gente não avisou – falou Anjinho.

– Pois eu vou – ainda teimando saiu em direção a cozinha.                            

Vitória foi em direção a cozinha, Dário e Anjinho ficaram olhando de longe se ela ia mesmo para dentro de casa. Quando Vitória entrou, Dário e Anjinho deram a volta no quintal e foram espiar pelo basculante pelo lado de fora. Colocaram dois caixotes, um sobre o outro, e ficaram espiando caladinhos se Vitória teria mesmo a coragem de pegar o frasquinho.

Contudo, quando Vitória chegou na cozinha, não tinha ninguém, então, ela pegou uma cadeira e encostou-a no armário, mas mesmo de ponta de pés na cadeira não conseguiu alcançar o frasco. Tentou de várias maneiras alcançá-lo, mas não conseguia. Quando ela conseguiu tocar ao menos os dedos fora surpreendida por sua avó e por seu avô.

– Vitória, o que está fazendo?

– Nada vovó. Só estava brincando de ser gigante, por isso subir na cadeira. – disse Vitória meio sem graça e confusa.

Os avós sorriram, enquanto isso Dário e Anjinho sorriam baixinho, mangando dela, do lado de fora ainda espiando pelo basculante. 

O sol já estava indo dormi, a cor laranja se esparramava no céu, ao som das cigarras e dos pássaros que se recolhiam para seus ninhos. A escuridão ia tomando lentamente, conta do lugar e este lugar ia sendo clareado pela luz da lua nova, que ia tomando conta do céu, os grilos cantavam e pareciam não cansar. Todos  já haviam tomado banho e se arrumado para jantar. A mesa estava pronta, farta como sempre, com bolo, sucos, frutas, pães, café, doces e muito mais. Tudo era feito com muito carinho pela vovó Maricota. Sentaram-se todos a mesa. Fizeram uma oração agradecendo os alimentos e começaram a comer. Comeram até ficar de barriga cheia. E então, Vô Martins convidou todos para que sentassem na varanda para que ele pudesse contar uma estória. Todos foram para varanda e se acomodaram por lá. Vô Martins contou com muito empenho uma belíssima história chamada “O Mundo Mágico”, ao terminar de contar a historinha Vô Martins notara que todos estavam dormindo sentados. Então, os chamou com cuidado e pediu para que fossem para o quarto. Depois de acomodar todas as crianças no quarto, ele fechou toda a casa e fora dormir.

É Madrugada

Eram 3 horas da madrugada, quando Vitória se levantou com muita sede e fora na cozinha beber água. Fora em passos silenciosos, bem devagarzinho para não fazer barulho. Chegando na cozinha pegou um copo foi ao filtro e esperou um instante, meio sonolenta, até o seu copo encher. Depois tomou sua água e quando ia saindo da cozinha, já quase sem sono, lembrou-se :

– Agora posso pegar a porção! Todo mundo está dormindo.

Então pegou uma cadeira e um banquinho. Encostou a cadeira no armário, depois colocou o banquinho em cima da cadeira e subiu cuidadosamente, com a perna meio trêmula, pois estava com muito medo. Conseguiu, enfim, alcançar o frasco da porção. Pegou cuidadosamente, colocou-o dentro do bolso de sua camisola, e ao descer da escadinha improvisada colocou tudo no lugar. Depois fora correndo na ponta dos pés para o quarto onde estava dormindo.

Chegando lá, tentou acordar Dário e Anjinho. 

– Dário acorde. Acorde, acorde… – mexia neles com as mãos, tentando acordá-los – Anjinho acorde, acorde. Consegui pegar o frasquinho… 

Dário e Anjinho, meio assustados, acordaram. 

– O que é que está acontecendo? – disse Anjinho.

– É esta Vitória. Até parece um furacão… Não para de falar.

– Ah… Vocês deveriam me agradecer, viu? Eu consegui pegar a porçãozinha da vovó! – entusiasmada – O que vocês acham de testarmos ela? Pra ver se ela funciona, mesmo?

– Acho melhor, não. Pode ser perigoso – disse Dário com medo.

– É verdade, Vitória – disse Anjinho.

– Vamos testar num lápis. Só pra a gente ver se dar certo – pedia Vitória de joelhos e mãos juntas – …Vamos? 

– Tá bom. Eu aceito , mas só num lápis, tá legal? – falou Dário curioso, mas ainda com medo.

– Eu também aceito. Mas só no lápis – disse Anjinho.

– Maravilha!!! Vocês são os melhores irmãos do mundo!!! – abraçou o irmão e a irmã beijando-os – Obrigada, obrigada. Vocês não vão se arrepender.

– Agora precisamos de um lápis – disse Dário começando a se entusiasmar.

– Eu tenho um, e, é novinho. Está na minha mala – disse Anjinho indo buscar o lápis.

Pegaram o lápis e sentaram-se no chão. Colocaram o lápis sobre o tapete e Vitória disse:

– Vou gotejar a porção em cima do lápis. Deve ser assim.

– Pingue de uma em uma gota – disse Anjinho.

Então, Vitória começou a pingar sobre o lápis, gota por gota. Gotejou duas vezes, e notou que o lápis começou a crescer, a crescer… Quando eles menos esperavam, o lápis tentou levantar-se como se estivesse acordando de um sono profundo. Mas ao tentar levantar caiu. Parecia não ter firmeza nas pernas, ele abria lentamente os olhos e fazia gestos suaves com rosto. Tentou mais uma vez levantar-se, mas por mais uma vez caiu. Enfim, depois da terceira tentativa, conseguiu se levantar. As crianças ficaram de boca aberta, não  conseguiam acreditar no que estava acontecendo. Ficaram paradas com um pouco de medo e muito curiosas. Não sabiam o que fazer, como agir. Ficaram confusas. Depois de alguns segundos o lápis falou ainda com um pouco de dificuldade:

– Oiii. Como vão vocês? Me chamo Laponildo. Um senhor lápis ao vosso dispor. Muito obrigado por ter me dado a vida – tentou dar algumas passadas ainda meio desengonçado.

– É… Você tem nome? – impressionada por ver o objeto falar – Você consegue andar?! Meu Deus!

– Claro. Tenho inteligência, como vocês – tentando ainda se acostumar com os movimentos.   

– Não acredito no que estou vendo. Ninguém vai acreditar quando eu disser – disse Dário.

– Você consegue ler, escrever? – perguntou Anjinho, curiosa.

– Claro que sim. Sou super inteligente. Mas acho que vou demorar um pouquinho, até me acostumar com todos estes movimentos – sorri. 

– É incrível!!! Demos vida a um lápis. Um lápis falante, que além de falar, escreve, anda, pensa…. – disse Vitória com um sorriso nos lábios.

– E brinca também – disse o lápis acrescentando.

Enquanto o lápis ia descobrindo os movimentos. Anjinho chamou Dário e Vitória e disse:

– Venham cá! – abraçando-se os três – Como vamos explicar o que aconteceu hoje, a vovó e ao vovô? Ela não vai gostar nada disso. Ela disse que não era pra a gente mexer na porção .

–  É verdade – disse Dário preocupado.

– Crianças – Laponildo chamou-as – O que vocês estão conversando?

– Nada. Estávamos apenas comentando como você é tão… – disse Vitória meio confusa. 

– Não precisa se explicar – já conseguindo andar e se movimentar normalmente – Mas… O que vocês estavam fazendo antes de me darem o dom da vida? – falava sorridente.

– É… Estávamos dormindo – disse Anjinho.

– Ah… Dormindo?

– Sim dormindo. – Vitória faz gestos tentando explicar.

– Sei sei… 

– Acho melhor irmos dormir, agora. Amanhã decidiremos o que fazer – disse Dário com sono e bocejando.

Todos se deitaram cada um em sua cama. E laponildo deitou-se no pé da cama de Anjinho. Pegaram no sono.

Amanheceu. E agora?

Sol nascia lentamente, os pássaros cantavam, a neblina ia se dispersando aos poucos. O dia estava lindo. As crianças ao acordarem notaram que Laponildo observava tudo pela janela. E Vitória ainda meio sonolenta, perguntou:

– Laponildo. Bom dia. O que está olhando?

– Bom dia. Querida…

– Vitória. 

– Vitória, bonito nome. Vejo daqui, como é bonito este lugar. Estes pássaros, todas estas árvores, flores, o azul do céu, estes animais. Este mundo é mesmo muito belo – passando as mãos sobre a barriga – Estou com uma fome.

– Um lápis com fome. Só pode ser sonho – disse Dário parecendo ainda duvidar do que estava vendo – Bom dia Laponildo.

– Bom dia. Como é mesmo o seu nome?

– Meu nome é Dário.

– Ah… Dário…

– E o meu é Vera, mas todos me chamam de Anjinho. – intrometendo-se – Bom dia. 

– Vocês são maravilhosos! Mas estou com tanta fome… – disse Laponildo.

– Espere um pouco. Nós vamos buscar algo pra você comer. Espera só um instantinho – disse Vitória.

As crianças saíram do quarto, foram ao banheiro, escovaram os dentes bem escovadinhos e foram direto à cozinha. Chegando lá encontraram seus avós sentados à mesa tomando café. Então se sentaram a mesa e pediram a benção de seus avós e começaram a comer. Comiam bastante e escondia um pouco de frutas no bolso de suas roupas. Ao terminarem de tomar o café foram para o quarto trocar de roupas. Chegando lá, não encontraram o Laponildo. Todos muito preocupados saíram desesperadamente a procura dele. Procuraram por todas as partes da casa. Mas ao chegarem do lado de fora da casa, no lago da fazenda. Encontraram Laponildo dando comida aos patinhos. Então as crianças aproximaram-se dele e disseram:

– Laponildo, você não deveria ter saído do quarto. Se não os nossos avós vão descobrir você. Eles não podem saber que você está vivo – disse Vitória o conduzindo para o quarto.

Mas antes de chegarem na metade do quintal escutaram os gritos da vovó Maricota.

– Crianças!!! Venham cá! – D. Maricota apareceu na varanda.

– Agora ela descobre. E vamos levar a maior bronca. Tudo isso por causa de Vitória – disse Dário.

– Ah… NÃO. Todos os três participaram. Todos os três desobedeceram. E agora temos que encarar essa situação, juntos – disse Vitória.

– Dário, Vitória, Anjinho!!! – D. Maricota gritava da varanda – O que vocês estão fazendo aí? Quem este aí? Já falei para não brincar com estranhos. Venham cá! 

Todos foram até a varanda. Chegando lá, D. Maricota, disse:

– Quem é este amiguinho de vocês? E por que é que ele está fantasiado de lápis. 

-…É vovó. Este …é mesmo um amiguinho nosso – disse Vitória meio confusa e sem graça – Ele chama-se…

– Laponildo ao vosso dispor – fazendo um gesto de cordialidade com as mãos.

– Fantasia bem feita, hein, seu Laponildo?

-…É vovó. Você gosta da gente, não gosta? – perguntou Anjinho.

– Claro que sim, Anjinho. Dou minha vida por vocês.

– A senhora não ficaria de mal da gente? – disse Vitória.

– Mas por que ficaria, meu amor?

– Mesmo se nós desobedecêssemos a senhora? – disse Dário.

– Mas eu não estou entendo. Por que tantas perguntas?

– Vovó nós desobedecemos a senhora. – disse Anjinho – A senhora pode até nos castigar se quiser…

– O que vocês fizeram de tão errado?

– Eu peguei sua porção mágica …e dei vida ao lápis. Pronto foi isso. – disse Vitória.

– Não acredito. Vocês não podiam ter mexido naquela porção. Eu disse que poderia ser perigoso. Vocês me desobedeceram – falou D. Maricota, triste.

– Vovó, nos desculpe. Eu só queria ver como seria um lápis falante. Estava curiosa – disse Vitória.

– Nos perdoe vovó. Jamais faremos isto outra vez, sem que a senhora deixe – disse Dário.

– Crianças, vocês têm que obedecer a seus pais. Eles os ama e só querem o seu bem. Vocês têm que obedecer os mais velhos como eu e o Vô Martins, pois por sermos mais velhos sabemos o que é bom ou o que é ruim. Sabemos quando é perigoso ou não. Até que vocês mereciam um bom castigo, mas não vão ter. Desta vez eu relévo. Mas vão ter que me prometer que apartir de hoje não vão mais desobedecer as pessoas mais velhas que vocês. Estão perdoados – disse D. Maricota como sempre muito amável e chamando a atenção das crianças.

– É!!! Fomos perdoados!!! Conseguimos!– todos festejavam incluindo até o Laponildo.

– Agora me prometam.

– Prometemos de todo coração jamais desobedecer aos nossos pais, aos nossos avós e as pessoas mais velhas que a gente – prometeram todos estirando o braço pra frente.

– Promessa é dívida, hein, crianças? – disse a vovó com um sorriso nos lábios.

– Então, deixe eu apresentar a senhora o nosso novo amiguinho – disse Anjinho.

– Ah… não. Eu apresento. Fui eu quem deu a vida a ele – disse Vitória fazendo encrenca.

– Ah… Eu também quero apresentar – disse Dário.

As crianças discutiam e puxavam Laponildo de um lado pro outro. E ele disse:

– Crianças, parem de me puxar pra um lado e pra outro. Se não desse jeito vou desmontar – disse Laponildo soltando-se dos braços das crianças – Para não haver brigas, eu mesmo me apresento. 

– Ah… Assim não vale… – disseram as crianças todas ao mesmo tempo.

– Vovó, eu me chamo Laponildo. Sou um lápis muito bonito, porém muito inteligente, modéstia parte. Seus netos me deram o dom da vida. Sei ler, escrever. A leitura é um alimento para nossa alma. …É quer dizer pra vida de todos vocês. É com ela que todos os seres humanos, sejam crianças, adultos ou velhinhos se desenvolvem. Quem lê viaja por mundos super interessantes, pelo grande mundo da imaginação. 

– Parabéns! – D. Maricota juntamente com seus netinhos os aplaude.

– Ah… Vovó. Gostaria de pedir um favorzinho a senhora. Me deixe viver aqui neste lugar. É um dos lugares mais belos do mundo. Pode ter certeza disso. Cercado de vidas… hum e tem um cheirinho delicioso de jasmins.

– É verdade. Mas quanto a você ficar morando aqui conosco…

– A vovó deixa vai. Ela é tão boazinha, além do mais, inteligente – disse Anjinho tentando convencê-la.

– …É – disse D. Maricota fazendo um suspense – É claro que eu deixo. Gostei muito de seu Laponildo. E como eu poderia negar a um pedido dos meus netinhos queridos – dirigindo-se a Laponildo – Seu Laponildo, apartir de hoje sinta-se em casa.  O adotarei como um filho ou um neto meu. Seja bem vindo “A fazenda Cantinho Doce”. Apartir de hoje, você fará parte da nossa família.

Todos festejaram. Pulavam de alegria, se abraçavam e se beijavam num gesto de nova amizade que surgira. Repentinamente, Vô Martins surge na varanda e pergunta:

– O que está acontecendo? Que barulho é este? Quero participar desta festa também.- olha para Laponildo – Quem é este aí?

– Essa é uma história …longa. Depois eu te conto – D. Maricota sorri.

– Não estou entendendo nada. Mas se vocês estão felizes, não deve haver nada de errado – entra na festa.

– Mas… esperem aí. Como foi que você pegou o frasquinho, hein, Vitória? – perguntou vovó Maricota.

– Ah… Essa é uma história …longa. Depois eu te conto – disse Vitória soltando uma gargalhada.

Todos riram sem parar. E apartir deste dia formaram um belo vínculo de amizade. Uma amizade tão forte, que até Dona Maricota, pensa que esta amizade é pra sempre.  E as crianças e Vô Martins não discordam disso. Laponildo, enfim, ganhou uma linda família. 

Gustavo Aragão Cardoso

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