Casamento caipira reúne mais de mil pessoas no Sapé

Aos 61 anos de idade, Roselina dos Santos, a dona Rosa, como é mais conhecida, não perde o pique. Há 15 anos, sempre no dia 31 de julho, ela realiza o casamento caipira do povoado Sapé, no município de Santo Amaro, movimentando mais de mil pessoas. “Eu sempre achei bonito a idéia do casamento caipira, então falei com um primo meu, o Carlos Carroceiro, e resolvemos providenciar o casamento todos os anos”, conta. Além do casamento, a quadrilha Asa Branca, trio pé-de-serra, bandas e fogos de artifício fazem parte de todo o processo do casório matuto.

Segundo dona Rosa, todo o pessoal se reúne no povoado Areia, por volta das 15 horas, e segue de cavalo, automóvel, carroças, burricos e até de trator para o povoado Sapé, quando, então, é realizado o casamento caipira com direito a queima de fogos. “É muita gente, perco até a noção da quantidade, e minha família está sempre no meio da multidão. São primos, filhos, netos, sobrinhos, todos gostam da festa, fico até nervosa para falar ao microfone”, diz, lembrando os dez filhos que tem e que ajudam na produção da festa.

Orgulhosa, dona Rosa diz que se sente muito feliz e realizada com o casamento junino, segundo ela, a única festa que movimenta o Sapé durante todo o ano. “Ah, é muito bom ver aquele povo todo se divertindo, é uma maravilha”, comenta, ao acrescentar que gostar de festejos é algo que está no sangue da família. “Quando eu era pequena, meu pai gostava muito de brincadeira e de assisitir aos casamentos caipira e ao Reisado, então fui tomando gosto e hoje eu mesmo realizo as duas manifestações”, revela.

DIFICULDADES – Há dez anos, ela também criou e mantém o único grupo de Reisado do povoado, o Reisado de Roselina do Sapé. “Eu acho muito importante essas manifestações e espero que elas nunca acabem, mas está um pouco difícil sem o apoio das pessoas”, diz. Este ano, dona Rosa disse que está meio desanimada e pensando até em “dar um fim” no casamento caipira. Segundo ela, é muita despesa, os comerciantes e o poder público municipal não estão querendo ajudar, o que a deixa numa situação difícil.

Em decorrência das dificuldades, dona Rosa faz um apelo às pessoas que possam ajudar na festa. As roupas dos quadrilheiros já estão velhas, pricipalmente a da noiva e a do noivo. “Eu queria também que alguém pudesse filmar a minha festa, ficaria muito agradecida se algum pesquisador fosse lá registrar o nosso casamento, que é uma manisfestção popular muito bonita e tradicional”, apela, dizendo que qualquer pessoa pode ligar para seu telefone (79 9967-3357) para ajudar.

DISPOSIÇÃO – Sempre determinada, durante sua vida, dona Rosa participou de festas, quadrilhas e outras comemorações do seu e dos povoados e municípios vizinhos. “E tudo a cavalo. Sempre fui para Maruim, Rosário do Catete, povoados Frexeira, Planta, onde minha prima também faz casamento caipira, Boa Fé, entre outros”, revela, ao lado do netinho Mateus Henrique, de 5 anos. “Este aqui mesmo, vai sair no casamento caipira montado numa égua. É mais um da família que começa a brincar”, conclui.

Por José Mateus

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