Conheça Originários; a primeira série indígena de Sergipe

Sergipe, o menor estado do país, é terra indígena, assim como todo o território brasileiro, que, com o violento processo colonizador dizimou centenas de etnias e histórias dos povos originários. Pensando neste processo, em buscar resgatar e registrar essa memória ancestral, surge a primeira série indígena do estado, Originários. Com recursos da Lei Paulo Gustavo, a partir do Edital de Chamamento Público nº. 06/2023 – Tarcísio Duarte, para apoio a produção de obras audiovisual, Originários é uma produção da Aláfia Cultural, e sua temática é pertinente à nossa sociedade que busca cruzar a contemporaneidade com as sabedorias ancestrais, e poderá trazer atenção ao estado de Sergipe.

A série contará com 6 episódios com histórias e narrativas contadas a partir da ótica dos povos originários e das aldeias que resistem em solo sergipano. A direção é feminina, com a diretora e multiartista Héloa e com a diretora e produtora executiva, Daniella Hinch, que pretendem, durante este ano de 2025, percorrer os territórios das etnias Xokó, Kariri-Xocó e Fullkaxó, ouvindo lideranças, histórias de luta, de tradição, repleto de musicalidade, cores e belezas desses povos que vivem à margem do Rio São Francisco, conhecido pelos povos indígenas como Opará.

De acordo com Héloa, a sua retomada ancestral já dura mais 20 anos em um processo contínuo. “Eu costumo dizer que a retomada é um processo contínuo e que, ao meu ver, precisa ser guiada por e ligada a um território. Eu acredito que, mesmo aqueles que nasceram, cresceram distantes dos territórios, distantes dos aldeamentos e que buscaram retomar esse lugar da sua ancestralidade, precisam sempre entender que as aldeias, enquanto espaços de resistência e luta, são os principais lugares de salvaguarda da tradição e é no território onde a nossa memória vai ser abastecida para que a gente possa se reconhecer e buscar um novo modo de viver, recontando e retomando a história ancestral”, ressaltou.

A diretora da série e artista afroindígena destaca a importância da iniciativa em Sergipe como parte de seu processo de retomada, um processo que ela pontua que deve ser guiado por lideranças ou por algum povo que resiste em solo ancestral brasileiro, como uma busca real de transformação, decolonização e integração com os saberes ancestrais. “A minha retomada foi guiada e vem sendo guiada pelo povo Kariri Xocó, que é onde está a história dos meus antepassados, da minha família, à margem do rio Opará, e principalmente pelo líder, que é tanto cacique quanto pajé, Pawanã Crowdi Kariri Xocó. Dentro da perspectiva indígena, especialmente, reconheço a história dos meus antepassados a partir dessa pesquisa e entrega, dessa caminhada longa para reconstruir uma história que foi brutalmente apagada, e a série busca retomar também a história contada pelos povos originários de Sergipe”, disse.

Ainda de acordo com Héloa, a partir dessa retomada, ela acredita que há a soma e o fortalecimento de sua missão, que a posiciona a serviço da luta dentro de um lugar de pertencimento, que está associado a um território. “E, nesse caso, o território ancestral da minha família está ali, situado na margem do Rio Opará, tanto da minha família materna e paterna, onde eu encontro a história desses meus antepassados, de uma etnia dita como extinta, que é a etnia Natum, mas que é uma grande matriz também associada ao povo Xocó, ao tronco Kariri. E aí a gente vai entendendo os nossos territórios em Sergipe, as nossas cidades, o quanto Piaçabuçu, Pacatuba, Neópolis, que é onde viveram os meus antepassados, eram etnias, eram grandes aldeias eram locais onde viviam esses povos que foram dizimados e os remanescentes hoje estão concentrados, em sua maioria, nas aldeias do povo Kariri Xocó, que concentra várias etnias, e também em Xocó”, conclui a artista.

A primeira edição do projeto Originários ocorreu em 2020, em meio a pandemia, gravada e produzida de maneira remota, sob a direção de Daniella Hinch e Héloa, com a exibição na Aperipê TV. Héloa também foi quem conduziu as entrevistas com os protagonistas do programa, 8 indígenas das etnias Xokó (SE), Kariri-Xocó (AL), Xukuru (PE), Tukano (AM), Pataxó (BA), Tapajó (PA) e Kalapalo (Xingu). Com o financiamento da Lei Paulo Gustavo, a série ganha uma abordagem cinematográfica e irá desenvolver de maneira mais profunda a relação das etnias e o território sergipano, retratando aspectos importantes da luta e vivências indígenas, a partir também da história da retomada ancestral da artista e ativista Héloa, entrelaçando trocas e saberes ancestrais.

A primeira série indígena de Sergipe está em fase de produção e será lançada ainda em 2025, com a expectativa de salvaguardar a memória e as narrativas dos povos que sofreram grave apagamento em todos os aspectos da história deste país.

Fonte: Assessoria de Imprensa

Fotos: Francielle Nonato

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