Especial Folclore: Os tamanquinhos que “cantam”

O barulho contagiante dos tamancos de madeira batendo no chão em um compasso muito bem cadenciado é a marca registrada do Samba de Pareia. Apesar de não ser um folguedo (por não apresentar uma trama dramática) e sim uma dança, o Samba de Pareia é tradição em muitos municípios sergipanos.

 

Sempre com um sorriso no rosto e andando de um lado para outro, para alegrar as brincantes, Maria Nadir dos Santos, de 51 anos, é quem “tira” os versos para que o grupo possa responder. Nesse grupo, as brincantes usam vestido de chita e chapéu, ambos com a mesma estampa floral.

 

O Samba de Pareia, ou de Parelha, é um dos tipos de Samba de Coco. “O Coco de Parelha é mais rico. Embora dance em círculo, é um círculo com pares acertados ou parelhas de quatro pessoas”, esclarece a historiadora Aglaé Fontes, em seu livro Danças e Folguedos.

 

Ao sinal de Dona Nadir, as “meninas”, como ela prefere chamar as colegas, mudam de par, dançando e batendo os tamancos de madeira sucupira. “Os quatro elementos da parelha trocam, dançam com os outros da nova formação e o coco vai sendo desenvolvido”, acrescenta Aglaé.

 

Dona Nadir brinca no Samba desde a infância
MÚSICAS – Os versos puxados por Dona Nadir, e repetidos pelo restante do grupo, são misturas do cancioneiro popular e de assuntos do cotidiano. “Penso antes em casa. Quando não dá certo eu tiro e coloco outro. Passo para as meninas e elas pegam rápido porque todas nasceram nesse clima”, diz satisfeita Dona Nadir.

 

Dos nove filhos e 20 netos, somente um neto de Dona Nadir, que é do povoado Mussuca, em Laranjeiras, brinca em algum grupo folclórico, o Reisado. Em compensação, além de comandar o grupo de adultos, ela também ensina a dança para as crianças do povoado.

 

“Se não fosse o samba não sei como ia viver nesse mundo”, confessa Dona Nadir, que começou a brincar no grupo aos 10 anos de idade. Ela herdou do pai o gosto pelas danças folclóricas. Ele era o Patrão de um Grupo de São Gonçalo, mas também cantava no Samba de Pareia. “Fico emocionada quando vejo o São Gonçalo porque lembro do meu pai”.

 

Por Janaina Cruz

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