Museu Afro: roda de conversa discute resistência cultural

Roda de conversa aconteceu nesta sexta-feira (Foto: Pritty Reis)

‘O que você vê quando se olha no espelho?’ Essa pergunta deu início a roda de conversa realizada nesta manhã, 23, no Museu Afro Brasileiro de Sergipe, na cidade de Laranjeiras. Com o tema “Quilombos –Resistência Cultural”, a mesa foi conduzida pela superintendente da Secretaria de Estado da Cultura (Secult), Conceição Vieira, e o assessor de planejamento, Carlos Nascimento. Na ocasião, alunos do Colégio Estadual Profª Zizinha Guimarães participaram do debate e também prestigiaram a exposição fotográfica “A face das mulheres negras de Laranjeiras”.

O Dia Nacional da Consciência Negra é comemorado em 20 de novembro e a data faz referência à morte de Zumbi que foi líder do Quilombo dos Palmares. A figura de Zumbi representa o símbolo da resistência dos negros que foram escravizados no Brasil, bem como a luta por direitos. Durante a roda de conversa, curiosidades sobre a história da cidade despertaram o interesse dos presentes como, por exemplo, o preconceito racial que tornou Aracaju a capital de Sergipe, ao invés de Laranjeiras.

Além de histórica, a luta por liberdade e a resistência para sobreviver é atual. Segundo Conceição Vieira, quando uma mulher ou homem negro consegue destaque nos espaços privilegiados da sociedade, é importante reconhecer a sua trajetória e lutar pelo fim discriminação racial. “A construção de um mundo mais justo só é possível através da educação, por isso é preciso fortalecer esses encontros e incentivar os nossos alunos ao conhecimento histórico e de que é preciso foco e perseverança para quebrar as barreiras da desigualdade”, enfatiza a superintendente da Secult. Durante a manhã, Conceição Vieira também visitou a Casa de Cultura João Ribeiro e o Museu de Arte Sacra.

Para Paulo Vitor, aluno do 3º ano do Ensino Médio, a roda de conversa foi produtiva e enriquecedora, pois além da inspiração em perseverar para ocupar futuramente espaços públicos, teve conhecimento sobre a história que também é sua. “Eu ainda não tinha a noção do que era o quilombo e agora consigo me reconhecer um pouco mais. Aprendi também sobre a relevância de cada um assumir a sua identidade negra, se reconhecer e ter orgulho da história do nosso povo”, declara Vitor.

Os palestrantes colocaram em destaque a necessidade do reconhecimento e levou os discentes à reflexão da importância da aceitação da cor da pele, tradições e cultura. “Como eu me vejo? Como eu identifico? Esses questionamentos precisam estar presentes nos espaços de aprendizado, porque constroem a identidade. A juventude de Laranjeiras precisa conhecer a sua história que transcende épocas, idade e tamanho”, enfatiza Carlos Nascimento.

O museu como uma extensão da escola incentiva à cultura, as tradições e desperta o desejo pela arte. Desta maneira, a diretora do Museu Afro Brasileiro de Sergipe, Verônica Consuelo, firmou parcerias com as escolas em Laranjeiras para estimular o conhecimento cultural entre os discentes. “Estamos em uma cidade de pessoas negras, onde muitos ainda não se reconhecem assim. Então a gente vai às escolas e mostramos a riqueza cultural e econômica que personalidades negras nos deram. Além disso, os alunos também visitam o museu e conhecem a história que nunca deve ser esquecida”, afirma a diretora.

Fonte: Secult

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