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(Foto: Divulgação) |
Depois de “O discurso do Rei’’, Tom Hooper volta às telas com o desafio de adaptar para o cinema, o musical “Os Miseráveis”, inspirado no romance de mesmo nome do escritor francês Victor Hugo. Um desafio que lhe rendeu uma grande produção, dividiu opiniões e conquistou três Globos de Ouro e três Oscar.
O romance foi lançado em 03 de abril de 1862 contextualizando o período histórico vivido pelos franceses no século XIX, focalizando os acontecimentos da Batalha de Waterloo em 1815 e os motins de junho de 1832. O filme conta a história de Jean Valjean (Hugh Jackman), um homem pobre que passa quase 20 anos na prisão por roubar um pão para alimentar os sobrinhos.
Sua condição de ex-presidiário o persegue, segregando-o socialmente, tendo que viver fugindo do rígido inspetor Javert (Russell Crowe). Ao lado de Valjean encontra-se Cosette, uma jovem que está sob seus cuidados, desde uma promessa feita a sua mãe – Fantine (Anne Hathaway) – no leito de sua morte. Nesse meio tempo, a França vive os motins para derrubada do rei Luís Filipe, sendo que muitos jovens aderiram às lutas nas barricadas em prol da democracia, entre eles Marius (Eddie Redmayne), por quem Cosette se apaixona.
A história escrita por Hugo é densa, cheia de personagens que se cruzam, que possuem suas dores e partilham de uma mesma realidade social: a miséria do povo francês que a Revolução de 1789 e o Império de Napoleão não conseguiram erradicar. A Revolução de julho de 1830, colocando o ‘’Rei burguês’’ Luís Filipe no trono francês, não mudou a situação de insatisfação e miséria das classes populares, ocasionando os motins de 5 de junho de 1832, retratado pelo autor através dos personagens Enjolras e Marius, dois jovens revolucionários que lutavam por ideais democráticos.
De cara, Hooper surpreendeu ao arriscar um filme de 2 horas e 38 minutos completamente musicado, com o elenco cantando sem uso de playback. Sem dúvida, algo que torna o filme cansativo, especialmente para quem não tem familiaridade com musicais. Contudo, o diretor soube muito bem usar a seu favor o marketing na escolha de atores conhecidos e queridos pelo grande público, o que atraiu muitas pessoas aos cinemas.
O que percebe-se no filme é um elenco que se entrega, no entanto em alguns casos deixam a desejar. O que não foi o caso de Anne Hathway, que surpreendeu com a melhor atuação ao compartilhar o sofrimento do seu personagem nas poucas e emocionantes cenas que lhe coube, rendendo-lhe o Globo de Ouro e Oscar de melhor atriz coadjuvante.
Em geral, o filme emociona, mas não consegue deixar de ser cansativo para o público. O trato com a imagem, som, maquiagem e cenário mostram a grandiosidade da produção, que foi reconhecida ao receber o Oscar de melhor Maquiagem e Mixagem de Som.
Embora atraia o público pela fama que possue, o elenco chegou a receber muitas críticas pela imprensa especializada, mas merece, sem dúvidas, o reconhecimento pela coragem de aceitar o desafio de cantar e atuar ao mesmo tempo num filme de quase três horas.
Enfim, Hooper ousou, provavelmente imaginando os riscos e sabendo contorná-los em seu favor. Sempre causando controvérsias, dessa vez não conseguiu ser indicado ao Oscar como melhor diretor, mas valeu a ousadia. Até porque dificilmente, quiçá, algum dia alguém produzirá uma adaptação de “Os Miseráveis” que consiga mostrar ao público a grandiosidade da obra de Victor Hugo.
*Adriana Mendonça Cunha é graduanda em História pela UFS e integrante do Grupo de Pesquisa em História da Educação: Intelectuais, Instituições e Práticas Escolares. O artigo integra as colaborações à coluna do Grupo de Estudos do Tempo Presente (GET/CNPq/UFS).
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