Renantique: uma viagem no tempo através da música

Imagine-se no século XVI, presenciando a uma execução de música da época da corte de Henrique VIII; ou assistindo a uma apresentação musical do período Elizabetano, no século XII; ou mesmo apreciando, in loco, a harmonia original da música das Cruzadas e os acordes das melodias Franco-flamengas do século XV. Pois bem, quem conhece o Conjunto de Música Antiga Renantique sabe que essa viagem temporal é possível. Música e história são ingredientes que se misturam com a qualidade e requinte, formando o espetáculo da sonoridade, que faz o apreciador se fazer do conhecimento da arte musical das épocas abordadas. O trabalho desenvolvido pelo conjunto tem como premissa a busca da originalidade, desde a sua instrumentação até os detalhes sonoros e ambientais de sua execução. Para tal, segundo Emanuel Vasconcelos, um dos seus idealizadores, o trabalho é fundamentado em rigorosa pesquisa que requer a busca de informações pertinentes, tratando do assunto quase num tom científico, para que se possa passar ao público de forma mais verossímil possível, aludida à da época referente. A UNIÃO Em 1996, o Quarteto de Flauta Doce Saltarello, formado por alunos do professor Oscar Vasconcellos, pianista falecido a 10 anos, se uniu à soprano Adélia Vieira com o propósito de formar o grupo e difundir o que todos eles tinham como ponto em comum: o gosto pela música antiga. Daí se perfizeram inúmeras apresentações, inclusive além-fronteiras, as quais foram sempre sucedidas de elogios do público em geral e conhecedores da música de época no Brasil e no mundo. Citando como exemplo, há pouco mais de dois anos o “semblante” sergipano estava sendo representado pelo Renantique no Festival de Música Colonial Brasileira e Música Antiga, realizado em Juiz de Fora, Minas Gerais, um dos mais importantes eventos musicais de nossas terras tupiniquins. Há um ano o grupo passou por um trauma: perdeu a soprano Adélia Vieira, o que, pelas palavras de Emmanuel Vasconcellos, representou a necessidade de reestruturação e superação emocional.. Hoje tem-se conta de sete componentes, estes de indiscutível talento, que ensaiam várias vezes por semana, fazendo uso do pouco tempo que lhes sobra, pois buscam sempre a aperfeiçoamento. Além de Emmanuel (Viola de Gamba baixo), fazem parte hoje desta união, Edmundo Teles(Saltério e percussão), Marcus Éverson (Cornamusa), Vera Guimarães (Voz contralto), Claudio Francisco (Flautas Doces e cronomornos), Edinei Arnon (Flautas Doces e Tenor) e Pedro Marcelo (Percussão). UM OUTRO ESPETÁCULO Complementando o capricho na questão da originalidade musical, os instrumentos são um espetáculo a parte. Seguindo os moldes da realidade de suas concepção, levando em consideração a estrutura e a sonoridade, o público pode apreciar instrumentos com as mesmas características de que foram concebidos em sua época. Uns vieram de doações, outros foram adquiridos através de recursos do próprio grupo, advindo da Europa e fabricados no Brasil, curiosamente, também em Sergipe. A viola de Gamba, foi feita em São Cristóvão (SE); A alaúde renascentista de sete cordas, no Rio de Janeiro; o cromorno soprano, cromorno tenor, o cornamusa alto, a viela medieval e o saltério de arco, vieram da Inglaterra. São raridades que se configuram num tom do milagre de ressuscitar, quando vislumbradas em percussão sonora, como se pudéssemos sentir, em um imaginário aparelho de som absolutamente fidedigno, o que foram esses instrumentos em suas épocas e ainda apreciar suas formas, textura e estilo. OUVINDO A HISTÓRIA São mais de 80 apresentações que não se limitam à música. As execuções das peças são acompanhadas de observações feitas pelos próprios componentes do grupo, sobre o histórico das músicas e explicações sobre os instrumentos utilizados, contextualizando o estilo nas suas respectivas épocas. Fortalecendo esse caráter também didático, está o mais novo projeto do grupo: Ouvindo a História; “A idéia é a de promover a integração entre a música e o patrimônio histórico, realizando os concertos em igrejas, museus, memoriais, galerias de arte, valorizando a cultura e a arte e levando o público a esse locais” (Emanuel Vasconcellos). RENASCENDO O Renantique não é apenas um grupo formado por Edmundo, Marcus, Vera, Claudio, Edinei, Pedro e Emmanuel. É a única bandeira sergipana fincada num movimento de redescoberta que teve sua origem na Europa e nos Estados Unidos, no final do século XIX, e repercutiu no mundo inteiro. No Brasil, fez Sergipe acompanhar-se do Rio de Janeiro, Ceará, Paraná e outros estados, no orgulho de se ter a expressão tão rara desse estilo. Assim, acrescenta-se a música antiga no acervo das potencialidades da terra dos “cajueiros e dos papagaios”. Assim, já se pode até contar a história dos que contam e “cantam” a história. Uma história que começou lá por volta do ano de 1996, juntamente com Adélia Vieira, e renasce a cada apresentação. Por Gilton Lobo

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