A presença dos Bancos na Economia Brasileira

Saumínio Nascimento é Economista, Mestre e Doutor em Geografia e tem Pós-Doutorado em Propriedade Intelectual

De acordo com as estatísticas mais recentes do Banco Central do Brasil, através da sua Diretoria de Organização do Sistema Financeiro e Controle de Operações do Crédito Rural, o quantitativo de bancos autorizados a funcionar no Brasil na base de setembro/2016 é de 176 (cento e setenta e seis). Um quantitativo relativamente pequeno, considerando-se a extensão territorial e a população brasileira.  Em termos relativos a quantidade de bancos que atua no Brasil representa 9,6% da quantidade de instituições financeiras atuantes no sistema financeiro nacional, pois além dos Bancos, temos também as Sociedades de Crédito, Financiamento e Investimento; as Sociedades Corretoras de Títulos e Valores Mobiliários, as Sociedades Corretoras de Câmbio; as Sociedades Distribuidoras de Títulos e Valores Mobiliários, as Sociedades de Arrendamento Mercantil, as Sociedades de Crédito Imobiliário; as Associações de Poupança e Empréstimo; as Sociedades de Crédito ao Microempreendedor e à Empresa de Pequeno Porte; as Agências de Fomento; as Companhias Hipotecárias; as Instituições de Pagamento; as Cooperativas de Crédito; e as Sociedades Administradoras de Consórcio. Dentre estas demais instituições financeiras, a que possui maior quantitativo é a Cooperativa de Crédito com 1.086, porém este número já foi maior e vem declinado, pois de dezembro de 2011 até esta base de setembro, a quantidade reduzida foi de 242 cooperativas de crédito.

Então mesmo possuindo menos de 10% do quantitativo de instituições financeiras, os bancos possuem uma presença importante na economia brasileira, pois eles possuem 22.654 agências bancárias, distribuídas em todos estados brasileiros. A Região com maior número de agências Bancárias é a Sudeste com 11.808 agências, ou seja, 52,12%, mais da metade das agências bancárias estão no Sudeste, sendo que o estado de São Paulo possui o maior número de agências bancárias com 7.085 unidades. O estado com o menor número de agências bancárias é Roraima com apenas 36 agências. Ressalte-se que seis estados brasileiros possuem mais de 1.000 agências bancárias são eles: São Paulo (7.085), Minas Gerais (2.193),  Rio de Janeiro (2.073), Rio Grande do Sul (1.755), Paraná (1.547) e Bahia (1.099). Por outro lado temos também seis estados brasileiros que possuem menos de 200 agências (em minha opinião quantidade mínima de agências para uma unidade federativa) e são eles: Roraima (36), Amapá (49), Acre (63), Tocantins (127), Rondônia (148) e o Paiuí (181). Estes dados revelam certa concentração geográfica de acordo com o peso econômico dos Estados e a sua própria logística de integração.

Do ponto de vista de quantidade de agências por bancos, também se verifica uma grande concentração no sistema bancário brasileiro, pois os 20 maiores bancos em termos de quantidade de agências possuem 98,7% das agências, ficando os demais 156 bancos com apenas 1,3% das agências bancárias do país, o quadro adiante demonstra a distribuição do quantitativo de agências bancárias, considerando-se os 20 principais bancos por quantidade.

Bancos com maiores redes de agências
Bancos Quantidade em set/2016 Tipo de Banco
Banco do Brasil 5.429 Banco Múltiplo
Bradesco 4.481 Banco Múltiplo
Itaú 3.540 Banco Múltiplo
Caixa Econômica Federal 3.411 Caixa Econômica
Santander 2.655 Banco Múltiplo
HSBC 850 Banco Múltiplo
Banrisul 536 Banco Múltiplo
Banco do Nordeste do Brasil  320 Banco Múltiplo
Mercantil do Brasil 199 Banco Múltiplo
Banestes 131 Banco Múltiplo
Citibank 126 Banco Múltiplo
BASA 125 Banco Comercial
BRB 121 Banco Múltiplo
Safra 109 Banco Múltiplo
Banpará 105 Banco Múltiplo
Banese 63 Banco Múltiplo
Triangulo 41 Banco Múltiplo
Banco Intermedium S/A 38 Banco Múltiplo
Daycoval 38 Banco Múltiplo
China Construction Bank 34 Banco Múltiplo
Subtotal 22.352
Demais bancos 302 Bancos diversos
Total Geral 22.654 Bancos diversos
 Fonte: Banco Central do Brasil – Departamento de Organização do Sistema Financeiro

Existem teóricos como o australiano Brett King que prevê que a tendências é a de que as agências bancárias sejam cada vez mais raras porque a tecnologia vai mudar a relação das pessoas com seus bancos. Assim estima-se que o Brasil vai ter nas ruas metade das agências bancárias que tem hoje. Brett King analise que as novas gerações só vão aos bancos quando são obrigadas. E assim ele julga que as agências vão evoluir para serviços de assistência técnica, onde os clientes irão raramente, quando têm um problema sério em suas contas. Imagina-se que quase tudo vai estar no celular. Até mesmo consultas que alguns gostam de fazer diretamente com seus gerentes de contas, sobre o melhor investimento, informações para empréstimos/financiamentos, ele acha que isto não será necessário, pois o futuro prevê a criação de um algoritmo que faz a alocação das demandas dos clientes. Ele também defende que haverá uma divisão nas tarefas bancárias que permitirá a realização das atividades de forma mais automatizada e segura e com total aderência aos normativos dos órgãos reguladores, permitindo o tratamento on-line com a clientela, via terceirização com empresas de tecnologia, ou seja, uma realidade bem diferente do quadro que apresentamos anteriormente.

Então é possível de a presença dos Bancos na economia brasileira seja maior do ponto de vista das relações, mas talvez menor do ponto de vista da tradicional agência bancária, o que seria um risco para a empregabilidade daqueles que trabalham no sistema bancário. De qualquer forma ainda faz-se necessário a ampliação da bancarização no Brasil.

**Economista, Mestre e Doutor em Geografia e tem Pós-Doutorado em Propriedade Intelectual

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