Cadastro Positivo: consumidores podem pedir a exclusão de seus dados

Desde o dia 9 de julho que a inclusão de pessoas físicas e jurídicas que possuem empréstimos, financiamentos, compras a prazo ou contas de consumo, a exemplo de luz e telefone, tornou-se automática no Cadastro Positivo, plataforma, administrada pelo Serasa, que reúne dados financeiros dos consumidores. Para o economista do Departamento de Estatísticas e de Ciências Atuariais da Universidade Federal de Sergipe (UFS), Cleber Oliveira, a ideia é boa, porém o que é preocupante é quem terá acesso a esses dados. Os consumidores entram automaticamente, mas podem solicitar a qualquer momento a exclusão de seus dados do Cadastro Positivo.

De acordo com as informações do Serasa, o Cadastro Positivo reúne informações sobre como têm sido pagos os compromissos relacionados à contratação de crédito – empréstimos, financiamentos e crediários, por exemplo. No cadastro consta o histórico total dos financiamentos, quantidades e valores das parcelas, bem como o comportamento e a pontualidade de pagamentos demonstrados pelo consumidor.

Economista, Cleber Oliveira, orienta a população a ter cuidado com seus dados (Foto: Infonet)

Nesse cadastro podem ser avaliados também o histórico de pagamentos relacionados a contas de consumo de serviços continuados (como água, luz, gás e telefone). Segundo o Serasa, esses dados podem ser avaliados pelo mercado para obter uma melhor análise de risco na hora de conceder novos créditos, estender créditos já existentes ou realizar outras transações que impliquem risco financeiro.

Para o economista Cleber Oliveira, esse cadastro busca diferenciar os consumidores em duas partes: aqueles que pagam bem e aqueles que tem dificuldade para pagar. “ A ideia é muito boa porque permite que as empresas tenham acesso a um banco de dados gerais, e que você na hora que vai comprar ou pedir crédito seja alocado num grupo de pessoas que são potencialmente bom pagadores ou nem tanto, mas o que não acho interessante é segregar consumidores, porque a pessoa que apresenta problemas hoje, amanhã pode ser um consumidor potencial”, ressalta.

Além de facilitar a concessão de crédito, o objetivo do Cadastro Positivo, segundo o Serasa, é reduzir juros para esses bons pagadores, porém, essa redução, segundo o economista, não será significativa. “Se uma instituição financeira oferece juros a 10% e reduzir para 9.5%, houve redução, mas mínima. Os bancos sempre tiveram um cadastro bem completo dos clientes e trocam informações. Acredito que esse cadastro talvez seja para as pequenas empresas e grande comércios. Acho isso interessante se cair na graça do povo, porque pode ser que ajude. Mas é importante lembrar que o problema não está na concessão do crédito, mas na capacidade de pagamento”, afirma.

Vazamento de informações

Cleber entende que o lado positivo do Cadastro certamente é a concessão de crédito, porém, o grande problema é o acesso a dados tão pessoais dos consumidores. “O ponto negativo é que você está com seus dados pessoas ali, documentos com foto, RG, CPF e outras informações. Na verdade você integra um banco de dados que depois pode ser vendido por um valor muito alto, porque informação é muito cara, e vai ter seu perfil de consumo, uma série de informações que você confiará para outras pessoas. O cadastro pode ajudar, mas tem que ter suas ressalvas, porque são informações pessoais, de consumo, que você não sabe como isso vai ser usado lá na frente”, aponta.

A orientação do economista é que as pessoas alimentem seu cadastro ou permaneça nele, se de fato tiver a intenção de adquirir crédito. De acordo com o Serasa, o consumidor poderá sair a qualquer momento do Cadastro Positivo, sendo necessário solicitar formalmente sua exclusão nos canais de atendimento. Com a exclusão, o consumidor voltará a ser avaliado somente pelo seu histórico negativo.

“É fazer o cadastro apenas se você tiver o interesse de contrair dívida, o que acho que no atual momento é uma coisa complicada, mas não acredito que o cadastro seja uma coisa ruim, é importante pensar na segurança daquele cadastro. O Serasa é uma instituição séria, mas todo sistema tem sua fragilidade. Imagine o estrago que seria um banco ter suas informações de clientes vazadas. Há um tempo se vendeu informação da Receita Federal no comércio de São Paulo, se comprava um CD com a base de dados da Receita Federal, e a Receita é um dos sites mais sérios e protegidos do Brasil, mas ninguém está livre de ataque”, adverte.

De acordo com o Serasa, as informações dos consumidores são recebidas das fontes, ou seja, as empresas que realizam negócios e operações de crédito com os consumidores. As informações do Cadastro Positivo podem ser acessadas pelo comércio, os bancos, as financeiras e as prestadoras de serviços, que segundo a instituição, utilizará essas informações para definir condições comerciais e preços ajustados às necessidades e ao perfil de cada consumidor.

Por Karla Pinheiro

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