Petrobras admite problemas em plataformas

Dezen: buscando soluções (Fotos: Cássia Santana / Portal Infonet)

No início da tarde desta terça-feira, 9, o gerente geral da Unidade de Produção da Petrobras nos Estado de Sergipe e Alagoas, Eugênio Dezen, ministrou palestra para a classe empresarial em evento promovido pelo Fórum Empresarial de Sergipe.

Nesta palestra, Dezen falou sobre os projetos da Petrobras e admitiu os problemas que a estatal vem enfrentando para manter o nível de produção de petróleo no Estado, assim como esclareceu os embates que ocorrem no Ministério do Público do Trabalho (MPT) e no Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Hídricos (Ibama) para manter as plataformas em funcionamento em Sergipe. “Foi algo que era para ficar internamente, mas houve repercussão na imprensa”, disse Dezen, logo no início da reunião com os empresários, numa clara alusão à matéria veiculada com exclusividade pelo Portal Infonet a respeito da questão.

Antes de iniciar a palestra, Dezen conversou com a reportagem do Portal Infonet e confessou que a produção de petróleo em Sergipe apresentou uma queda vertiginosa nos últimos dez anos. De uma produção que chegou ao patamar de 15 mil barris diários no início desta década, na atualidade a produção não passa da casa dos 3 mil barris diários.

Empresários ouvem explicações de Dezen

Ou seja, entre o ano de 2000 até 2011, a produção de petróleo nestas áreas caiu algo em torno de 80%, conforme admite o gerente geral. Apesar da queda na produção, Dezen analisa que não houve queda dos royalties em favor de Sergipe. “Houve perdas na produção em uma área, mas foi recuperado com uma maior produção ocorrida em outras áreas”, observou o gerente geral da Petrobras em Sergipe.

E a produção de petróleo no Estado continua ameaçada, apesar da dedicação da estatal, na perspectiva de injetar investimentos na ordem de R$ 2 bilhões nos seus mais de 20 projetos para buscar novas áreas, ampliar as já existentes e modernizar a sua infraestrutura, com o objetivo de alcançar uma produção de 4 milhões de barris em 2015 e de 6,4 milhões de barris no ano de 2020.

Empecilhos ambientais

Gilson Figueiredo: plataformas antigas para uma legislação atual

Mas está na licença ambiental a chave mestra da Petrobras para manter as plataformas funcionando no Estado de Sergipe. “A única possibilidade de fechamento de plataformas é se não conseguirmos a licença ambiental para retomar a perfuração de poços. Nós estamos produzindo, só não estamos perfurando em busca do óleo novo”, ressaltou. “Precisamos urgente desta licença ambiental”, confessa Dezen.

Segundo o gerente geral da Petrobras, o licenciamento ambiental relacionado às áreas de exploração de petróleo em águas rasas, foi um dos mais complexos procedimentos do Brasil. “A área é muito complexa porque há plataformas bem próximas numa região com estuário de rios e manguezais e, por isso, exige cuidados especiais”, explicou Dezen. E, para conseguir convencer o Ibama, a Petrobras ainda está desenvolvendo os estudos ambientais e fazendo as adaptações necessárias em seus projetos para atender às exigências dos órgãos ambientais.

Um projeto que envolve universidades, entre outras instituições de pesquisa para que a estatal possa mostrar e convencer os órgãos ambientais que conseguiu fazer as adequações necessárias à legislação ambiental. “Devemos, na próxima semana, entregar os estudos, atendendo as observações feitas pelo Ibama”, revelou.

Assim que o projeto for analisado pelo Ibama, haverá uma audiência pública para que a temática seja debatida e aprovada pela comunidade que reside nas áreas onde há a exploração de petróleo. Mas as audiências públicas só ocorrerão quando a Petrobras conseguir a licença ambiental para a execução dos seus projetos.

MPT

Há também questões relacionadas à área trabalhista, envolvendo condições para o exercício da atividade profissional nas plataformas. O gerente diz que os problemas são relacionados, essencialmente, ao transporte de trabalhadores e que já estão em fase de solução junto ao Ministério Público do Trabalho (MPT). “Já mostramos que o uso das cestinhas de içamento para transportar os trabalhadores nas plataformas está de acordo com as normas e que este tipo de equipamento é usado no mundo”, garantiu Dezen. “E os outros pontos ainda estamos negociando com o Ministério Público do Trabalho”, desconversa.

A previsão de investimentos na ordem de R$ 2 bilhões em Sergipe prevê a construção de um flotel para dar suporte às plataformas no transporte dos trabalhadores e aquisição de três navios para atuar em águas profundas. No momento, segundo Dezen, a Petrobras está delimitando a área localizada a 90 quilômetros de Aracaju, ao norte do mar sergipano, para então especificar o projeto de exploração dos novos campos petrolíferos descobertos no Estado e anunciados recentemente pelo presidente da Petrobras, Sérgio Gabrielle.

Ao final do encontro, a classe empresarial ficou satisfeita com as explicações do gerente geral da Unidade de Produção em Sergipe. “Havia uma grande preocupação da classe empresarial com relação à possível paralisação de parte da produção, mas o gerente geral fez as explicações e nos tranquilizou”, ressaltou o vice-coordenador do Fórum Empresarial, Gilson Figueiredo.

O empresário Gilson Figueiredo, presidente da Federação das Câmaras de Dirigentes Lojistas em Sergipe (Fecomercio), coordenou os trabalhos do Fórum nesta terça-feira, 9, em substituição ao coordenador titular, Juliano César Souto, que está em viagem.

Gilson Figueiredo informou que a palestra de Dezen trouxe os esclarecimentos necessários, demonstrando que a Petrobras está tratando os problemas com seriedade na perspectiva de encontrar a solução em pouco espaço de tempo. “Deu para perceber que todos os órgãos do Governo estão envolvidos para solucionar os problemas dentro de tempo hábil sem comprometer os investimentos que a Petrobras pretende fazer no Estado”, ressaltou Figueiredo.

São problemas, na ótica de Gilson Figueiredo, que passaram a preocupar a Petrobras devido aos avanços na legislação ambiental. “São Plataformas com mais de 30 anos operando no Estado e hoje apresenta problemas que no passado não existia devido à legislação e a Petrobras mostrou que está se adequando e que tem todo interesse em fazer as adequações necessárias”, disse. “Como envolve investimento alto, não pode ser feito na velocidade que se deseja, mas será feito”, complementa Gilson Figueiredo.

Por Cássia Santana

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