Seguindo religiosamente as doutrinas cristãs, dona Romilda Ferreira, de 68 anos, não esperou os dias santos para compor seu cardápio. “Uma semana antes da semana santa eu já venho [Mercado Albano Franco] e compro tudo: pescada, robalo, camarão para o vatapá e outros. Deixar para em cima da hora fica mais caro”, ensinou. Tradição “A tradição dos antigos está morrendo”, lamenta o vendedor do Mercado Albano Franco, José Gonçalves Silva de 54 anos. Ele diz que o hábito de não comer carne vermelha nessa semana se restringe aos mais velhos que prezam a tradição católica. “Os jovens hoje tanto faz comer peixe quanto carne”, afirmou. Para ele os preços sempre aumentam, mas por outro motivo. “O pescador ou criador dá um preço e nós vendedores outro. Temos que ganhar o nosso”, explicou. E os preços variam de acordo com o tipo. “O camarão cinza está custando entre R$ 10 e R$ 20 e a saborica R$ 6 o kg”, explicou. Higiene Supermercados Outro destino são os supermercados. Peixes e mariscos congelados são ofertados e os preços segundo um gerente do ramo, Wilson Correia, estão na média do ano de 2008. “Não variou. Esse ano tá igual ao ano passado”, falou. De acordo com ele o movimento só será aquecido a partir de quarta, 8, e os produtos mais procurados é o bacalhau e a corvina. “O bacalhau está custando R$ 15”. E no tradicional almoço santo da cozinheira Maria de Fátima Santos não faltará. “Mesmo caro vai ter bacalhau lá em casa”, afirmou.
A semana santa é um período de reflexão da morte e ressurreição de Cristo. De acordo com a Igreja Católica, comer carne vermelha nessa época é um ‘pecado’. Com a proximidade, fiéis consumidores sergipanos vem procurando carnes brancas em feiras e supermercados. O Mercado Albano Franco, no centro de Aracaju, é o destino de muitos desses compradores. O sermão é não faltar peixe à mesa, mas as vendas estão mornas.
Mas segundo a vendedora Maria Selma Nunes os preços aumentaram pouco, assim como a procura. “Começa a crescer o movimento a partir de hoje [quarta] e amanhã”. Ela diz ainda que os valores aumentaram 10% em relação ao ano passado como o tipo vermelha que pulou de R$ 10 para R$ 11. “Aumentou pouco, bem pouco. O robalo por exemplo o preço baixou, saiu de dezessete reais e caiu para dezesseis”, explicou. Maria Selma
Já para a consumidora Ione Costa os preços estão um tanto quanto salgados, mas nada faltará à sua mesa. “O camarão e o peixe tá um absurdo”, reclamou. Para ela, peixes para moquecas como o atum, por exemplo, estão caros: na faixa de R$ 20. “Tenho que comprar. É sagrado, mas a sorte que é uma vez por ano”, brinca. Porém, ela chama atenção das autoridades competentes em relação à falta de higienização do local e dos produtos. “O mercado está sujo, os peixes não estão conservados em gelo, falta fiscalização. Isso afasta os clientes, eu mesma venho na marra”, critica, José Gonçalves
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