Um grupo de trabalhadores rurais desembarcou no domingo, 8, em Maruim, procedente do Estado de São Paulo. Eles denunciam que foram explorados e exerciam atividades agrícolas, no município desde o mês de junho, em situação de escravidão no município de Avaí, contratados por fazendeiro, no Estado de São Paulo. Os 18 trabalhadores de Maruim foram convencidos a seguir viagem para São Paulo diante de “promessas de emprego tentadoras”, conforme observa o operário desempregado Fernando Silva, conhecido em Maruim como Rocha Cuca, pai de um dos trabalhadores que estava entre os 18 maruinenses que seguiram para o município de Avaí no mês de julho deste ano.
“Quando eles chegaram lá, um dos trabalhadores que já estava na fazenda, disse: ‘sejam bem vindos ao inferno’”, informou Fernando. O grupo ficou informado através de contato com outros trabalhadores de que o fazendeiro estaria contratando mão de obra rural para fazer colheita de laranja e limão em Avaí. Empolgados com a promessa de salário fixo, acrescido de percentual por produção, auxílio moradia e assistência médica e odontológica, os trabalhadores formaram o grupo, alugaram um ônibus e seguiram viagem.
Passaram esse tempo trabalhando, mas foram surpreendidos com as condições. Nenhum dos benefícios prometidos foi assegurado, segundo Fernando Silva. “O dinheiro que eles recebiam era só para pagar aluguel e comida. Não dava para mandar um centavo para a família”, conta Fernando. “Eu não queria que meu filho fosse, mas ele quis ir”, comentou.
Percebendo que estaria trabalhando “em regime de escravidão”, o grupo pegou o salário que recebeu no início deste mês e novamente alugou um micro-ônibus e retornaram para Maruim, de forma clandestina e sem dar baixa na carteira de trabalho. Eles desembarcaram no domingo e foram recepcionados por familiares. “E eu resolvi abraçar a causa”, conta Fernando.
O grupo se reuniu na manhã desta segunda-feira, 9, na casa do senhor Fernando e já está acompanhado por um advogado, que ingressará com ação judicial para assegurar o pagamento de direitos trabalhistas ao grupo, segundo Fernando Silva.
Apoio
O prefeito do município, Jeferson Santana, informou que a prefeitura de Maruim está cadastrando os trabalhadores, vai verificar que tipo de apoio o município terá condições de oferecer e assegurou que arcará com o ônus do pagamento do aluguel do veículo que os transportou de volta.
“Desde o primeiro momento, que vi aquela situação, fiquei triste, pois são maruinenses que precisavam de ajuda”, disse o prefeito, através de nota enviada pela assessoria de imprensa da prefeitura. “Foi um momento de muita emoção. Sou pai, sou filho, sou amigo e vi, naquele instante em que o micro-ônibus estava chegando, a importância do reencontro com os familiares. Mais um dia inesquecível em minha vida”, complementou o prefeito.
O senhor Fernando está liderando um movimento para coletar donativos, que serão distribuídos entre os trabalhadores. As doações podem ser feitas na Casa de Rocha Cuca, que fica localizada no centro da cidade de Maruim.
por Cassia Santana
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