“Aprendi a ler muito cedo” – Entrevista com professor Pasquale

Pasquale Cipro Neto nasceu em Guaratinguetá, São Paulo, e é professor de português desde 1975. É consultor de língua portuguesa do Departamento de Jornalismo da Rede Globo, em São Paulo, colunista dos jornais Folha de S. Paulo e O Globo, entre outros, e da revista literária Cult. Além de ministrar palestras por todo o país, Pasquale é o idealizador e apresentador do programa Nossa Língua Portuguesa, transmitido pela Rádio Cultura AM e pela TV Cultura, e do programa Letra e Música, da Rádio Cultura AM. O professor Pasquale, como é conhecido nacionalmente, ficou famoso pela naturalidade com que trata a língua portuguesa, tirando dúvidas comuns de maneira contextualizada e dinâmica fora das salas de aula. Confira a entrevista exclusiva que ele concedeu ao Portal InfoNet no último sábado, quando esteve em Aracaju.

 

PORTAL INFONET – Qual o segredo para alcançar sucesso nas provas de Português e Redação no vestibular?

PASQUALE CIPRO NETO – Não existe segredo. Isso pode passar a idéia de que existe uma mágica qualquer que se faça e… pimba! O “segredo” é estudar, é estudar muito. É ter um bom preparo e ter a sorte de encontrar bons professores na vida.

 

INFONET – Qual é o seu palpite para os temas de redação nos vestibulares desse ano? As grandes catástrofes naturais e a crise na política brasileira têm muitas chances de serem os assuntos escolhidos?

PCN – Os temas previsíveis todo o mundo sabe, basta estar sintonizado com a vida e com o mundo para saber quais são eles. Só que os vestibulares tentam fugir do previsível. Então o aluno deve estar preparado para os previsíveis, que estão aí, basta ler jornal, estar sintonizado com o mundo, e também para os imprevisíveis. Por exemplo, na  Universidade de Campinas (Unicamp), o tema do ano passado foi o rádio. Quem é que podia adivinhar que esse tema poderia cair em uma prova? O professor que não tocou nesse assunto é incompetente? Óbvio que não. As pessoas ouvem rádio, elas devem ter alguma noção do que seja isso, do papel do rádio nas comunicações, do seu papel histórico. Por fim, o segredo é estar vivo, é estar sintonizado em tudo o que acontece.

 

INFONET – Quais são as perguntas mais freqüentes dos estudantes nas palestras que o senhor ministra? Eles costumam cobrar dicas que resolvam todas as questões?

PCN – As pessoas querem entender coisas que não conseguem entender na sala de aula normalmente, porque os fatos da língua nem sempre são bem explicados na sala de aula. As pessoas gostam de saber o porquê dos nomes, por exemplo, por que os tempos verbais têm os nomes que têm. As perguntas vão desde aquelas curiosidades absurdas tipo “qual o plural de não sei o quê ou o diminutivo de não sei o quê lá”, que em geral são perguntas irrelevantes para o vestibular atual, até coisas mais sérias, mais profundas, sobre trechos de textos literários.

 

INFONET – Nas suas palestras para estudantes que vão prestar o vestibular, quais são os pontos que o senhor procura enfatizar para que eles façam uma boa prova?

PCN – A idéia é fazer uma varredura daquilo que o programa do vestibular pede. Por exemplo, analisei a prova daqui do Estado e percebi que é fundamental saber ler, prestar atenção, não se deixar levar pela precipitação, sem falar do conhecimento de uma série de itens do português comum, da gramática padrão.

 

INFONET – Como o senhor descobriu seu interesse pela língua portuguesa?

PCN – Aprendi a ler muito cedo, sempre vivi no meio dos livros e de pessoas que tinham interesse por eles. Meu pai sempre foi uma pessoa muito atenta a isso, ele procurou me colocar no meio da cultura. Teve uma tia que morou comigo, tia Deli, minha tia-avó, que também me levou muito para esse caminho, ela era uma mulher muito culta.

 

INFONET – Alguém, recentemente, te corrigiu em algum “deslize” de português?

PCN – Eu não corrijo ninguém, não abro a boca para falar de ninguém e acho que por esse motivo não fazem isso comigo. Não vejo as coisas por esse lado de “correção”. O meu trabalho todo se pauta pela “adequação”. O que é adequado para determinada circunstância pode não ser para outra.

 

Por Carolina Amâncio e Janaina Cruz

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