Especial UFS 40 Anos – Entrevista com Reitor

Reitor Josué Modesto dos Passos Subrinho, reitor da UFS
Em uma conversa na sua sala, no prédio da reitoria da UFS, o economista formado na instituição e atual reitor, Josué Modesto dos Passos Subrinho, fala sobre passado, presente e futuro.

Portal Infonet – O senhor está à frente da reitoria da UFS em um momento especial. Qual a sensação?
Josué Modesto – Sensação de dever cumprido. Quando assumi a décima gestão da reitoria da UFS, em 2004, disse no discurso que tinha a certeza de que o cargo é uma cruz que tínhamos de carregar. Nestes três anos e meio sentimos esse peso, através da responsabilidade que o cargo exige e das decisões a serem tomadas em ambientes contraditórios.

Infonet – Pode descrever melhor este dever cumprido?
JM – Melhor dizendo, é uma sensação de dever parcialmente cumprido, já que a luta nunca tem fim. Quando entrei ‘sucateamento’ era a palavra mais comum relacionada à instituição, e hoje as queixas são devido ao barulho e demais empecilhos gerados pelas obras de reestruturação.

Infonet – Como o senhor avalia a sua gestão como reitor?
JM – Acho que a UFS teve três grandes momentos. O primeiro foi a fundação, o segundo foi a criação da Cidade Universitária Profº Aloisio Campos e o terceiro é o que estamos vivendo hoje. A UFS teve um crescimento incremental, recebeu 30 novos cursos recentemente e passou a se voltar para a inclusão, através da educação à distância e dos cursos no interior. Além disso, tem o processo de obras pelo qual a instituição está atravessando.

Reitor em entrevista à Infonet
Infonet – A estrutura da UFS é muito criticada…
JM – Sim, passamos muitos anos sem grandes reformas e foi uma grande batalha levantar recursos para realizar esta grande reforma aqui, até porque se acaba disputando com outros projetos e a máquina administrativa não acompanha o crescimento das necessidades da instituição. Foram emendas parlamentares que permitiram investir parte dos recursos no início da obra. Então para que a estrutura melhore, há toda uma ginástica administrativa para aplicar os recursos e acompanhar o andamento das obras.

Infonet – A UFS guarda uma característica particular se comparada a outras universidades públicas?
JM – Sim. O prazer é imenso em ver a universidade lotada no curso noturno, e esta é uma característica particular da UFS, não só do campus daqui de São Cristóvão, como também dos campi no interior. Grande parte desses estudantes trabalha durante o dia e têm a oportunidade de estudar em um curso superior no período noturno.

Infonet – É importante uma relação mais próxima entre reitor e aluno?
JM – Sim, é importante ter contato direto com o alunado, mas as pessoas muitas vezes desejam que estejamos em vários lugares ao mesmo tempo, mas preciso despachar documentos e viajar muito, além das outras atividades que exige a rotina administrativa. Mas há eventos e ocasiões onde um contato, não só com alunos como também com funcionários, torna-se possível. Outro meio de comunicação com os estudantes é o link ‘Fale com o Reitor’, na página da universidade na internet.

Josué Modesto relembra seus tempos de estudante
Infonet – O senhor lê todas estas mensagens?
JM – Leio sim, mas encaminho muitas delas para os departamentos designados, a depender do conteúdo da mensagem. Um exemplo é que no começo de todo período, há muitos e-mails reclamando da falta de professor.

Infonet – A relação entre o Diretório Central dos Estudantes (DCE) e a reitoria geralmente é conturbada em várias universidades. Como o senhor mantém a relação com o DCE da UFS?
JM – Bom, há divergências naturais, afinal não somos obrigados a ter a mesma idéia. Quando estudante de economia aqui mesmo da UFS, fui vice-presidente do DCE e por isso muitas vezes entendo a posição dos estudantes. Acredito que não é válida, por exemplo, contestação de autoridade.

Infonet – Esquecendo um pouco a figura do reitor, quais as lembranças marcantes do Josué, ex-aluno do curso de economia da UFS?
JM – Estudei entre 74 e 77 e em fevereiro de 76, alguns estudantes amigos meus foram presos e torturados na Operação Cajueiro. Foi um clima de terror instaurado pela ditadura contra a resistência democrática. Isso acaba psicologicamente as pessoas. Quem viveu esse período, como eu, sabe muito bem a dimensão do valor da democracia.

Por Glauco Vinícius e Raquel Almeida

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