Expansão da Educação a Distância: Democratização do ensino?

Com o rápido avanço da internet e as novas tecnologias de informação, muito tem se falado a respeito da educação a distância (EAD) no Brasil. É cada vez mais freqüente e fácil encontrar universidades e faculdades ofertando cursos e disciplinas online. Mas afinal, quais instituições podem oferecer esse tipo de ensino? E será que os estudantes brasileiros estão preparados para a “quebra do ritmo” da metodologia de ensino diretiva para a metodologia do ensino a distância?

Em Sergipe, a Universidade Tiradentes (Unit) e a Universidade Federal de Sergipe (UFS), por exemplo, oferecerem cursos a distância e proporcionam aos estudantes a opção em cursar algumas disciplinas on-line. Esses cursos tentam suprir a necessidade de levar educação para aquelas pessoas que moram em um município afastado da capital e que não teriam condições de se deslocar todos os dias. 

De acordo com a diretora do Centro Superior a Distância (Cesad) da UFS e coordenadora da Universidade Aberta Brasil (UAB), Lílian França, a UFS se preparou durante 15 anos para oferecer educação a distância. No ano de 2006 foi implantado na universidade o programa do Governo Federal “Universidade Aberta do Brasil”, oferecendo cursos de licenciaturas voltados para a formação básica dos professores na modalidade a distância.

“Hoje oferecemos sete cursos de licenciatura para cerca de 2.250 alunos: Química, Física, Matemática, Biologia, História, Geografia e Letras Português em nove pólos divididos nos municípios em que a universidade atua. Porém. Para o ano de 2009 teremos mais três pólos funcionando”, diz Lílian.

A Coordenadora Pedagógica da Pró-Reitoria Adjunta de Ensino a Distância da Unit (Proead), Clotildes Farias, contou que os cursos a distância começaram a ser implantados na universidade em

Lílian França diz que sistema foi implantado na UFS em 2006
março de 2000. De lá pra cá, a procura pelos cursos só aumentou e esse fato pode ser exemplificado pelos quase cinco mil alunos que fazem parte do EAD hoje.

Metodologia de ensino

Um dos questionamentos propostos do Portal Infonet foi em relação a metodologia utilizada nesse estilo educacional. Será que os estudantes estão preparados para enfrentar esse novo modelo? Lílian garante que existe um choque por parte dos acadêmicos. “Os alunos nunca estudaram dessa forma, por isso preparamos a turma para que todos consigam entender a nova metodologia. Além disso, os cursos são semipresenciais, ou seja, existem aulas de laboratório, atividades de campo e as provas são presenciais”, explica.

“A metodologia é totalmente diferente da metodologia convencional. E esse é o grande diferencial, uma vez que o tempo e espaço não são dentro da Academia e sim no ambiente virtual. Por isso, é necessário haver encontros presenciais para minimizar o ‘choque’ que o acadêmico tem ao chegar no ensino on-line”, fala Clotides.

A coordenadora também concorda que há um choque por parte dos alunos e completa: “O choque é sentido por todos, tanto para os acadêmicos, como para os tutores, pois o contexto social é diferente. Mas acho que a educação a distância tende a crescer semestre após semestre.”

Democratização do ensino e Inclusão Digital

Quanto a democratização do ensino ambas entrevistadas concordam que o ensino a distância permite que toda a população tenha acesso ao conhecimento, fazendo com que qualquer pessoa

Coordenadora Pedagócica, Clotildes Farias
em qualquer lugar possa continuar seus estudos.

“O ensino a distância é uma via de acesso ao ensino superior, uma oportunidade a mais aos indivíduos que pretendem continuar o processo de estudo. Para isso, é importante que as universidades tenham como foco oferecer uma educação de qualidade e assim ter um processo democrático do ensino”, afirma Clotildes.

Lílian destaca que além da proposta de expansão da educação, também existe a inclusão digital, pois muitos alunos não teriam a oportunidade de estudar se não fosse pelos cursos on-line.  “Eu, por exemplo, ensino a 200 alunos de São Domingos. Antes do curso ter início, apenas uma minoria conhecia o mundo virtual. Hoje todos fazem pesquisas e conseguem navegar na internet. Então além de levar conhecimento, estamos levando inclusão digital. Isso sim é fazer com que haja uma democratização do ensino com qualidade”, acrescenta.

Controvérsias

Para o estudante do 7º período de engenharia ambiental, Ranyere Lucena, esse tipo de sistema não funciona para acadêmicos que precisam cursar matérias práticas. “No segundo período eu cursei Metodologia da Pesquisa on-line, e particularmente foi muito ruim, pois na parte teórica eu até que consegui absolver uma parte do conteúdo, mas quando chegou na parte prática houve um déficit. Hoje sou aluno de iniciação cientifica pelo Instituo de Tecnologia e Pesquisa da Unit [ITP] e sinto dificuldade em colocar na prática os poucos conhecimentos adquiridos nessa disciplina”, relata.

Já para a estudante do 5º período de Direito, Paula Britto, os cursos a distância são diferentes, porém interessantes. “Eu fiz um curso sobre Direito Constitucional pela internet e o saldo foi bastante positivo, pois tive contato com professores excelentes que conseguiram passar o conteúdo de uma forma bem criativa”, conta.

Por Mariana Rocha e Gabriela Amorim

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