O que as crianças estão aprendendo com a internet?

Crianças passam mais tempo jogando que estudando no computador
Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostram que a internet ainda é um recurso tecnológico de poucos privilegiados no Brasil. No entanto, nos últimos 2 anos, houve um crescimento na compra de computadores e do acesso à rede, o que colabora – embora ainda em pequenas proporções – , no processo de educação brasileira.

 

Entretanto, muitas vezes, o que foi feito para ser uma ferramenta de estudo e de conhecimento, pode se tornar um vilão das salas de aula, principalmente para as crianças.

 

Roberto Santos, 13, diz que usa o computador com freqüência, mas não para os estudos. “Sou viciado em computador, estou quase todos os dias na lan-house para jogar, ver o meu Orkut e msn. Só uso para fazer pesquisa quando estou em casa, mas mesmo assim, confesso que copio e colo o que encontro para entregar ao professor”, diz.

Dônavan diz que, com a internet, a pesquisa fica mais fácil
 

O mesmo procedimento acontece com Dônavan Dehuel, 15, que copia o que encontra na rede para entregar os trabalhos da escola. “Coloco o assunto num site de pesquisa e depois vejo o que encontro. É mais rápido e prático, não precisa ficar lendo aquele monte de páginas dos livros para encontrar o que a professora quer”, explica o garoto.

 

Jorge Luiz da Conceição, proprietário de uma lan-house na capital sergipana, afirma que os jogos e os sites de relacionamento são realmente os mais procurados pelos jovens e crianças. Ele diz que é mito raro alguém procurar o espaço para a pesquisa e sites de busca. “Os jogos são a verdadeira marca de uma lan-house. Na verdade, o nosso maior investimento não é na velocidade da rede de internet, mas nos acessórios para jogos on line e demais meios de entretenimento porque é isso que nos dá um retorno financeiro. No entanto, trabalho com uma política educativa para crianças de até 16 anos”, explica.

Jorge incentiva seus clientes mirins

 

Incentivo ao estudo

 

A política a qual se refere é um incentivo ao estudo. As crianças e adolescentes que obtêm médias escolares iguais ou superiores a 8, têm essas médias convertidas em horas para utilização na lan-house. “Os pais foram os primeiros a gostar da idéia, trazem os boletins para que a gente dê as horas equivalentes. É bom lembrar que as horas dadas são para sites educativos e de pesquisa, não para jogos. Isso é o que eu posso fazer para associar o meu projeto à educação”, afirma Jorge Luiz.

 

“Essa concepção de associar a internet aos meios educativos é uma tarefa ainda difícil de ser entendida pelos donos de lan houses. No entanto, é preciso entender que, se eles não fizerem algo em conjunto, claro, com pais e professores, nossos jovens não serão capazes de construir suas próprias idéias e ficarão sujeitos à simples reprodução de textos sem sequer ler o que está escrito neles”, afirma Paulo do Eirada, diretor educacional do Sebrae-Se.

 

Fiscalização dos pais

Tânia afirma que uso da internet deve ser administrado
A psicóloga Tânia Cardoso diz que a internet é uma ferramenta de pesquisa inovadora, capaz de permitir ao aluno um maior conhecimento acerca de assuntos dos mais variados interesses. Entretanto, ela afirma que esse mesmo veículo pode trazer problemas se administrado de forma equivocada. “A internet representa além de uma amplitude, uma facilidade na hora de adquirir um conhecimento. É essa facilidade que deve ser administrada pelos pais e educadores de forma geral, senão os trabalhos de sala de aula viram simples reproduções do que foi visto em rede”, diz Tânia.

 

Segundo ela, a internet não limita o aprendizado de jovens e crianças em virtude dessa facilidade de informações. “O aluno que estuda, pesquisa em livros, sites ou bibliotecas passa segurança ao professor na hora de explicar ou entregar um trabalho. Já os que copiam o que encontram na rede, fazem o mesmo com os livros ou pegam o caderno do colega para copiar a tarefa que não fizeram, só passam para os outros aquilo que já está pronto. Seria necessária uma fiscalização por parte dos pais e professores na hora da pesquisa dos alunos. O sistema não pode ser culpado por essa má administração”, completa a psicóloga.

 

A dona de casa Iraci Campos, 41, explica que o filho Rafael,13, tinha o hábito de copiar e colar informações oferecidas por um site de pesquisa quando a professora de História passava trabalhos na sala. Iraci não conferia os trabalhos do filho, mas percebeu as notas baixas e os recados no boletim da criança. “A professora mandou me chamar para explicar porque Rafael estava tirando notas baixas. Ela disse que ele iria reprovar porque os trabalhos que estava fazendo eram cópias da internet e que, muitas vezes, só a primeira parte do trabalho era sobre o assunto que ela pediu”, explica Iraci. Depois disso, ela passou a acompanhar todas as tarefas escolares do filho. “Agora, sentamos juntos para fazer as pesquisas. Ele lê os textos que encontra na internet e faz um resumo do que entendeu. As notas melhoraram e o conhecimento também”, diz ela.

 

“A internet está aí para que as pessoas descubram várias coisas interessantes em qualquer parte do mundo. A simples reprodução das informações não habilita o desenvolvimento de novas idéias. A vontade de ler e compreender o assunto faz do aluno muito mais que um estudante, mas um transmissor de conhecimento”, finaliza Tânia.

Por Jéssica Vieira e Raquel Almeida

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