Promessas sergipanas no Campeonato de Boxe

Equipe de jovens atletas que participará da competição

A cada semana aumenta a expectativa dos pugilistas sergipanos em relação ao Campeonato Brasileiro de Boxe, que pela primeira vez acontecerá em Aracaju entre os dias 18 e 25 de outubro. Dentro da competição, ocorrerão o 64° Campeonato Brasileiro de Boxe Masculino Adulto, o 7° Campeonato Brasileiro de Boxe Feminino e o 2° Campeonato Brasileiro de Boxe Masculino Cadete.

O evento conta com total apoio da Secretaria de Estado do Esporte e Lazer (SEEL), que além do apoio financeiro vai ajudar na logística de alimentação e transporte dos atletas.

Grandes nomes do esporte estarão na capital para prestigiar a competição. Mas o destaque, pelo menos para o presidente da Federação Sergipana de Boxe, Valter Duarte, fica por conta dos novos talentos do esporte em Sergipe. Jovens que apesar da pouca idade já despontam como promessa e pretendem elevar a imagem do Estado perante o país.

Sergipe promete sair do anonimato no boxe amador
“Sergipe vai sair do anonimato no boxe amador e surgirá como o pequeno mais notável do país”, diz, otimista. De acordo com Duarte, mais de 500 atletas estão inscritos no campeonato. Pela primeira vez a delegação sergipana contará com um número expressivo de atletas: 33. “São pugilistas com condições reais de subir ao pódio”, acrescenta.

Carlos Henrique, Mirele Cruz, Cristina Teles, Matheus Araújo e Cícero Sebastião são os que provavelmente subirão nos degraus almejados pelos vários participantes das competições. Esses jovens viram no esporte não só a atividade física, mas a oportunidade de ter melhores perspectivas das que lhes eram oferecidas na periferia da capital.

Todos fazem parte de um projeto social desenvolvido por Duarte no bairro Santa Maria, através do Núcleo Preparatório sediado no estádio Lourival Baptista. O órgão conta com apoio do Governo, através da Secretaria de Esportes.

Boxe não é coisa só de homem

Mirele diz que sofreu preconceito por praticar o esporte
Esse foi o primeiro obstáculo a ser quebrado por Mirele. Treinando desde os 15 anos, a jovem chegou aos 17 tendo que lidar não só com as adversárias, mas com o preconceito entre colegas e a própria família. “Falam muito do corpo, dizendo que ficou masculino. Meu pai mesmo vivia dizendo que isso é coisa de homem. Mostrei a todos que não é bem assim. Consegui tudo de cabeça erguida”, conta a jovem.

Assim como qualquer esportista que vai para um grande evento, ela não esconde a apreensão em participar de um campeonato que implica grande responsabilidade por ser realizado ‘em casa’. “É uma maravilha participar, até porque muita gente quer e eu já consegui uma vaga”, comemora.

Os desafios vão desde o desconhecimento das adversárias, até a luta com a balança, para perder peso e se encaixar na categoria ideal. “Não é fácil chegar lá, tenho 47Kg, mas vou concorrer na categoria de 46Kg”, diz. O ponto fraco, revela, é o nervosismo, mas os fortes ela logo faz questão de citar: “Força e agilidade!”, exclama.

Mirele e adversária de Salvador

Em busca do ouro

Assim Matheus Araújo define o principal objetivo da sua participação no evento. Os treinos, segundo ele, entraram em um nível mais intenso. Todos os dias são 2h de boxe e mais 1h de corrida. “O foco, agora, é preparo físico e golpes”, diz. Aos 16 anos ele contabiliza 10 lutas com sete vitórias e três derrotas.

Para o jovem, o esporte chegou em um momento crucial. “Eu já estava entrando numa turma nada legal e foi bem nessa época que comecei a treinar. O boxe mudou a minha vida. Passei a encarar a vida e as responsabilidades com outras atitudes”, revela. Apesar disso, ele lamenta que a modalidade ainda não possua o reconhecimento devido. “Nós ainda sofremos para conseguir patrocínio. O boxe ainda não é referência em Sergipe”, conta.

O ânimo do atleta é o patrocínio

Carlos Henrique diz que antes de praticar achava o esporte violento
Já Carlos Henrique não imaginava que praticaria boxe algum dia. “Eu achava muito violento. Mas, quando vi, em três semanas de atividade já estava numa competição”, lembra. Há quase dois anos ele treina. Até o momento foram nove lutas, mas nenhuma delas será comparável à do campeonato que está por vir.

“O pior é driblar o nervosismo. Mas, por outro lado, lutar em casa vai ser legal porque teremos a torcida da família e dos amigos, um apoio bem maior do que estamos acostumados”, explica o pugilista. Henrique competirá na categoria 51Kg, mas está com 53Kg. Assim como a colega Mirele Cruz, luta para chegar ao peso ideal. “Com o treinamento a gente chega lá!”, diz, otimista.

Ele também tece críticas à falta de apoio e reconhecimento que o esporte tem. “Em Salvador, por exemplo, há muito patrocínio. Isso dá um ânimo bem maior ao atleta. Seria bom que as pessoas enxergassem o quanto o boxe pode transformar um jovem”, revela.

Incentivo vem da família

Cícero Sebastião também é um nome forte entre os competidores. Apesar de estar no esporte há apenas um ano, é considerado um lutador de destaque por ter conseguido vencer todas as seis lutas de que participou; cinco delas foram por nocaute.

O jovem trabalha na lixeira do Santa Maria e até poucos dias tinha a participação ameaçada por conta de uma infecção no pé, decorrente do trabalho. Ele não foge à regra e revela que o nervosismo é grande, mas, sem modéstia, diz que o esforço de todos é representar o Estado da melhor forma. “A gente já evoluiu muito, mas não podemos desconsiderar o nível dos adversários”, diz.

Ainda segundo ele, o apoio da família é o melhor fator para a permanência no esporte. “Minha mãe até disse que se eu deixasse o boxe, levaria uma surra”, brinca.

Valter diz que atlestas sergipanos têm grandes chances de subir ao pódio

Adesão ao esporte é maior hoje

Valter Duarte, presidente da Federação Sergipana de Boxe, diz que o esporte têm tido avanços e conquistado novos públicos. “A modalidade se expandiu, lota as academias e está sendo praticada com muita responsabilidade”, comenta. Ainda assim, segundo ele, é preciso que as empresas particulares enxerguem o esporte como um instrumento de inclusão social.

Ele lembra que em 1990 apenas um representante participou do campeonato brasileiro. Em um breve histórico, entretanto, ele diz que vários esportistas ganharam destaque em lutas importantes. “Hoje a adesão é maior. Vamos para a competição com mais de 30 atletas”, reforça.

Por Diógenes de Souza e Glauco Vinícius

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