Ataques a jornalistas e a veículos de imprensa cresceram 54% em 2019

Fenaj divulgará relatório na quinta-feira (Foto: Reprodução cartaz da Fenaj)

A ascensão de Jair Bolsonaro à Presidência da República afetou significativamente a liberdade de imprensa no Brasil. De acordo com os dados coletados pela Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj), em 2019, o número de casos de ataques a veículos de comunicação e a jornalistas chegou a 208, um aumento de 54,07% em relação ao ano anterior, quando foram registradas 135 ocorrências.

A presidenta da FENAJ, Maria José Braga, alerta para a gravidade da situação. “Há, de fato, uma permanente ameaça à liberdade de imprensa no Brasil e à integridade física e moral dos jornalistas. É preciso urgentemente frear o arbítrio instalado no país”, diz.

Conforme a Fenaj, em um ano de governo, o presidente Jair Bolsonaro, sozinho, foi o responsável por 121 casos (58,17% do total) de ataques a veículos de comunicação e a jornalistas. Foram 114 ofensivas genéricas e generalizadas, além de sete casos de agressões diretas a jornalistas, totalizando 121 ocorrências, conforme a estatística da instituição.

De acordo com a Fenaj, a maioria dos ataques de Bolsonaro foi feita em divulgações oficiais da Presidência da República (discursos e entrevistas do presidente, transcritos no site do Palácio do Planalto) ou no Twitter oficial de Bolsonaro. Foram 116 casos, já denunciados pela Fenaj em divulgação específica. A esses, somaram-se outros cinco casos de agressões feitas em entrevistas/conversas com jornalistas que não foram reproduzidas no site do Palácio do Planalto.

A Fenaj informa que, além do número geral de casos de violência contra jornalistas e ataques à liberdade de imprensa ter crescido em 2019, também cresceu o número de assassinatos, a violência extrema contra a categoria. Os jornalistas Robson Giorno e Romário da Silva Barros, ambos com atuação em Maricá, no estado do Rio de Janeiro, foram assassinados. Em 2018, havia ocorrido um assassinato e, em 2017, nenhuma morte em razão do exercício profissional fora registrada.

Das categorias de agressões diretas a jornalistas, além dos assassinatos, registrou crescimento em 2019, em comparação com o ano anterior, a categoria das injúrias raciais. Em 2019, houve dois casos de racismo e, em 2018, nenhum.

Foi registrado o mesmo número de ocorrências que no ano passado nas categorias das ameaças/intimidações e das censuras, respectivamente, 28 e dez casos. Houve diminuição numérica nas demais categorias de violência direta contra jornalistas.

As agressões físicas – tipo de violência mais comum até 2018 –, foi uma das categorias em que houve diminuição no número de ocorrências. Foram 15 casos, que vitimaram 20 profissionais, contra 33 ocorrências no ano anterior. Em 2019, foram registradas também 20 agressões verbais, dez casos de impedimentos ao exercício profissional, cinco ocorrências de cerceamento à liberdade de imprensa por meio de ações judiciais e dois casos de violência contra a organização sindical dos jornalistas. Em 2018, foram, respectivamente, 27, 19, dez e três casos.

A Fenaj divulgará, na próxima quinta-feira, 16, o Relatório da Violência contra Jornalistas e liberdade de imprensa – 2019. A apresentação do relatório será feita às 14h, no auditório do Sindicato dos Jornalistas no Município do Rio de Janeiro.

Com informações da Fenaj

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