Subvenções: ex-diretor da AL confirma repasse irregular

Hunaldo Mota confirma repasse irregular (Fotos: Cássia Santana/Portal Infonet)

Classificando como um dos mais importantes para a defesa, o ex-diretor geral da Assembleia Legislativa, José Hunaldo Santos Mota, prestou depoimento à justiça eleitoral na manhã desta segunda-feira, 8, e confirmou repasse irregular de verbas de subvenção a uma entidade controlada pela ex-deputada Angélica Guimarães, que atualmente exerce cargo vitalício de conselheira do Tribunal de Contas do Estado de Sergipe.

No depoimento, o ex-diretor geral revelou que a Unidade de Saúde Angélica Guimarães, que tem atuação no município de Japoatã, não prestou contas das verbas que recebeu no ano de 2013 e, mesmo assim, no ano seguinte foi beneficiada com cerca de R$ 500 mil. Os recursos repassados indevidamente foram devolvidos pela entidade aos cofres do Poder Legislativo. O ex-diretor explicou que o repasse foi feito de forma antecipada e, quando se constatou a irregularmente, o valor repassado foi estornado.

A procuradora eleitoral Eunice Dantas observa que a irregularidade só foi detectada durante as investigações realizadas pelo Ministério Público Federal e acredita que, não havendo aquela investigação, não teria ocorrido o estorno dos recursos.

Associação tem nome de deputada

“Se não houvesse a investigação, eles não teriam detectado este erro e os recursos certamente ainda estariam lá na associação”, analisa Eunice Dantas. “Na época, a deputada [Angélica Guimarães] era presidente da Casa e não teve este cuidado de observar que a associação não havia prestado conta dos recursos anteriores que tinha recebido e isso pode ser entendido como alguma gravidade na conduta dela”.

O ex-diretor da Assembleia se recusou a falar com a imprensa.

Riachão

Na manhã desta segunda, outras testemunhas arroladas pela defesa também foram ouvidas. Entre eles, Ivan Souza Santos, um jovem morador do povoado Tanque Novo em Riachão do Dantas, que confirmou a realização de um trabalho social voltado para a juventude feito pela Associação D. Caçula, e o ex-prefeito daquele município José Almeida Fontes, que já dirigiu aquela entidade, fundada pelo ex-prefeito Laelson Menezes, que recebeu cerca de R$ 300 mil das subvenções indicadas pelo então deputado Zeca da Silva, sobrinho do ex-prefeito.

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Ex-prefeito e ex-dirigente de entidade não sabe explicar aplicação de recursos

O ex-diretor destacou o trabalho social da entidade, que controlava uma unidade de saúde, mas não soube explicar o destino das verbas de subvenções, dizendo que não tinha o efetivo controle contábil da entidade. “Mas nossa diligência lá no município comprovou que ela não existia e o ex-prefeito só confirmou que a Associação tem vinculação com o deputado Zeca da Silva”, observou Eunice Dantas. “Era uma casa fechada, inclusive há informação do atual prefeito que havia eventos políticos naquele local e ficou bem clara a própria ligação do deputado Zeca da Silva com a associação, que é do tio do deputado e leva o nome da avó dele”, disse.

Por Cássia Santana

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