Bactéria KPC: surto pode ficar endêmico no Huse

Coletiva aconteceu no auditório do Huse (Fotos: Portal Infonet)

“O surto da bactéria KPC no Hospital de Urgência de Sergipe (Huse) continua, o período de contenção permanece e o caso positivo que a gente encontrou na UTI não é novidade pra nós. Já estávamos aguardando que isso acontecesse. A KPC vai ficar endêmica no nosso hospital”. A informação foi dada na tarde desta sexta-feira, 13, pela superintendente do maior hospital de Sergipe, Lícia Diniz, durante coletiva de imprensa para falar sobre uma nova infecção detectada pela bactéria na Unidade de Tratamento Intensivo (UTI) 1, área que era considerada livre da KPC. Do final de maio até agora, foram registrados 42 casos positivos com sete óbitos.

De acordo com ela, quando uma indústria farmacêutica estude um antibiótico para tentar controlar uma infecção, o medicamento já chega no mercado ultrapassado.

Lícia Diniz: "Não surgiu outro caso por falta de higiene e de cuidados"

“Nós usamos antibióticos de alta geração, mas a indústria farmacêutica não tem mais subsídios para controlar esses antibióticos e a droga nova que surge já é quase insuficiente para combater a bactéria que já mutou. Não é um problema do Huse e eu fico muito preocupada quando dizem que a gente mandou fazer uma nova higienização. A bactéria não surgiu por falta de higiene, não estamos deixando sujo e nem ao léu. Surgiu porque o paciente tomando antibiótico vai ficando resistente ao antibiótico”, esclarece.

A médica deixou claro que a KPC não se alastrou mais pelo conhecimento técnico e pela equipe de servidores conscientes. “Não é fácil fazer essa contenção que fizemos. Tivemos que lidar com a vida das pessoas e com as equipes de trabalho. São muitas as variáveis que temos que atacar para fazer a contenção. O que for necessário está sendo feito para adquirir materiais. Nada está faltando e o estoque é suficiente para fazer os estudos que estão sendo feitos pela microbiologia”, enfatiza.

Casos

Josy Enreria: "Estamos com um  surto propagado"

Na ocasião, a médica infectologista da UTI, Josy Enreria, informou ser um surto propagado. “Não é um surto de fonte comum, mais fácil de controlar. Esse é um surto propagado, em que o paciente tem, alguém vai lá e coloca a medicação, mesmo de luva, encosta o jaleco na cama e depois em outra e pega em outro paciente. A gente está tratando as três fases: de contenção, eliminação e erradicação por completo. É provável que essa bactéria torne-se endêmica no hospital e a gente quer que ela demore a ser endêmica. Tem hospitais que já estão com a KPC endêmica há anos e nós temos que combinar antibióticos, associando, por isso fechamos a UTI e estamos na fase de eliminação”, explica.

Quanto aos casos, ela informou que na primeira fase, foram dez pacientes positivos em uma UTI e seis em outra. “Quando a gente juntou teve mais dois pacientes que estavam na enfermaria, formando 18. Agora quando a gente fez um segundo repique na UTI 1, encontramos quatro, então, já está diminuindo o número. Semanalmente fazemos culturas nos pacientes como medidas de prevenção e controle. Um desses quatro novos já foi pra casa. Hoje, com infecção ativa pela KPC, temos apenas um, 12 colonizados, quando eram mais de 30 e sete morreram. Depois dessa fase, é provável que a gente passe um tempo com a coexistência da KPC, com controle para que não se crie um novo surto”, afirma.

Marcos Krogel destacou o uso indiscrimiando de antibióticos pela população"

O diretor clínico Marcos Krogel alertou para o uso constante de antibióticos. “Esse processo de resistência a antibióticos é mundial e a população deve ter muito cuidado com o uso de antibióticos indiscriminado, ou seja, usam por tudo e isso tem uma consequência. Os profissionais também tem que refletir sobre a prescrição de antibióticos”, acrescenta.

Por Aldaci de Souza

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