CRM: falta política de RH para resolver caos na saúde

CRM: intervenção federal na saúde (Fotos: Cássia Santana)

O Hospital de Urgência de Sergipe (Huse) permanece sem cirurgiões pediátricos, que pediram demissão em massa devido às precárias condições de trabalho e em consequência do número insuficiente de profissionais para compor as escalas de plantão.

Na manhã desta sexta-feira, 21, a presidente do Conselho Regional de Medicina (CRM), Rosa Amélia Andrade Dantas, e o corregedor do CRM, Hyder Aragão de Melo, reuniram jornalistas em entrevista coletiva e voltaram a defender a intervenção federal na saúde pública de Sergipe.

A presidente do CRM, Rosa Amélia Andrade Dantas, informou que permanece aguardando posição do Ministério da Saúde quanto ao pedido de intervenção federal e garantiu que o CRM vai formular nova intervenção do Conselho Federal para acionar até mesmo o Supremo Tribunal Federal pela intervenção federal na saúde pública de Sergipe.

Na coletiva, os médicos observaram que Sergipe está vivenciando um clima de verdadeiro caos na saúde que atinge também a iniciativa privada e informaram que os cirurgiões pediátricos só voltam à atividade no Huse quando a Secretaria de Estado da Saúde e a Fundação Hospitalar de Sergipe encontrarem solução para os problemas de gestão.

Hyder e Rosa Amélia: caos anunciado

Para o CRM, está faltando incentivos para o médico se sentir atraído para disputar vagas em concurso público promovido pela Fundação Hospitalar de Saúde. “Falta política de recursos humanos. Por que a Fundação não tem o mesmo poder atrativo que o Hospital Universitário?”, questionou a presidente do CRM, observando que, dos 90 mil inscritos no concurso público do HU, há um número expressivo de médicos disputando as vagas disponíveis.

Caos anunciado

Conforme enfatizaram, os problemas são decorrentes das precárias condições de trabalhos naquela unidade de saúde, onde a grande maioria das salas cirúrgicas foi transformada em enfermaria, há falta de equipamentos e o número de profissionais [cirurgiões pediátricos] é insuficiente para atender a demanda. De acordo com o CRM, o Huse operava com dez cirurgiões, entre os quais cinco pediram demissão no primeiro momentos, dois adoeceram e sobraram apenas três que não tiveram condições de atender à demanda e acabaram também abandonando o serviço naquela unidade de saúde.

O CRM admite que no Estado de Sergipe há realmente escassez de profissionais, mas os dez que estavam atuando no Huse seriam suficientes para atender à demanda que gira em torno de 30 cirurgias mensais. A presidente do CRM informou que a crise no sistema de saúde pública em Sergipe foi detectada em 2009 e, desde então, as providências necessárias não foram tomadas até chegar a situação de caos.

O corregedor garantiu que as cirurgias pediátricas vão continuar sendo realizadas pelos cirurgiões gerais, mas advertiu que a situação poderá se agravar porque o quadro destes profissionais também é precário para garantir a escala de plantão. “Chamamos os gestores para ouvi-los e solicitar sugestões por escrito porque palavras ditas da boca para fora não serão aceitas”, advertiu a presidente do CRM.

SES

A Secretaria de Estado da Saúde (SES) enviou nota informando que durante reunião realizada com o CRM, a Fundação Hospitalar de Saúde (FHS) apresentou as ações pactuadas no Ministério Público Estadual e que vêm sendo executadas. Os gestores explicaram à presidente do CRM, Rosa Amélia, e para o corregedor do Conselho que todos os pontos pactuados vêm sendo cumpridos.

Estamos fazendo tudo o que está ao nosso alcance. Fizemos o chamamento público nacional para a contratação imediata de cirurgiões pediátricos, que foi lançado para tentar melhorar a escala médica. Hoje, nós temos uma deficiência de cirurgiões pediátricos em uma escala médica de 24h. Isso não é algo que se restringe a Sergipe. Temos apenas 10 profissionais no Estado, quando só a rede pública precisaria de 21 para uma escala completa. O número de cirurgiões pediátricos formados no país anualmente é muito pequeno. Há turmas que estão concluindo a residência agora no início de março e é nesses profissionais que estamos mantendo a expectativa de trazê-los para cá", disse Wagner Andrade, diretor Operacional da FHS.

Ainda de acordo com o a nota, durante a reunião, Wagner Andrade, informou que a partir da semana que vem estará indo a alguns centros formadores de médicos cirurgiões pediátricos para conversar pessoalmente com as instituições a fim de reforçar o chamamento.

“Já contratamos uma profissional com 60 horas e estamos finalizando a contratação de mais uma. Com relação aos cirurgiões pediátricos, estamos aguardando a resposta ao chamamento público para contratação de cirurgiões pediátricos com salário de R$ 18.600 mensal. O chamamento foi lançado no final do mês passado como parte do acordo firmado no Ministério Público Estadual. Isso significa dizer que não estamos parados. Estamos trabalhando para contratar pessoal e solucionar a crise nesse setor”, explica.

Ao fim, a nota explica que entre as ações pactuadas no MPE e que já em execução, está a reforma do centro cirúrgico do Huse para que as nove salas entrem em pleno funcionamento.

Por Cássia Santana

A matéria foi alterada às 17h22 para acréscimo de nota enviada pela SES.

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