Especialista alerta que periodontite aumenta com o passar da idade

Há sete unidades de CEOs estaduais que tratam a população do estado (Foto: SES)

A doença periodontal é uma patologia infecto-inflamatória que acomete os tecidos de proteção e sustentação dos dentes, diagnóstico habitualmente identificado pelos dentistas dos Centros de Especialidades Odontológicas (CEOs), administrados pela Fundação Estadual de Saúde (Funesa) com o suporte da Secretaria de Estado da Saúde (SES). Umas das primeiras características de que um paciente pode manifestar periodontite são vermelhidão e sangramento gengival, segundo explica a periodontista do CEO de Laranjeiras, Andrea Goetschi.

“Caracteriza-se pela inflamação da mucosa, perda de inserção do ligamento periodontal e destruição do tecido ósseo. Acontece em pacientes de todas as idades, sendo mais comum nos idosos e no sexo masculino. Uma das causas que contribui para a doença é acúmulo de placa bacteriana na superfície dental, subgengivalmente e, sobretudo, nas regiões de  difícil acesso à higienização, como nas áreas entre os dentes e próximas à margem gengival. Mas isso não é suficiente para o desenvolvimento da doença”, explica Andrea.

Estudos afirmam que a etiologia da doença periodontal e gengival é microbiana, sendo a placa bacteriana o principal fator etiológico (origem e causa). Apesar do  avanço científico na Periodontia nos últimos anos, pouco se sabe a respeito dos fatores causadores da periodontite. Por isso é necessário que o indivíduo apresente o que se chama susceptibilidade intrínseca à doença – ou seja, ele deve apresentar uma resposta de defesa do organismo insuficiente a presença dessa placa bacteriana.

Andrea Goetschi informa que as doenças periodontais não são transmissíveis, porém alguns tipos de periodontite, as agressivas, pareçam ter uma herança familiar. Fatores externos podem agravar as doenças periodontais, tais como: perdas dentárias precoces; hábito de fumar, uso excessivo de álcool, uso de aparelhos ortodônticos – de forma indiscriminada por profissionais não habilitados e pessoas com alterações sistêmicas (diabéticos, cardíacos, soropositivos, alterações autoimunes).

Toda gengivite antecede uma periodontite, mas nem toda gengivite progride para uma periodontite. “A evolução  da doença pode levar à perda dos dentes, pois o comprometimento e a destruição pela ação bacteriana, acúmulo de tártaro e inflamação desta estruturas colaboram para a formação de bolsas que geram a mobilidade dentária”, diz a periodontista.

Nos últimos anos, as doenças periodontais estão ganhando maior destaque pela sua correlação com a Medicina, principalmente na Cardiologia, Endocrinologia, Infectologia e Obstetrícia. Nesses pacientes com alterações sistêmicas temos o desenvolvimento da doença periodontal mais acelerado, devido à sua relação direta com desfechos desfavoráveis com endocardites, complicações em diabéticos pacientes imunodeprimidos e em gestações, como parto prematuro e óbitos neonatais.

Prevenção

A referência técnica de Saúde Bucal da SES,  Ana Paula Vieira, alerta que se deve levar em consideração a necessidade imediata da prevenção através de visitas regulares ao cirurgião-dentista, que realizará os procedimentos necessários para a solução do problema. “Na Atenção Primária (responsabilidade dos municípios), os pacientes são atendidos pelas equipes de Saúde Bucal e, quando necessário, esses pacientes são encaminhados  aos CEOs , que contam com profissionais especializados para o referido atendimento”.

Há sete unidades de CEOs estaduais que tratam a população do estado. Eles funcionam em Boquim, Capela, Laranjeiras, Nossa Sra. da Glória, Propriá, São Cristóvão e Tobias Barreto. Sthephany Barreto, coordenadora dos CEOs (Funesa), orienta que, para prevenir a doença periodontal, deve-se manter os dentes sempre bem limpos e higienizados, bem como a região onde eles se instalam (escovação adequada, com escova macia e uso de fio dental). “Além disso, indicamos consulta com um periodontista para melhor avaliação clínica e radiográfica na persistência de sinais e sintomas de alterações gengivais”, ressalta.

Aspectos conceituais e epidemiológicos

Periodonto é o nome de todos os tecidos envolvidos na fixação do dente ao tecido ósseo. Eles se dividem em dois: Periodonto de Proteção, que é formado pela gengiva/mucosa, e o Periodonto de Sustentação, que é formado pelo osso alveolar, ligamento periodontal e o cemento.  De acordo com o guia “A Saúde Bucal no Sistema Único de Saúde”, publicado pelo Ministério da Saúde (MS) em 2018, a doença periodontal deve ser vista como um processo de desequilíbrio entre as ações de agressão e defesa sobre os tecidos de sustentação e proteção do dente, que tem como principal determinante o biofilme dental, a partir das diferentes respostas dadas pelo hospedeiro.

“Não é mais considerada apenas como de progressão lenta e contínua, podendo ter padrões variáveis de progressão. É entendida como uma doença infecciosa, na qual as alterações de forma e função são consideradas sinais”, define a publicação do MS. O material também informa que a normalidade do periodonto é definida por variáveis biológicas, que são mais coerentes com a etiopatogenia da doença e permitem que usuários que em algum momento foram portadores da doença e apresentem sequelas (como recessão e mobilidade) retornem ao estado de saúde. Estudos ainda estão em andamento para esclarecer se existe alguma associação entre doença periodontal e doenças sistêmicas, tais como: diabetes mellitus, doenças cardiovasculares e parto prematuro de baixo peso.

No que diz respeito às condições periodontais, segundo os resultados do Projeto SB Brasil 2010 (BRASIL, 2011c), tais problemas aumentam, de modo geral, com a idade. Os resultados indicam que o percentual de indivíduos sem problema periodontal foi de 63% para a idade de 12 anos; 50,9% para faixa de 15 a 19 anos; 17,8% para os adultos de 35 a 44 anos; e somente 1,8% nos idosos de 65 a 74 anos. A presença de cálculo e sangramento é maior entre os adolescentes. As formas mais graves da periodontia aparecem de modo mais significativo nos adultos de 35 a 44 anos, em que se observou prevalência de 19,4%. Nos idosos, os problemas gengivais têm pequena expressão em termos populacionais, em decorrência do reduzido número de dentes presentes.

Fonte: ASN

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