Estudo avalia os efeitos de ácido na doença de Chagas

O estudo é da doutora em bioquímica Sandra Lauton Santos (Foto: Fapitec)

No Brasil, cerca de 3 milhões de pessoas são portadoras da fase crônica da doença de Chagas, enfermidade causada por um protozoário parasita chamado Trypanosoma cruzi. Um estudo coordenado pela professora doutora em Bioquímica e Imunologia, Sandra Lauton Santos, da Universidade Federal de Sergipe (UFS), propõe avaliar os efeitos do ácido úsnico, substância encontrada na Serra de Itabaiana, para o tratamento da fase crônica da doença.

O projeto vem sendo desenvolvido com o financiamento da Fundação de Apoio à Pesquisa e à Inovação Tecnológica do Estado de Sergipe (Fapitec/SE), fruto do Programa de Pesquisa para o Sistema Único de Saúde (SUS). A meta do estudo é desenvolver uma nova ferramenta terapêutica com o ácido úsnico para tratar os pacientes na fase crônica da doença de Chagas.

A pesquisadora explica que atualmente só existe tratamento para a fase aguda da enfermidade, quando  atinge o nível crônico há apenas medicamentos para tratar os sintomas. No Brasil, o tratamento inicial da doença é feito com benzonidazol, caso ocorra falha terapêutica, o nifurtimox pode ser utilizado, mas esses medicamentos são tóxicos e de difícil administração. Segundo Sandra Launton, o objetivo do estudo é tentar matar o parasita na fase crônica evitando que o protozoário produza mais substâncias que prejudique o paciente.

O ácido úsnico é um produto natural derivado do metabolismo de líquen, uma associação de alga com fungo. De acordo com a pesquisadora, estudos científicos apontam que numa cultura de célula, essa substância é capaz de matar o T. cruzi. “Foi a partir desses estudos que nós tivemos a ideia de utilizar o ácido úsnico e testar no animal com a doença de Chagas”, explica.

De acordo com Sandra Lauton, outro aspecto importante do projeto é tentar tratar o paciente de maneira que não cause danos ao paciente, diminuindo a toxicidade da terapia.

Doença de chagas

O T. cruzi é encontrado nas fezes de alguns insetos, principalmente no barbeiro. A contaminação humana ocorre através da ingestão de alimentos crus que contenham fezes do parasita ou pelo contato direto com o animal.

A doença de Chagas possui dois estágios: agudo e crônico. Na fase aguda, pode apresentar alguns sintomas como febre, inchaço, vermelhidão no local da picada do inseto, fadiga, dores no corpo, dor de cabeça, náusea, diarreia ou vômito, além do surgimento de nódulos e aumento do tamanho do fígado e do baço. Já no estágio crônico, fase evoluída da doença, causa constipação, problemas digestivos, dor no abdômen, dificuldades para engolir e batimentos cardíacos irregulares. A enfermidade também provoca um aumento do coração prejudicando sua função e comprometendo todo o organismo.

Para a pesquisadora, o estudo é importante para preencher a lacuna da falta de tratamento da fase crônica da doença, desenvolvendo alternativas farmacológicas. “No SUS, encontram-se a maioria dos pacientes chagásicos. É uma doença que atinge a parcela da população mais desfavorecida economicamente, e este fato não é um atrativo para a indústria farmacêutica, assim, é importante estas estratégias que fomentem esse tipo de pesquisa”, enfatiza.

A professora Sandra Launton aponta como resultado esperado da pesquisa é tentar esclarecer se o ácido úsnico será uma substância capaz de matar o parasita dentro da célula cardíaca, sem grande toxicidade para o organismo. Caso a resposta seja positiva, será uma boa ferramenta para tratamento de pacientes chagásicos na fase crônica da doença.

Fonte: Fapitec/SE 

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