Huse: Problemas com alimentação, materiais e medicações

Falta de material pode provocar infecção hospitalar

O fornecimento de alimentos no Hospital de Urgências de Sergipe (Huse) e nos Hospitais Regionais do Estado pode ser prejudicado por conta de decisão das empresas Dall e Nutrisabor em suspender o contrato firmado com a Fundação Hospitalar de Saúde (FHS) por conta dos pagamentos atrasados. Os valores segundo o presidente da Força Sindical, William Roberto Cardoso, chegam a aproximadamente R$ 10 milhões e 1,6 milhões, respectivamente.

As informações são de que a partir da próxima quarta-feira, 31, por falta de condições, a alimentação dos funcionários dos hospitais será suspensa. Somente os pacientes ficarão com o serviço garantido, isto somente até o dia quatro de novembro, data em que vence o aviso prévio dos 211 funcionários da Dall e 86 da Nutrisabor.

“As empresas não querem a renovação do contrato com a FHS. Elas já chegaram ao seu limite máximo, pois estão mantendo os pagamentos dos funcionários em dia mesmo com a falta de pagamento da FHS. Caso o contrato continue, elas correm o risco de ficar inadimplentes, já que as dívidas estão virando uma bola de neve”, explica o presidente.

Funcionários comem ovo quase todos os dias

Ainda de acordo com o William Roberto, as dívidas da FHS com as duas empresas correspondem à 8 meses em atraso. As empresas fornecem alimentos para o Huse, Maternidade Nossa Senhora de Lurdes, Centro de Endemias e para os Hospitais Regionais de Socorro, Itabaiana, Lagarto e Tobias Barreto. “Se até o dia 10 de novembro, a rescisão dos 86 funcionários não for paga, entraremos com uma ação para bloquear as contas da FHS e da empresa Nutrisabor", antecipa.

Auxiliares de enfermagem do Huse que não quiseram se identificar confirmam os problemas na alimentação. “Por causa dessa dívida, a comida vem sofrendo alguns cortes. Praticamente todo dia comemos ovo e quando vem tem carne, é de segunda”, contam.

Falta de médicos

Os problemas na área da saúde não atingem somente a alimentação. Na Ala azul do Huse, a informação é que um problema com terceirizada que opera o setor tem causado uma deficiência no número de médicos. A empresa estaria há dois meses com problema na regularização dos salários dos médicos.

“Devido aos problemas, os médicos não estão mais colocando seus nomes na escala do plantão. E como não tem médicos estatutários ou celetistas disponíveis o suficiente para fechar a escala, há uma desassistência em um setor que já possui problemas. Esta situação é o que podemos chamar de aberração administrativa na qual um setor de um hospital público é terceirizado. Estamos fazendo uma conscientização sobre essa ilegalidade e já existe até uma ordem judicial para impedir a renovação deste contrato” revela o presidente do sindicato dos médicos, João Augusto Alves.

Medicamentos e materiais

A falta de medicamentos e materiais também tem sido um problema constante. O presidente do Sintasa, Augusto Couto, confirma a deficiência e afirma que o fato atinge não só o Huse, mas todos os hospitais regionais de Sergipe. A atleta Edilma Costa conhece bem o problema e acompanha sua mãe que há 15 anos faz tratamento contra o câncer no Huse.

“Há muito tempos que as coisas são assim. Eles dizem que falta o medicamento na farmácia e nós somos obrigados a comprar com dinheiro do próprio bolso. A família se junta e compra, se não fosse isso ela tava morta”, desabafa. Edilma também afirma conviver com a falta dos materiais. “Aqui falta tudo. Luvas, gases, esparadrapo antialérgico e até o comum”, lamenta.

As mesmas auxiliares de enfermagem que comentaram a situação dos alimentos também revelaram problemas com os medicamentos e materiais. “A falta de medicamentos atinge todos os setores. Tem paciente que começa o tratamento com antibiótico, daí falta e a família mesmo sem condiçõesm tem que comprar, pois o tratamento não pode ser interrompido”, contam.

Ainda de acordo com as profissionais, a falta de materiais é um risco constante para o aparecimento de uma infecção hospitalar. “Na ala fechada que só podemos entrar protegidas, falta touca, capote [capa] e propé [proteção para os pés]. A gente entra do jeito que está”, denunciam.

FHS

A equipe de jornalismo do Portal Infonet entrou em contato com a assessoria de comunicação da Secretaria de Estado da Saúde (SES) que enviou nota esclarecendo o assunto. Segue a nota na íntegra:

Dos 262 medicamentos disponibilizados para tratamento oncológico aos pacientes em Sergipe, apenas 47 constam na Relação Nacional de Medicamentos(Rename – 2010), o que significa medicamentos de fornecimento obrigatório. Além desses, o serviço oferta ainda outros 215 medicamentos oncológicos que, por não estarem no Rename, o que inclui 29 itens que são de alto custo, a exemplo de Nexavar, que uma caixa custa R$ 14 mil.

"Precisamos esclarecer que realizamos aqui média de 50 quimioterapias por dia, o que não é pouco. É preciso alertar, também, que 30% desses pacientes são pessoas que tem plano de saúde particular, mas esses planos não cobrem os medicamentos oncológicos orais e ninguém questiona isso. Todos esses pacientes são absorvidos pelo nosso serviço, independentemente de condição financeira", explica Rute Andrade, coordenadora da Oncologia.

Segundo o diretor administrativo e financeiro da Fundação Hospitalar de Saúde, Manoel Mário Ferreira, todas as medidas foram adotadas no sentido de garantir a assistência oncológica. "Precisamos esclarecer que não cruzamos os braços. Nos últimos 3 meses conseguimos reduzir recuperar em quase 60% o abastecimento de medicamentos oncológicos, todos os processos de compra foram concluídos e todas as ordens de fornecimento expedidas para garantir esse abastecimento", afirma.

Apesar do reabastecimento de muitos itens, a Fundação Hospitalar de Saúde ainda encontra dificuldades para recuperar o abastecimento dos demais itens, dificuldades relatadas pelos próprios fornecedores, inclusive ainda reflexo da greve da Anvisa que, segundo a própria Abimed, gerou um gargalo no abastecimento, travando inclusive importação de matéria prima para medicamentos, com previsão de regularização até o final do ano.

Por Verlane Estácio e Raquel Almeida

* A matéria foi alterada às 14h25 para acréscimo da nota enviada pela SES.

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