Huse:demissão de ortopedistas repercute no Dia do Médico

Hospital de Urgência de Sergipe (Foto: Arquivo Portal Infonet)

A informação de que dez médicos ortopedistas estarão pedindo demissão do Hospital de Urgência de Sergipe (Huse) foi comentada na manhã desta quinta-feira, 18, durante comemorações no Sindicato dos Médicos de Sergipe. O presidente do Sindimed, João Augusto Alves de Oliveira, acredita que a situação esteja sendo gerada pelo estresse do ambiente e pela falta de condições de trabalho.

“Já existem dez pedidos de demissão por parte dos ortopedistas do Huse junto à Fundação Hospitalar de Saúde (FHS), mas a homologação ainda não aconteceu aqui no Sindicato dos Médicos. Como até a homologação pode haver a desistência, a gente torce pela sensibilidade da gestão pública em conseguir reverter essa situação de demissão em massa”, destaca João Augusto.

João Augusto, presidente do Sindimed

Já o diretor clínico do Huse, Marcos Kroeger, afirmou ser importante deixar claro na sociedade que a culpa pelos médicos ortopedistas estarem reduzindo a carga horária não é da categoria.

“Os acidentes estão mais graves e as fraturas estão chegando em maior número e mais complexas. Ao mesmo tempo que houve um aumento da demanda, nossos postos de cirurgias ortopédicas têm diminuído em todo o Estado e tudo está sendo centralizado no Huse e este não suporta. O profissional da ortopedia sofre essa situação. Junto com isso, não se tem um descanso digno, os salários não são condizentes com a atividade, não se tem condições de trabalho, nem água potável, o ambiente de trabalho é sujo, tem mau-cheiro”, denuncia.

Demissões

Marcos Croeger, diretor clínico do Huse

Ainda sobre a possibilidade de uma demissão em massa, Marcos Kroeger disse que: “o profissional de ortopedia simplesmente reduz a carga de trabalho e ficando mais insatisfeito com a situação pede demissão. É importante dizer que não foi uma atitude orquestrada, cada profissional vem reduzindo a carga horária, alguns realmente se desligaram. O que está faltando ao Estado é fazer uma campanha, uma remodelação", ressalta, acresentando que há hospitais inaugurados no interior que os centros cirúrgicos não estão funcionando.

Para ele, não adianta tentar achar que os ortopedistas do Huse agora são ovelhas negras. "Eles são pessoas humanas, de bem, e estão lá em sua grande maioria trabalhando em prol da saúde. Porém as condições que são dadas são muito precárias e a superlotação é diária. Atualmente contamos com 32 ortopedistas distribuídos em três vínculos: são estatutários, concursados CLT e contratados. Eles não estão saindo, pediram redução de carga horária. E se for confirmada a demissão, logicamente o serviço passa a ser mais sofrido”, destaca.

O diretor clínico acrescentou também ser “um processo que a gestão do Estado da Saúde vem cometendo dessa centralização exagerada no Huse. Às vezes a sobrecarga, o desespero e a impotência de ter que operar 200 pessoas, sem poder dar resolutividade, faz com que o profissional desista. É preciso questionar o Governo por que esses postos de ortopedia no interior foram fechados, e por que a Fundação e a Secretaria de Estado da Saúde não tomaram providências anteriormente para se acabar o contrato com a Clínica dos Acidentados e para o fechamento do Pronto Socorro do Hospital de Cirurgia. Hoje estamos curando uma doença dando remédio para febre, mas porque essa febre se iniciou? O problema vem acontecendo no decorrer dos anos e não adianta centralizar a discussão, pois os ortopedistas estão saindo, quando na realidade isso é um sintoma da doença instalada”, acredita.

SES

A reportagem do Portal Infonet entrou em contato com a assessoria de Comunicação da Secretaria de Estado da Saúde para saber se haverá alguma ação para evitar a demissão em massa, e, através de uma nota, recebeu a seguinte resposta. Confira na íntegra:

"De acordo com o diretor técnico, Augusto César Esmeraldo, apenas seis profissionais protocolaram o pedido de demissão.

“A Secretaria Estadual de Saúde, através da Fundação Hospitalar de Saúde, encontra-se em processo de discussão sobre a Ortopedia do Estado de Sergipe para que possamos avançar na qualidade do atendimento ao usuário, bem como nas condições de trabalho dos profissionais. Neste momento, entendo como precipitada a decisão destes profissionais em solicitar a demissão, uma vez que estamos fazendo uma discussão ampliada e avançando para resolver o problema da ortopedia de forma permanente e não mais acumulando pacientes em filas de espera”, explica João dos Santos Lima Junior, diretor geral da Fundação Hospitalar de Saúde.

O mutirão também será mantido. “Desde 21 de setembro, já são mais de 120 pacientes operados e nas próximas semanas vamos tentar reduzir a fila ainda mais”, afirma o diretor técnico do Hospital, Augusto César Esmeraldo.

A fila de espera por cirurgias ortopédicas foi um dos grandes desafios encontrados na Saúde. Para reduzir essa fila, outras unidades hospitalares tiveram escalas completas, realizando também esse tipo de cirurgia, a exemplo de Hospital Regional de Lagarto, que já realizou mais de 70 procedimentos, evitando, assim, que todos os pacientes fossem encaminhados ao Huse, como era feito anteriormente".

Por Aldaci de Souza

*A matéria foi atualizada às 19h40 para a inserção da nota enviada pela Secretaria de Estado da Saúde.

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