O serviço de Atendimento às Vítimas de Violência Sexual da Maternidade Nossa Senhora de Lourdes realizou 2.406 atendimentos em todo o ano de 2022. Destes, 270 foram atendimentos de primeira vez. Ou seja, de novas vítimas do crime que atinge, principalmente, meninas negras, na faixa dos 7 aos 12 anos de idade, de origem humilde e residente no interior do Estado. Dezembro foi o mês de maior incidência de atendimentos de primeira vez, com o registro de 32 casos.
Dezembro também foi o mês de inauguração do Centro de Referência de Atendimento Infanto-Juvenil (CRAI), unidade da Maternidade Nossa Senhora Lourdes, destinada especificamente para o atendimento às vítimas de violência sexual. O centro abriga os serviços de atendimento médico, biopscológico, de prestação de queixa da Delegacia de Vulneráveis e de perícia do Instituto Médico Legal (IML). O funcionamento do Crai motivou o aumento do atendimento de primeira vez, na avaliação da assistente social da casa, Ingrid Lima.
“Um dos maiores ganhos desse espaço é justamente o fato de a gente dar o sigilo, o acolhimento e a humanização que crianças e adolescentes vítimas de violência precisam. Como aqui funcionam os serviços necessários, elas não passam pelas várias instituições, como ocorria anteriormente ao Crai, revivendo o mesmo drama em cada um destes locais. Tentamos ao máximo evitar a revitimização”, atesta Ingrid Lima, informando que na maioria dos casos o agressor é o próprio pai dos meninos e meninas.
O Crai é um serviço porta aberta, que se inicia na recepção com o acolhimento ao responsável legal pela criança ou adolescente e onde também são colhidos os dados iniciais da vítima, que dali segue para o acolhimento biopsicossocial, realizado por psicólogo e assistente social. Na sequência, a vítima é encaminhada para o atendimento médico, onde recebe assistência clínica, com aplicação da profilaxia. Se ainda não prestou boletim de ocorrência, isso é feito no centro, como também a perícia médica, em todos os casos que chegam ao centro de referência.
Números
A assistente social explica que os 2.406 atendimentos realizados no serviço no ano de 2022 se referem aos de primeira vez e de retorno, bem como a exames e acompanhamentos realizados. O tratamento psicológico, por exemplo, tem a duração mínima de seis meses. Quando a vítima recebe alta, nem ela e nem a família ficam desassistidas. São encaminhadas para a rede de assistência social e de saúde do município de origem da vítima para que recebam tratamento e acompanhamento.
Atendimento
O Crai fica localizado na Avenida Tancredo Neves, 5.700, anexo à Maternidade Nossa Senhora de Lourdes, e funciona de segunda a sexta-feira, das 7 horas às 19h. A partir desse horário, nos feriados e finais de semana, as vítimas vão para o atendimento de urgência da Maternidade Nossa Senhora de Lourdes, onde são atendidos apenas os casos agudos – quando a violência aconteceu em até 72 horas. “Se tiver passado mais de 72 horas da agressão, não tem necessidade de trazer a criança e o adolescente para a urgência. Só precisa ligar para o Crai no horário de atendimento que a gente faz o agendamento. Esta é uma orientação que visa preservar a criança de exposições desnecessárias”, reforça a assistente social. O telefone para contato é o (79) 3225-8654.
Foto: Ascom SES
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