O Ministério Público do Trabalho (MPT) está investigando denúncias que envolvem supostos abusos e assédio moral no Hospital Universitário (HU), instituição mantida pela Universidade Federal de Sergipe (UFS) e administrada pela Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh). A coordenação do Sindicato dos Trabalhadores Técnico-administrativos em Educação da UFS (Sintufs) protocolou um documento no MPT pedindo a instauração de procedimento para apurar a situação que o sindicato detalha.
O MPT, que já emitiu recomendações técnicas para todos os hospitais públicos e privados para o enfretamento à pandemia do coronavírus, o COVID-19, declarada pela Organização Mundial de Saúde (OMS), ainda não se pronunciou. Mas, conforme informações da assessoria de imprensa, essas recomendações emitidas na segunda-feira, 23, não anulam as denúncias formalizadas pelo Sintufs.
Conforme a assessoria do MPT, será designado um procurador do trabalho para adotar os mecanismos indispensáveis para essa investigação. Por outro lado, a Ebserh nega a ocorrência das denúncias e se coloca à disposição das autoridades para contribuir com a investigação e o combate a suposto assédio moral a servidores naquela instituição [veja detalhes ao final da matéria].
De acordo com as denúncias do Sintufs, no HU não existe treinamento destinado aos servidores, assim como também falta equipamento de proteção individual, precariedade na higienização no ponto biomédico destinado ao controle de presença dos servidores, além de ocorrer suposto assédio moral.
O Sintufs relata ainda que a empresa administradora do HU não está liberando os funcionários incluídos em grupo de risco do coronavírus. Nesse rol estão lactantes, imunodeficientes e até pessoas com doenças preexistentes classificadas como crônicas ou graves. O Sintufs alerta que há servidores em tratamento de câncer que não foram liberados do serviço e destaca que as denúncias primam para preservar a integridade física dos usuários e todos aqueles que trabalham no hospital, em respeito às recomendações e protocolos de combate e prevenção ao coronavírus.
“É uma situação absurda é não podemos admitir. O Hospital Universitário deveria ser a primeira referência no cumprimento dos protocolos emitidos pelo Comitê de Enfrentamento ao SARS/COVID-19 da UFS, portarias e instruções normativas emitidas na semana anterior”, destaca o coordenador geral da entidade sindical, Wagner Vieira, em nota divulgada para a imprensa. “E ainda, como se não fosse pouco, você lida com parte das chefias assediando os funcionários e funcionárias a arriscarem suas vidas todos os dias. Isso a gente não tolera”, complementa o coordenador.
Ebserh
Em nota enviada ao Portal Infonet por meio da assessoria de imprensa, a Ebserh nega todas as denúncias formalizadas pelo Sintusf, garantindo que o Comitê de Enfrentamento às SARS/Covid-19 já colocou uma série de medidas em prática, justamente para cumprir todas as normas estabelecidas pela própria UFS e demais autoridades sanitárias, suspendendo as consultas, os exames e cirurgias eletivas, além de restringir o acesso de visitantes e acompanhantes, disponibilizando orientações diariamente sobre higienização e cuidado para prevenção de qualquer tipo de contaminação.
Na nota, a Ebserh garante que o setor de hotelaria hospitalar já aumentou a limpeza nos pontos biométricos, assim como se faz a limpeza rotineira em corrimãos de escadas e interiores de elevadores. Destaca também a realização de treinamentos em diferentes turnos, envolvendo efetivos e terceirizados, momento em que são abordadas as questões de higiene e procedimentos operacionais de saúde e segurança do trabalho, com inspeções diárias em todas as dependências da unidade de saúde.
Ao final, a Ebserh se coloca à disposição das autoridades para investigar o suposto assédio moral. “Acerca das supostas denúncias de assédio moral, o HU-UFS reitera o seu rechaço a esse tipo de prática dentro do seu ambiente e coloca-se à disposição das autoridades pertinentes para investigar e combater quaisquer desvios funcionais que atentem contra os princípios da Administração Pública e à dignidade das pessoas”, destaca um dos trechos da nota. “Nesse diapasão, o HU-UFS esclarece, inclusive, que todos os requerimentos de teletrabalho e afastamentos realizados em estrita obediência à legislação vigente, em especial às normas específicas para o enfrentamento à Covid-19, são tratados e acolhidos sem a imposição de embaraços”, complementa.
por Cassia Santana
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