Otorrino alerta os perigos do uso indiscriminado de descongestionante

A orientação do profissional é a utilização consciente do produto, que seria em um tempo máximo de três ou quatro dias
(Foto: Ilustrativa Pixabay)

Você usa descongestionantes nasais? Conhece os riscos que o uso indiscriminado e prolongado do medicamento pode acarretar à sua saúde? Há 25 anos como otorrinolaringologista, especialista do Hospital de Urgência de Sergipe (Huse), Antônio Roberto Ferreira Setton, alerta para o perigo do uso indiscriminado do medicamento, que é bastante eficaz a curto prazo, mas que provoca uma dependência.

Sem a exigência do receituário médico, o acesso aos descongestionantes é fácil e o comércio prospera devido à eficácia imediata do produto, o que faz com que as pessoas que os utilizam acreditem que encontraram, de acordo com o otorrino do Huse, a tábua da salvação para o problema da obstrução nasal. Mas isso pode ser uma armadilha quando se excede o período de uso.

De acordo com Setton, o uso rotineiro pode provocar desde uma renite medicamentosa, que seria a consequência menos complicada, a outras situações mais preocupantes, como por exemplo, aumento da pressão arterial, arritmias cardíacas, alteração do funcionamento de determinadas glândulas como a próstata, e aumento da pressão do olho em pessoas que têm glaucoma.

A orientação do profissional é a utilização consciente do produto, que seria em um tempo máximo de três ou quatro dias, considerando que a obstrução nasal não é uma causa, mas o sintoma de um processo inflamatório, infeccioso ou anatômico. “O uso do medicamento é aconselhado para o período mais crítico da obstrução nasal, mas enquanto isso, a pessoa deve ir ao especialista para ter a causa diagnosticada e adequadamente tratada”, observou.

Rinite alérgica

Uma causa muito comum, segundo ele, é a rinite alérgica, um processo inflamatório que afeta entre 10% e 15% da população mundial. Diagnostica, é tratada a base de anti-inflamatórios. A rinite é causada por uma pré-disposição do indivíduo a elementos alérgenos do ambiente como os fungos (fatores biológicos), choques térmicos (físicos) e perfume forte ou fumaça de cigarro (químicos). É possível controlá-la com medicamentos, cuidados ambientais (se livrar dos fatores que lhe fazem mal), e a imunoterapia, que são vacinas que minimizam os efeitos da inflamação.

Outra causa que gera obstrução nasal é a sinusite infecciosa, que geralmente se instala no indivíduo depois de uma gripe ou de um resfriado. É reversível com o uso de medicamento adequado, segundo salienta Setton, aconselhando o uso do descongestionante na fase mais crítica, até que os antibióticos, os corticoides, possam atuam na causa base do problema.

“Entre as causas anatômicas, uma muito comum é o desvio de septo nasal e a hipertrofia dos cornetos nasais, que são estruturas que nós possuímos dentro do nariz com a finalidade de modular o fluxo aéreo. Então, quando elas estão fora do lugar ou muito atrofiadas provocam a obstrução nasal. O tratamento, neste caso, é cirúrgico”, atestou Setton.

O otorrinolaringologista afirma que não é proibido o uso do descongestionante nasal, embora ressalte que o grande problema do medicamento é que ele interfere no funcionamento do nariz, que é similar a um motor, que tem um ritmo próprio. Em condições normais sempre um lado mais estar mais aberto e o outro mais fechado e a cada três a seis horas o processo se inverte, ou seja, quem estava mais aberto fecha e vice-versa. Isso é a fisiologia nasal, que funciona dessa forma para que a pessoa tenha uma seletividade de fluxo, evitando o ressecamento.

“O que estou querendo dizer, em resumo, é que a obstrução nasal é um sintoma que decorre de várias causas e essas causas elas devem ser tratadas de modo isolado; que o uso de descongestionante nasal é apenas um paliativo, para uso pontual naquela fase mais crítica enquanto é tratada a sua verdadeira causa”, finalizou o médico.

Fonte: SES

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