Problema pode atingir de 20% a 40% da população (Foto: Assessoria de Thiago Santana) |
Você já ouviu falar na disfunção da articulação temporomandibular? Se não conhece, é bom ficar atento: é um problema que pode acometer até 40% da população e traz grandes prejuízos para a saúde, estética e convívio social da pessoa. Nossa equipe conversou com o cirurgião bucomaxilofacial Thiago Santana, que alertou sobre os sintomas, o tratamento e o que provoca a doença. Leia e saiba:
Portal Infonet – O que é a disfunção temporomandibular? Esse problema é comum?
Thiago Santana – A disfunção temporomandibular (DTM) é um problema que acomete a articulação que liga a mandíbula com o crânio, que possibilita que a gente mastigue, fale, ajuda na fonação. A ocorrência tem aumentado na população, vem sendo mais diagnosticada. Tem estudos que apontam variação de frequência de 20% a 40% da população. A incidência maior é nas mulheres, mas não é normal a pessoa tê-la.
Infonet – O que provoca a DTM?
TS – São vários fatores. Mordida errada, que no passado era mais considerada o fator, mas hoje a gente sabe que é a DTM pode provocar também. Tem o estresse, e nas mulhres alguns receptores hormonais nas articulações, que não tem no homem, fazem com que elas tenham mais. Tumores, cistos, desordens internas da articulação temporomandibular. Tem um disco entre a mandíbula e o crânio. Ele fica para a frente, e aí aparecem os sintomas, como dores e barulhos.
Infonet – Quais os outros sinais?
TS – Muitas vezes, as pessoas conseguem identificar por causa dores, incômodos e mudanças na mordida, que não é perceptível da noite para o dia. Vai ocorrendo ao longo dos meses e até anos. O mais perceptível é o ruído, seja com um barulho de estalo ou de crepitação, como se fosse barulho de areia. Esses são os principais motivos que fazem com que o paciente perceba o problema.
O médico Thiago Santana explica que a disfunção pode atingir até 40% da população (Foto: Portal Infonet) |
Infonet – Como é feito o tratamento? É preciso intervenção cirúrgica?
TS – A pessoa deve procurar ajuda sempre com um cirurgião dentista, mas sabendo, desde sempre, que ele não trata sozinho. O tratamento é escalonado: primeiro faz de forma conservadora com dentista, fisioterapeuta e até neurologista, para tentar controlar o problema e não deixar a doença agravar, degenerar. Infelizmente, os pacientes chegam na maioria das vezes quando já está em um estágio mais avançado, quando teria que fazer cirurgia.
Infonet – Quando se percebe que é necessário recorrer a uma operação?
TS – A cirurgia acontece quando o problema já está avançado, ou até quando não é muito grave, mas percebemos que o convencional não resolveria. Pedimos exames de imagem, como tomografia, ressonância magnética e aí a gente ‘fecha’ o diagnóstico. Após o procedimento, precisa-se continuar com o tratamento conservador, principalmente fisioterapia.
Infonet – Quais os outros problemas que esse entortamento do ‘disco’ pode trazer para o paciente?
TS – Um dos que a gente mais nota é a mudança na alimentação. A pessoa não come direito porque não consegue mastigar, aí já traz prejuízos no trato gastrointestinal. Há também a assimetria, um lado do rosto fica diferente do outro. Além da dor, a pessoa passa a ter dificuldades também no convívio social.
por Victor Siqueira