Relatório lançado pelo MPT debate a Citricultura em SE

O reitor da UFS, Angelo Roberto Antoniolli (Foto: Arquivo Portal Infonet)

Um em cada quatro trabalhadores da área da citricultura do estado de Sergipe possui doenças relacionadas ao desempenho de suas atividades agrícolas. É o que aponta o relatório “Estudo das Condições de Saúde e dos Ambientes de Trabalho na Citricultura no Estado de Sergipe”, que será lançado amanhã, 10, pelo Ministério Público do Trabalho em Sergipe (MPT/SE).

O evento será realizado no Auditório da Reitoria da Universidade Federal de Sergipe (UFS), no campus de São Cristóvão, às 8h. A instituição é uma das parceiras do MPT na pesquisa, cujos resultados e procedimentos também serão apresentados na forma de vídeo- documentário, que será lançado na mesma solenidade.

O relatório sintetiza o estudo iniciado pelo MPT em parceria com diversas instituições federais e estaduais no ano de 2012, para identificar em que condições sociais e econômicas estão inseridos os trabalhadores e produtores de laranja no estado, apontando os índices relacionados aos acidentes e às condições de saúde no trabalho citrícola. Além disso, também ganha evidência a avaliação dos efeitos do uso e manipulação de venenos agrícolas no corpo das pessoas envolvidas no processo da produção de laranja, inclusive no contexto da agricultura familiar.

O relatório elaborado pelo MPT e parceiros traz propostas que buscam a diminuição de acidentes e doenças decorrentes do trabalho na citricultura, assim como a criação de políticas e ações voltadas para melhoria das condições e dos ambientes de trabalho relacionados à produção da laranja em concordância com a Política Nacional de Saúde do Trabalhador e da Trabalhadora, instituída pelo Ministério da Saúde em agosto de 2012.

Diagnóstico
De acordo com o documento, a situação dos trabalhadores na citricultura sergipana é alarmante já que nenhum deles participou ou recebeu qualquer tipo de capacitação, treinamento ou informação relacionados à prevenção de acidentes ou cuidados a serem adotados na execução de suas atividades de trabalho, ou quanto à forma para execução das diferentes lidas agropecuárias.

As roupas de trabalho utilizadas também estão em desconformidade, sendo basicamente constituídas de camisa de manga curta ou longa e camiseta, calça ou bermuda, sandália ou botina, chapéu ou boné e em sua maioria sem uso de equipamentos de proteção individual, além de lavarem as roupas de aplicação de veneno juntamente com as roupas dos demais membros da família.

Além da coleta de dados sobre as condições de trabalho e de saúde dos trabalhadores, o MPT-SE e parceiros realizaram seminários voltados para as equipes públicas de saúde, em especial aos agentes comunitários de saúde e de combate às endemias, tornando-os multiplicadores desse conhecimento junto às comunidades que mais precisam.

Para o Procurador do Trabalho e coordenador do projeto, Adroaldo Bispo, “diante do preocupante cenário em que se encontram trabalhadores e produtores de laranja em Sergipe, o diagnóstico servirá também para que o MPT adote as medidas judiciais e extrajudiciais necessárias à imediata mudança dessa realidade, assegurando a todos um ambiente de trabalho saudável e seguro”.

Já o reitor da UFS, Angelo Roberto Antoniolli, acredita que o mapeamento dos riscos para os trabalhadores, realizado por profissionais do MPT em conjunto com estudantes e professores da Universidade, em especial os do campus de Lagarto, “é uma forma multidisciplinar de somar forças com instituições parceiras”. “O relatório servirá de base para o fomento de políticas públicas que protegerão o trabalhador, nas lavouras, e também o consumidor destes alimentos”, explica. O estudo realizou levantamento de campo em 250 estabelecimentos rurais nos municípios de Lagarto, Itabaianinha, Tomar do Geru, Salgado, Boquim, Cristinápolis e Umbaúba.

Fonte: Assessoria de Imprensa do MPT/SE e da Reitoria da UFS

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