AS PERIPÉCIAS DO ESPORTE SERGIPANO, 1ª Edição

Autor: Joel Batalha, Jornalista, Radialista, Advogado e Escritor

AS AVENTURAS DE PINGO DE LEITE
        

    Raimundo Macedo é um radialista que comecei a conhecê-lo e admirá-lo desde o início de sua brilhante carreira. Quando garotinho foi “palhaço de circo”, locutor de cinema, apresentando shows em sua cidade natal, Aquidabã. Veio morar em Aracaju, no dia da inauguração do Baptistão, em 9 de julho de 1969. Na Adolescência estudou no Colégio Estadual Atheneu Sergipense. Deu muito trabalho aos inspetores de alunos, “Seu Manézinho” e Nilson Barros. Era “gazeteiro”, faltava às aulas. Era também um emérito pulador de muros das escolas em que estudou. Iniciou na imprensa por indicação de Roberto Silva, em 2 de abril de 1975, no programa “Parada dos Esportes” da Rádio Liberdade, comandado por Carlos Batalha. Nesse mesmo ano, substituiu-me no Jornal da Cidade. Em 1977, estreou na TV-Atalaia, onde se encontra até hoje. O popular “Pingo de Leite” começou cobrindo o futebol de bairros na Liga presidida, ainda hoje, pelo desportista José Carlos de Andrade. Passou pelos jornais Gazeta de Sergipe, Jornal da Cidade e Tribuna de Aracaju. Na radiofonia, militou nas seguintes emissoras: Liberdade, Jornal e Difusora.  Foi um dos fundadores do Sindicato dos Radialistas do Estado de Sergipe, sendo seu presidente no período de 1988 a 1990.

          Atuando na equipe de esportes de Carlos Magalhães na Rádio Liberdade, Pingo de Leite foi trabalhar numa partida de futebol, complementando os lances. Magalhães narrava quando, em um dado momento perguntou a Macedo: “E aí…?”. Macedo respondeu: “Exato Magalhães”. Mais outro lance, Magalhães pergunta a Raimundo: “E aí…?”. Macedo: “Exato Magalhães”. No terceiro lance, numa bola pela linha de fundo, Magalhães indagou a Macedo: “E aí…?”. Raimundo: “Exato Magalhães”. Bastante chateado com o sempre “exato” de Macedo, Magalhães virou para ele e disse: “Você não acha que está dizendo muito ´exato´ Macedo?”. E Pingo prontamente respondeu: “Exatamente, Magalhães”.

          Relatou Pingo de Leite que, com a mudança de sigla FSD-Federação Sergipana de Desportos para FSF-Federação Sergipana de Futebol, houve muita confusão no futebol sergipano. Segundo ele, devido às mudanças, o Sergipe perdeu para o Confiança um dos seus melhores jogadores da época, Joãozinho da Mangueira. Para Pingo, o desportista José Queiroz da Costa, patrono do Itabaiana é o dirigente mais inteligente do futebol sergipano que ele conheceu, desde quando, tratando-se do seu clube, ele sabe agir de maneira sábia. Queiroz, primeiro faz irritar o seu adversário para conseguir a réplica e, com isso, obter a resposta desejada.

           Na década 90, comentou Macedo, que assistiu a um dos fatos mais tristes no futebol, foi quando o Sergipe jogou pelo Campeonato Brasileiro contra o Democrata em Governador Valadares, no interior mineiro. O presidente do time rubro, na época, era o desportista Paulo Germano, quando chegou um dirigente do time mineiro querendo subornar o clube sergipano, já que a derrota eliminaria a equipe da casa. Sabe o que aconteceu? O Sergipe já estava mantido para a segunda divisão. Aí, tudo bem. O fato ocorreu da seguinte maneira: o dirigente, na véspera do jogo, foi ao Hotel procurar a diretoria rubra, quando, de imediato, se deu de frente com o desportista Ramon Barbosa, presidente da delegação. O “homem da mala preta”, alegando que o Sergipe era um time problemático em termos financeiros e que o Democrata tinha tradição nas Minas Gerais, desejava manter o time mineiro na segunda divisão. Não gostando do assunto, Ramon Barbosa, bastante irritado foi enfático: “O que você quer finalmente?”. Respondeu o dirigente mineiro: “O Democrata paga as despesas, a hospedagem e dá um bicho aos jogadores”. Ramon: “Você pode sair com a sua maleta, vá embora, porque o Sergipe é um time de homem…”. O resultado do jogo foi 1 a 0 para o Sergipe, gol do atacante Dias.

         Um personagem que nunca deve ser esquecido no esporte sergipano, conforme Raimundo Macedo, é o desportista Geraldo Oliveira, que fez gerações de atletas, sacudindo o futebol em nosso Estado por mais de 40 anos. Quantos e quantos garotos se destacaram e hoje estão numa situação privilegiada, pois Geraldão tirou os mesmos da periferia, pobres, humildes. Levados para o esporte, cresceram e hoje são pais de famílias.

          Pingo de Leite, que iniciou no rádio numa época de ouro, comenta com muita tristeza que hoje as emissoras de rádios arrendam os seus departamentos esportivos e outros setores. Só quem sobrevive são os arrendatários. Para ele, é o maior mal do rádio brasileiro. Estamos caminhando para o fim do túnel. Hoje não se conhece mais o diretor comercial de uma rádio, seguindo a mesma frase costumeira: “pronto, aquele é o diretor geral e acabou”. A clandestinidade está invadindo a comunicação do rádio brasileiro e ninguém toma providências, lamenta muito, Raimundo Macedo

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