O LIVRO: AS PERIPECIAS DO ESPORTE SERGIPANO, 1ª EDIÇÃO
AUTOR: JOEL BATALHA, RADIALISYA, JORNALISTA, ADVOGADO E ESCRITOR
O TABARÉU FURIBA NAS PARADAS
Sua presença é indispensável, nas viagens em que o time de futebol da Associação dos Cronistas Desportivos de Sergipe faz no interior sergipano ou mesmo fora do Estado. Ele jogou na equipe de profissionais do América Futebol Clube da cidade de Propriá. Atuou, depois no Vasco Esporte Clube desta capital. Seu nome: Enéas Leite Santos, o popular Furiba. Hoje, é exemplar funcionário da TV-Atalaia.
Em 1974, Furiba estava começando a jogar futebol. Saiu do povoado “Sordeiro”, município de Neópolis, para jogar no América. O dirigente, Durval Feitosa, grande baluarte do futebol propriaense, passando num domingo, à tarde, por Sordeiro, viu e ficou entusiasmado com Furiba jogando pelada. Feitosa procurou Furiba e deu-lhe 10 cruzeiros para que ele pudesse se apresentar na segunda-feira, para treinar no América. Bastante alegre, quando chegou em casa, Furiba, num tom bem alto, seu estilo de falar, disparou: “Mãe, o homem me deu 10 contos para eu se apresentar no Amélca de Propriá”. Feliz em ver o filho alegre, a mãe logo tratou de arrumar uma velha mala de couro, colocando cuecas velhas, bermudas, travesseiros,etc. O pai de Furiba, conhecido por “Kirk Douglas” acertou todos os detalhes. Às 5 horas da manhã, Furiba seguiu para o ponto da marinete. Minutos após, chegaria o transporte coletivo. Furiba perguntou ao motorista se a marinete iria para Propriá. O motorista respondeu que sim. Furiba disse: “Abra o bagageiro aí”. O cobrador, muito folgado, respondeu: “Certo e bote a mala e entre”. Furiba cumpriu as determinações do cobrador, entrando juntamente com a mala no bagageiro. Quando a marinete chegou em Propriá o cobrador abriu o bagageiro, de onde saiu Furiba todo sujo de poeira. No América, treinou, agradou e foi contratado.
O América foi disputar o Torneio Alagoas e Sergipe-ALAGIPE. O jogo foi em Propriá contra o Centro Sportivo Alagoano-CSA que, naquela época, tinha como atrações Bibiu que jogou no Atlético mineiro e Corinthians, Paranhos e Canhoteiro. Bibiu era um zagueirão. Tinha um corpo de “guarda-roupa”. Num lance isolado, Bibiu, cheio de manhas, chegou perto de Furiba e disse: “Saia daqui juvenil!”. “Qual é juvenil?”, respondeu Furiba, e foi logo perguntando: “Você jogou adonde?”. Resposta de Bibiu: “Joguei no Atlético Mineiro, na Portuguesa e no Corinthians”. Furiba resmungando, afirmou: “Me humilhou”. De bate- pronto, Bibiu perguntou a Furiba: “E você, juvenil ousado, jogou em quais clubes?”. Furiba: “Joguei no Internacional, Botafogo, Flamengo e Palmeiras”. Bibiu, muito invocado, perguntou: “De onde? Furiba: “daqui de Propriá”.
Mais outra: Furiba, já “cobra criada” do América, sempre nas andanças com os colegas Manga e Pereirinha, estavam amigos. Eles faziam treinamentos físicos. Saiam da sede do América, anexo ao Estádio José Neto, quase diariamente, para percorrer 10 ou 12 quilômetros. No trajeto existia o Tiro de Guerra e em frente ficava o Hospital da cidade de Propriá. Os três corriam, de ida e volta, ouviam ecoar uma só frase, oriundo do Tiro de Guerra: dezesseis, dezesseis, dezesseis.
Bastante irritado, Furiba chegou para Manga e Pereirinha e disse: “Estou invocado em ouvir todos os dias aquele cara dizer: dezesseis, dezesseis, dezesseis”. Certo dia, o trio retornou pelo mesmo trajeto, quando Furiba com sua voz de comando afirmou: “Vamos parar. Vou ver quem é este cara que diz, todos os dias, dezesseis, dezesseis, dezesseis”. Furiba pediu o “pé de ladrão” e foi olhar o que acontecia atrás do muro. O que aconteceu? Furiba recebeu um certeiro murro no rosto, quando o cara do outro lado saiu com esta: “Dezessete, dezessete, dezessete”. Foi tirar uma de abelhudo e levou a pior.
Furiba, jogando no América, serviu no Tiro de Guerra de Propriá e tinha seus privilégios, só porque jogava futebol. Serviu como soldado. Mesmo assim, todos os dias, o comandante recebia de alguns graduados, reclamações de Furiba. Mas não adiantava. Ele era mais sabido que os outros companheiros de farda. Tinha em seu poder, coturnos, camisas, calças, tudo novinho. Aos demais não adiantava reclamar. Furiba nunca foi “puxa-saco”. Todos nós, que o conhecemos, sabemos disso. É um gozador. Sempre se virou, malandro todo. Num certo dia, o comandante da Companhia reuniu os seus subordinados e disse: “Soldado Enéias, um passo à frente”. “Pois não, comandante, às suas ordens”, respondeu Furiba. O que o Comandante queria era liberar Furiba, pois o mesmo detinha privilégios para treinar e jogar no América. Se não respondesse, não seria liberado. Novamente o Comandante: “Soldado Enéas, prove que você é um dos mais estudiosos e inteligentes deste Tiro de Guerra, respondendo-me à seguinte pergunta: quem foi o patrono do Exército Brasileiro?”. Resposta de Enéias, dando uma risada: “Pois não, Comandante, às suas ordens. Ordene. Esta pergunta é fácil demais”. O comandante interveio, muito orgulhoso, dizendo: “Responda logo, soldado Enéas?”. Enéas: “É o Chicão, cabeça de área do São Paulo”. O soldado Enéas, devido a falta de atenção, não ouviu bem a pergunta. O comandante não gostou da resposta do seu “peixe” e repetiu novamente a pergunta. O soldado Enéas, que não era fácil, enrolado mais que arame farpado, respondeu bastante consciente: “Desculpe, meu comandante, o patrono do Exército chama-se Duque de Caxias”. Enéas, o Furiba, finalmente foi liberado.
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