Subvenções: réus fazem acordo e abrem o jogo

Delegada Danielle Garcia e Ygor: silêncio (Fotos: Portal Infonet)

Os advogados de defesa entram em conflito, mas prevaleceu o interesse da família e o ex-deputado estadual Raimundo Vieira, o Mundinho da Comase, abriu todo o jogo, revelando ao Ministério Público Estadual como efetivamente funciona o esquema para distribuição das verbas de subvenção na Assembleia Legislativa de Sergipe.

A delação premiada foi homologada no início da tarde desta quinta-feira, 30, na sede do Ministério Público Estadual, com autorização da Procuradoria Geral de Justiça (PGJ), atendendo preceito da legislação brasileira.

Além do ex-deputado, também assinaram a delação premiada o professor Augifranco Patrick de Vasconcelos, presidente da Associação Ala Jovem de Lagarto, que movimentou cerca de R$ 3 milhões em conta bancária pessoal, e o irmão dele, Ygor Henrique Batista de Vasconcelos, acusado de simular contratos para garantir repasses irregulares das subvenções.

O ex-deputado Mundinho da Comase e o professor Augifranco Patrick foram os primeiros a chegar à sede do Ministério Público Estadual e prestaram os primeiros depoimentos, ratificando as versões que apresentaram na quarta-feira, 29, na sede da Delegacia Especializada de Combate a Crimes Contra a Ordem Tributária e à Administração Pública (Deotap).

João Góes: interesse na confissão e pressão alta

Pouco antes do meio dia, Ygor chegou ao MPE acompanhado da delegada Danielle Garcia, titular da Deotap, que está conduzindo as investigações no âmbito da polícia civil. Eles entraram pela porta central do MPE, tentando driblar os jornalistas que aguardavam o desfecho no hall da instituição e ambos se recusaram a prestar esclarecimentos à imprensa.

A delação premiada foi homologada no início da tarde com a autorização do procurador geral de justiça Rony Almeida, que designou o promotor de justiça Henrique Cardoso para representá-lo, segundo informações do advogado Valter Neto, que defende Mundinho da Comase.

Conflito

Os advogados que assistem o ex-deputado Mundinho da Comase entraram em conflito quanto à delação premiada. O advogado Valter Neto orientou Mundinho a emudecer perante à autoridade policial e aos promotores de justiça que acompanham a investigação. Mas o outro advogado, João Góes, defendeu o instrumento da delação como a melhor solução para libertar o ex-deputado das grades.

Valter Neto: divergência na delação

Durante a audiência, o advogado João Góes passou mal e recebeu assistência na própria instituição. Segundo Valter Neto, o colega de profissão sofreu alteração na pressão arterial. Neto garantiu que logo a saúde do advogado foi restabelecida e os procedimentos tiveram continuidade. “Houve um conflito sim entre nós advogados”, admitiu Neto. “A minha orientação sempre foi para que ele ficasse calado, mas o doutor Góes é parente dele e ele [o ex-deputado] também quis confessar, as outras pessoas também quiseram confessar, então não tinha outra forma”, complementou.

Pouco depois do meio dia, o advogado Valter Neto saiu da sala de audiência, onde a delação premiada estava sendo homologada, longe dos jornalistas, e desceu ao pavimento térreo para conversar com os jornalistas. Ele criticou o instrumento da delação premiada, mas o legitimou, entendendo que os trâmites transcorreram dentro dos aspectos legais. “A coação está na lei. A culpa não é do delegado, nem do promotor nem do juiz. A culpa é do legislativo que fez a lei errada. Só deveria haver delação premiada de réu solto”, explicou o ponto de vista que o faz divergir da lei que institui a delação premiada como instrumento de prova na investigação criminal.

Por Cássia Santana

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