Dezoito anos após “Viagem Cigana”, o primeiro disco, o Cata Luzes lança o CD “Sangue D”Alma”

Dezoito anos após “Viagem Cigana”, o primeiro disco, o Cata Luzes lança o CD “Sangue D”Alma”, gravado no Rio de Janeiro. O grupo, formado por Valdefrê, Cláudio Miguel, Tonho Amaral e Oswaldo Gomes, ressurge com um trabalho mais amadurecido, fazendo um casamento perfeito entre melodia, harmonia, ritmo e poesia. E conta ainda com participações de consagrados músicos, a exemplo de Paulo Moura, Ruy Quaresma, Cristóvão Bastos, Joel Nascimento e Rildo Hora. ‘Relógio Solar’ abre o CD, mostrando a musicalidade de Valdefrê, o lirismo futurístico de Tonho Amaral e a evolução interpretativa de Cláudio Miguel; um vento novo vem me dizer/ que a deusa terra vai adormecer. Em seguida vem ‘Rosa Camponesa’, onde a delicadeza poética de Paulo Maia é perfeita para a bela música de Valdefrê, que une o seu violão aos de Cláudio Miguel e Ruy Quaresma, brindando o ouvinte com um magistral concerto popular. ‘Sangue D”Alma’ é a terceira faixa. A quarta é a gostosa salsa/merengue ‘Donde Estarás?’ O blues está presente na quinta faixa; Hoje vou tocar um blues/ cheio de acordes crus/ não resisto de jeito algum/ de beijar o seu ventre nu. O chorinho ‘Noz-Moscada’ tem uma melodia que lembra gafieira e uma letra divertida; Numa sexta-feira treze/ tava de cabeça inchada/ na quebrada da madruga/ pixilim e noz-moscada. ‘Cana Caiana’ é a sétima faixa. ‘Navio da Meia-noite’ é a oitava; Tá na terra/ o coração da terra também tá no mar/ tá na pedra/ o coração da pedra tá também no ar. ‘Como Antigamente’, já bastante tocada em shows, foi transformada em um gostoso rock diet, onde a guitarra de Oswaldo Gomes faz dueto com a harmônica de Rildo Hora, dando uma nova vida à música de Valdefrê; Sentado na calçada velha/da igreja velha/ escutando aquele velho/contando estória velha do interior. A faixa dez é ‘Estrada do Passado’. O fado ‘Porto das Veias’ é uma grata surpresa, valorizado pela interpretação segura de Cláudio Miguel; Quem me sacia?/ quem me incendeia? meu coração é um porto de veias. A faixa doze, ‘Curral de Sombras’, lembra uma trilha musical dos antigos faroestes italianos e ‘Bambaquerê’ fecha o CD. É uma música que pode muito bem ser tocada no carnaval (outra surpresa), porque tem uma melodia contagiante e um refrão fácil de ser decorado; Bumba meu boi bambá/ bumba meu boi bambá/bumba meu boi querê/ querê bambá. Fiel à sua linha, o Cata Luzes ignora as modas do mercado e segue fazendo música de boa qualidade. Por isso, valeu a pena esperar tanto tempo. “Sangue D”Alma” é um dos melhores discos dos últimos anos. Por Ailton Cardoso

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