Secretário acusa HGJAF de se fazer de “coitadinho”

Promotores buscam uma solução para falta de remédios
O que era para ser apenas mais uma reunião de ajustamento entre o Ministério Público de Sergipe (MP/SE) e entidades que trabalham com a Oncologia em Sergipe, se tornou uma reunião recheada de cobranças e revelações. Na manhã de hoje, o MP/SE, juntamente com o secretário de Saúde do Município, Rogério Carvalho; o representante do secretário de Saúde do Estado, Carlos Magno; além de representantes do Hospital Cirurgia e da Avosos se reuniram para por um ponto final na situação da falta de remédios nos centros de Oncologia para crianças com câncer.

 

Esta é a terceira audiência para tratar do mesmo assunto. A promotora Maria Conceição de Figueiredo iniciou a audiência dizendo que aquela seria apenas mais uma tentativa de chegar a uma solução. Porém, ressaltou que aquela não seria uma solução definitiva para o assunto e que havia muito o que ser resolvido.

Conceição Figueiredo
Dito e certo: à medida em que os representantes iam justificando a falta de medicamentos, novas situações eram descobertas.

 

O secretário Rogério Carvalho, por exemplo, deixou claro que “o Hospital João Alves não pode ficar se fazendo de coitadinho” e que possui muitos problemas de ordem administrativa. Do outro lado, Magno aproveitou para tecer críticas ao hospital de Cirurgia. A questão se intensificou a partir do momento em que Carvalho fez um discurso acalorado sobre a questão das pelejas entre Prefeitura Municipal e Governo do Estado, acrescentando que cada uma das partes tem que assumir seus erros.

 

Rogério Carvalho
A REUNIÃO – A reunião começou com a proposta do Governo do Estado para a resolução do problema. Na última reunião do MP, realizada dia 10 de março, ficou decidido que a Secretaria de Estado da Saúde iria realizar um levantamento sobre a situação e levar uma proposta de solução emergencial para a falta de medicamentos para pacientes com câncer.

 

Carlos Magno propôs que fosse providenciada uma licitação, em oito dias, para a compra de medicamentos para os próximos quatro meses. Além disso, ainda será lançada uma outra licitação com o objetivo de efetuar a recepção de remédios para o restante do ano.

 

Já o secretário de Saúde Municipal propôs que o município assumisse a pró-gestão do hospital Cirurgia até o dia 1º de abril, prazo que pode ser prorrogado por mais 30 dias, com o objetivo de reorganizar os serviços de Oncologia da unidade hospitalar. Ficou decidido, ainda, que o Hospital se comprometesse a enviar, semestralmente, um relatório do funcionamento para o

Lilian Mendonça
Ministério Público, que será divulgado através da Internet.

 

ACUSAÇÕES – De acordo com o secretário Rogério Carvalho, o problema tanto do Cirurgia, quanto do Hospital Governador João Alves Filho (HGJAF) são de base administrativa, e não financeira. “A área não possui crise de estrangulamento. O que há é um desrespeito  ao protocolo”, disse Carvalho.

 

Para tentar contornar os problemas a que se referia, o secretário convidou os promotores a acompanharem o projeto global de reestruturação do Hospital, que será posto em prática pela Secretaria Municipal. “Já estamos acompanhando”, retrucou a promotora Miriam Cardoso, “mesmo que extra-oficialmente, mas acompanhamos a questão da Saúde há algum tempo, o que não significa que teremos que interferir”.

 

Rogério continuou seu discurso com uma sairavada de acusações: primeiro ele disse que no Cirurgia não havia formação de filas de espera. “Quem define a prioridade é a proximidade que o paciente tem com o médico”, afirmou e, depois, disse que era apenas um “gerente do sistema” e que não tinha poder para mudar a situação. “E quem tem, secretário?”, perguntou o promotor Sílvio Matos. “Chegamos a um limite de resolução dos problemas de atendimento hospitalar”, respondeu o secretário.

 

O próximo alvo foi o HGJAF. “Há uma série de problemas: a urgência, a oncologia, as enfermarias

Miriam Cardoso
etc”, destacou o secretário de Saúde de Aracaju. Quanto ao atendimento do município, Carvalho disparou: “Não é tradição médica trabalhar com a lei. Haveria uma convulsão se nós fizéssemos um chamamento público”, garantiu.

 

O ponto máximo veio quando o secretário começou a cobrar da administração do HGJAF a saída da posição de vítima: O HGJAF tem incompetências, má-administração. Tenho me segurado por uma questão de ética para não dizer isso. Vamos ser honestos, o João Alves não é coitadinho. Vamos ter coragem: nós tomamos uma medida extremamente impopular, acabamos com os Pronto-Atendimentos da capital porque eles estavam matando pessoas. Vou dizer uma coisa: o PA do Augusto Franco atende quase o

Sílvio Matos
mesmo número de pessoas que a urgência do João Alves e a gente não fica se fazendo de coitadinho”, desabafou o gestor em um tom de revolta.

 

A conclusão da reunião foi uma resposta tímida de Carlos Magno, que disse se sentir um réu acusado e sem direito à defesa. Porém, o representante do secretário estadual logo retomou seus argumentos, dizendo que procurou Rogério Carvalho para acertar detalhes sobre a melhoria do sistema de Saúde. “As pessoas querem um enfrentamento entre a PMA e o Governo do Estado. O que nós queremos é o cumprimento dos papéis dos órgãos”, garantiu.

 

Ao final, os promotores solicitaram que tanto a Secretaria do Município quanto a direção do Cirurgia entregassem um relatório sobre a situação do hospital, além do planejamento da entidade hospitalar para 2005. O HGJAF entregou o relatório na manhã de hoje. A promotora Maria Lilian Carvalho também participou da reunião e lembrou a todas as partes que o não cumprimento do estabelecido seria passível de multa. O Ministério Público afirmou que vai acompanhar, de perto, o cumprimento das ações acordadas.

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