Alergista destaca tratamento da alergia infantil à proteína do leite

A alergia à proteína do leite de vaca tem a sua evolução natural e habitualmente é curada com a progressão dos anos, conforme salientou a especialista (Foto: Flávia Pacheco)

Nos dias atuais é muito comum os bebês apresentarem reação adversa ao consumirem leite de vaca. Isso é um tipo de alergia alimentar, mais especificamente alergia à proteína do leite de vaca, um quadro que vem aumentando nos últimos anos, segundo atesta a alergista e coordenadora do Núcleo Estadual de Alergia Alimentar, Jaqueline Mota Franco, informando que esse tipo de reação não está relacionada ao alimento em si, mas a uma característica do indivíduo de responder a ele com um mecanismo imunológico.

As manifestações clínicas são bem diversas e todos os sintomas presentes na alergia alimentar se assemelham aos de outras doenças. O que pode levar a uma suspeita de uma alergia alimentar? “Às vezes isso é muito fácil. Quando se come camarão e automaticamente o lábio inchou, por exemplo, o corpo começa a coçar, surgem placas avermelhadas na pele. Mas às vezes não é tão fácil assim e este é o caso da alergia à proteína da vaca, que apresenta sintomas variados”, explica a especialista da Secretaria de Estado da Saúde, Jaqueline Franco.

“A alergia à proteína do leite de vaca é mais comum nos lactentes (recém-nascidos) e nas crianças abaixo de cinco anos de idade, principalmente nos dois primeiros anos porque o leite é o primeiro alimento a eles apresentado. Quanto aos sintomas da alergia, há os gastrointestinais, respiratórios, cutâneos e até o mais grave como a anafilaxia, que é uma reação sistêmica que pode causar manchas na pele, queda de pressão, desmaio e sufocamento”, relacionou a alergista.

Jaqueline Franco orienta que quando os pais suspeitarem da possibilidade de uma alergia à proteína do leite de vaca, antes de adotarem qualquer  conduta, que pode não ser adequada à faixa etária que a criança vive, devem procurar assistência médico e o profissional, por sua vez, achando necessário poderá encaminhá-los ao especialista ou ao Núcleo de Proteína do Leite de Vaca, que funciona no Hospital Universitário, há 13 anos.

Os sintomas do trato gastrointestinal se manifestam em forma de cólica, refluxo, irritabilidade, choro, redução do ganho de peso, vômitos e diarreia; os cutâneos através de placas avermelhadas, urticária, inchaço das pálpebras ou dos olhos; e os respiratórios, que são tosse, coriza e espirro, embora não sejam tão comuns, mas podem acompanhar os sintomas dermatológicos ou gastrointestinais.

“São sintomas presentes em outras doenças, mas é o conjunto deles que nos faz levantar a suspeita. Por isso é que todas as vezes que você tem a suspeita de uma alergia alimentar à proteína do leite de vaca, você suspende o alimento para avaliar se houve melhora dos sintomas clínicos, reintroduzindo o alimento depois para que se faça a confirmação do diagnóstico”, ensinou.

A cura

A alergia à proteína do leite de vaca tem a sua evolução natural e habitualmente é curada com a progressão dos anos, conforme salientou a especialista, informando que a alergia se tornou cada vez mais persistente. “Mas ainda tem cura espontânea”, afirmou ela, indicando como terapia o acompanhamento dos pacientes pelo médico especialista para estar sempre avaliando a evolução da doença e detectar em que momento a cura chegou.

Ela alerta para os efeitos colaterais da doença. Segundo Jaqueline Franco, é importante sempre se preocupar com a troca do leite de vaca por um alimento que atenda as necessidades calóricas, proteicas e de micronutrientes para que a criança não tenha deficiência de cálcio, de ferro e de vitamina D. “Que não se faça trocas, por exemplo, do leite de vaca pelo leite de cabra ou pelas bebidas de oleaginosas, como as feitas de quinoa, arroz e castanhas, principalmente na alimentação de crianças abaixo de dois anos, porque elas não são ajustadas às necessidades dietéticas da criança neste período da vida”, aconselhou.

Causas

Segundo a especialista, acredita-se que existam fatores genéticos que, interagindo com determinados fatores ambientais, possam fazer com que a pessoa expresse ou não a alergia alimentar. O número de casos vêm aumentando e não se sabe ao certo o porquê disso. “Embora a comunidade científica esteja sempre em busca de hipóteses que justifiquem o aumento na frequência da alergia alimentar, ainda não existe uma explicação única para isso”, disse.

Fonte: ascom SES

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